O bom e ‘velho’ aracnídeo da Marvel está de volta em “Homem-Aranha: Longe de Casa”. Após assisti-lo, só me resta uma coisa a fazer, me espelhar no meme a seguir.

Não é preciso muito esforço para escrever sobre o segundo filme, do segundo reboot, baseado no personagem do Homem-Aranha – alter ego de Peter Parker –. Criado na década de 60, pelo editor Stan Lee e pelo artista Steve Ditko, sem dúvida o ‘cabeça de teia’ é um dos mais queridos do universo imaginado e gestado pela Marvel, seja nos quadrinhos ou cinema.

O diretor Jon Watts que já havia assumido a função em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” (2017), ao assumir este projeto, reafirmou várias decisões ousadas em conjunto com Kevin Feige – manda chuva no UCM* – e com os roteiristas em relação ao mundo do Spider-Man. Muitos fãs tem criticado a falta de citações ao tio Ben ou Norman Osborn; a formosura e jovialidade de tia May; uma ‘nova’ MJ; e a indefinição sobre o sentido de aranha y otras cositas mas. O incômodo de uns é a alegria de outros, não sou purista ao ponto de criticar mudanças e/ou alterações a esse nível, geralmente elas me agradam.

É notório assumir que tudo envolve o *Universo Cinematográfico da Marvel, leia-se decisões, envolve o superlativo, pois se trata de uma busca incessante pela rentabilidade e por que não por boas resenhas? Em um exemplo mais recente com “Vingadores: Ultimato” que quase se tornou a maior bilheteria de todos os tempos, batendo na trave, mantendo-se com folga no segundo lugar e ficando muito perto da primeira posição, além de obter no Rotten Tomatoes – site agregador de resenhas – uma taxa de aprovação de 94%. A partir deste pensamento, vamos voltar ao caso do ‘Spidey’, o “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” custou US$ 175 milhões e faturou US$ 823.8 milhões, não bastando lucrar quatro vezes mais, ainda acumulou uma de aprovação de 92% no referido site, sendo assim, as mudanças se auto explicam e nem venha com o famoso ditado popular que toda unanimidade é burra, pois neste caso não se aplica.

Vamos ao plot: Peter Parker (Tom Holland) em viagem pela Europa com os amigos de escola se vê obrigado a enfrentar seres elementais, guiado pelo insistente e metódico Nick Fury (Samuel L. Jackson) e com a contribuição de Mysterio (Jake Gyllenhaal).

É preciso dizer que a sombra de Tony Stark é de fundamental importância na história, mas o tributo em momento algum soa forçado ou cansativo; e as piadas que dão o tom durante toda a projeção talvez incomode um pouco quem não conhece as galhofas dos quadrinhos do ‘Aranha’.

A química dos atores juvenis é ótima, Holland mais uma vez se destaca no papel de Parker; assim como Ned Leeds (Jacob Batalon) no alívio cômico e Michelle “MJ” Jones (Zendaya ), com sua aura blasé e inteligente. Da velha guarda de atores: L. Jackson e Gyllenhaal dispensam elogios, aliás, no caso deste segundo, é inadmissível que até hoje ele não tenha um lugar de destaque nas premiações que envolvem Hollywood.

Será preciso falar da parte técnica? Atualmente os filmes estão cada vez mais precisos no trabalho de tornar crível o que testemunhamos na tela, e neste caso não é diferente. Em relação à trilha sonora tenho algumas observações, para a instrumental – score –, Michael Giacchino, repete o ótimo trabalho da primeira produção com o personagem. Agora quando o assunto é a trilha musical, adorei as escolhas, da galhofa com Whitney Houston à passagem da turma de estudante por alguns países, com a música instantaneamente remetendo a estes, por exemplo, quando desembarcam na Itália, ouve-se uma música italiana, precisamente a artista MINA, como “Amore di Tabacco”. Anda no assunto trilha: a piada com o AC/DC é sensacional; mais uma vez temos uma canção dos Ramones, a clássica “I Wanna Be Your Boyfriend”; e infelizmente não temos a maravilhosa ♪♫ “Spiderman, Spiderman, friendly neighborhood, Spiderman. Wealth and fame, he ignores, action is his reward. To him, life’s a great big bang up, whenever there’s a hang up, you’ll find the Spiderman!” ♫♪

Para arrematar este texto gigante, “Homem-Aranha: Longe de Casa”, respeita o passado, diverte no presente e propõe novos rumos no futuro do personagem. A produção é muito sensível ao apresentar o embate de gerações e as angústias com o choque de realidade da vida, trazendo reflexões sobre responsabilidades, obrigações, o papel frequente imersivo e escravizador da tecnologia e a derrocada causada por fenômenos graves como a fake news.

Apesar de parecer um filme voltado para o público juvenil, é um filme que agrada a todos os membros da família, pois mostra que os desafios são perenes e a cultura do espetáculo precisa privilegiar a qualidade ao invés da quantidade.

Transitando em uma rota excelentemente pavimentada, confiro a “Homem-Aranha: Longe de Casa” uma nota 8.3!