Brasília é uma cidade que desde sua criação extrapola os limites da racionalidade e se entrega à arte. Uma arte anunciada em 1883 pelo sonho de Dom Bosco, construída a partir de 1956 graças à paixão de Juscelino Kubistchek, a demarcação de nossos limites pela Missão Cruls, o esmero criativo no trabalho de profissionais como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Athos Bulcão e o esforço múltiplo dos milhares de operários que colocaram a mão na massa.
Em 21 de abril de 1960, Brasília tornou-se a capital do país, assim, sua poesia arquitetônica de curvas e retas notadamente sem esquinas, bem como o tédio, findaram por inspirar as pessoas. Uma cidade que estimulou a carreira célebre de nomes como Ney Matogrosso e Os Paralamas do Sucesso, que desabrocharam no Rio de Janeiro, mas mantiveram afinidade com a Brasília. Uma cidade que revelou pintores, poetas, escritores, fotógrafos, atores, diretores e até arquitetos – por que não? –, tudo em nome da beleza da arte.
Uma arte que além das categorias artísticas citadas, instituiu a vocação emocionante, inspiradora e certeira para a música, passando pela MPB de Célias, Ellers e Ellens, do rap e hip-hop de GoGs e Vielas, o virtuosismo quase orquestral de Rênios e Hamiltons e a doçura de Matos e Ciprianos. E a nossa historicidade musical não seria completa sem a genialidade do nosso rock.
O roquenrol estimulante, efervescente e perturbador da ordem encapsulado por arranjos e letras indefectíveis que gritavam também pela justiça social, elevou Brasília ao topo da pirâmide do rock brazuca. O messianismo da Legião Urbana, o punk da Plebe Rude e o pop íntegro do Capital inicial, e muitas outras bandas como Finis Africae, Escola de Escândalos e Detrito Federal demonstraram nossa verve visceral Brasil afora.
Após a profusão dos anos 80, a década de 90 ainda nos brindou com outros destaques como Raimundos, Maskavo Roots, Little Quail and the Mad Birds, Cabelosduro e Nativus “Natiruts”. Não importa a vertente, no mundo rock, Brasília nos representa, simples assim.
Estamos no aguardo do terceiro boom, que irá sacudir o país e nos manter na posição de vitrine. A cidade que completa 55 anos ainda tem a vocação para rockear, segundo critérios proporcionais de quantidade e qualidade, temos um imenso número de bandas prontas para detonar. Basta citar atuais de sucesso nacional como Móveis Coloniais de Acaju, Scalene e Dona Cislene. Além destas, poderia passar o resto do dia citando outras, como ETNO, Darshan, Madrenegra, Na Lata, Trampa, Adriah, Celso Salim, Distintos Filhos, Rocan, Arandu Arakuaa, High Head Hunters, Galinha Preta, Evil Rock, The Egoraptors, Phrenesy, Moretools, Optical Faze, Planalto Central, Willie Ortros e os Cães, Pelicanos da Lua, Casacasta, Saurios, Bruto, Elffus, Mariana Camelo, Bad Salad, Deceivers, ALF, The Neves, Red Old Snake, Lost in Hate, Totem, The Barbiras, D.F.C., Rios Voadores, Penúria Zero… Enfim, eu avisei que eram muitas. Não citei nem 10%.
Parabéns Brasília, brasilienses, candangos e congêneres pelos 55 anos. Parabéns aos artistas e produtores culturais que fazem desta uma cidade melhor. Ainda somos novos, temos potencial natural para o destaque em todas as áreas, basta os políticos terem responsabilidade e o cuidado e a vigília de nós moradores. #amobrasília #amebrasília #vivabrasília
Leia aqui e aqui dois outros textos comemorativos de aniversários de Brasília.
Bem, se liga e ouça o grito que vem de todos os cantos desta cidade! #valorize
Abaixo, uma playlist de bandas da cidade via Spotify, organizada com esmero pelo amigo Tiago Palma, baterista da banda ETNO. Divirta-se! Just push play!
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