O longa-metragem “Pecadores” estreia nesta quinta, 17, nos cinemas. O diretor Ryan Coogler, conhecido por “Pantera Negra” e “Creed – Nascido para Lutar” faz estreia no gênero do terror com confiança cirúrgica. “Pecadores” consegue equilibrar cenas de tensão, momentos dramáticos e sequências de horror sem perder o ritmo, usando enquadramentos amplos e uma fotografia em grande formato que realça cada gota de sangue e cada acorde de blues com perfeição.

Escrito pelo próprio Coogler, “Pecadores” tem um texto afiado que amarra pontas soltas com a precisão de um solo de guitarra: a transição de drama histórico para horror sobrenatural flui sem tropeços. A analogia entre vampiros e o racismo institucionalizado em pleno regime de segregação ganha força com diálogos carregados e cenas emblemáticas que transformam seres sedentos por sangue em símbolos de opressão cultural e social.

Não é de hoje que vampiros funcionam no cinema como reflexo da sociedade e suas tensões. Essas criaturas se tornam espelhos perfeitos das feridas raciais: sedutores, predatórios e imortais, em “Pecadores” eles escancaram a violência contra negros e a exploração de talentos artísticos, numa crítica mordaz que dialoga com o passado e ecoa no presente.

Entre tiroteios, diálogos afiados e uma dose generosa de humor ácido, “Pecadores” exibe ecos do estilo de Quentin Tarantino — com bons diálogos e violência estilizada — e chega a lembrar “Um Drink no Inferno” (1996), de Robert Rodriguez, especialmente em uma sequência de tirar o fôlego.

O ator Michael B. Jordan rouba a cena em dose dupla como os irmãos gêmeos Fumaça e Fuligem, entregando nuances distintas para cada personagem — do carisma do gângster que retorna de Chicago à angústia do veterano de guerra em busca de redenção. Ao seu lado, Hailee Steinfeld mostra versatilidade, Wunmi Mosaku empresta intensidade dramática e o novato Miles Caton encanta como o primo músico que coleciona sonhos de uma vida melhor graças à carreira artística.

O design de produção recria com riqueza de detalhes o Mississippi de 1932, enquanto os efeitos visuais — do brilho do sangue à transformação vampírica — são incrivelmente realistas. A fotografia em 35 mm mescla grão e luz natural, criando um contraste sombrio e austero que lembra grandes clássicos do terror e obriga o espectador a conferir “Pecadores” na melhor e maior tela de cinema disponível.

A trilha sonora é de tirar o fôlego, encapsulada em blues autêntico funciona como personagem extra: cada solo de guitarra e lamento da vertente musical criam tensão e melancolia, elevando a atmosfera a um deleite sonoro que casa perfeitamente com a ação em tela.

Violento, sexy e vibrante, “Pecadores” é praticamente um clássico moderno que une horror, drama e música de forma ímpar. Se você curte histórias carregadas de metáforas sociais, cenas de forte impacto visual e um clima de pulsante, vá ao cinema conferir um longa-metragem que com certeza figurará nas listas dos melhores de 2025.

Para os pacientes, após os créditos, há uma cena bônus que amplia ainda mais o universo do filme, preparando terreno para possíveis expansões ou reflexões adicionais.