“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-la” (Voltaire)
Com o falecimento da Srta. Amy Casa de Vinho, no último sábado (23/07), constatamos mais uma vez via Twitter, que o respeito é algo aritmeticmente impossível, graças a tão desejada diversidade.
O Twitter as vezes me lembra o Afeganistão, onde todo mundo é amigo, até que alguém entre na fronteira do outro, aí começam as síndromes de invadido e invasor, e haja cidadão do Turcomenistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Paquistão. O “tiro” está garantido para tudo que é lado. O problema é que a grande maioria está errada, porque quem fica “puto” com um comentário de hoje, foi alguém que deixou ontem, alguém “puto” com um comentário que fez.
A “merda” é cíclica e o ser humano falho. Só que poucos reconhecem isso, e vivem só do momento, e o pior, apenas do seu momento. É uma contabilidade que não fecha nunca, justamente por causa da tal buscada diversidade. Essa palavrinha bonitinha, somada a tal máxima do “politicamente correto”, gerará conflitos sempre. E sabe porque? Por que ninguém está preparado para ouvir a opinião do outro. Então ao assumir a postura diversa e ser politicamente correto, significa objetivamente viver com a censura, ouvindo apenas o que quer, e nunca estar preparado e aberto ao debate. #SimplesAssim
No acompanhamento das tuitadas pró e a favor da Amy Winehouse, percebi uma coisa interessante, grande parte dos indignados com as piadas e críticas acerca do trabalho musical e da carreira – sem trocadilhos – da defunta, foram os que replicaram a mesma atitude condenável na morte do “metaleiro” Ronnie James Dio em maio do ano passado e pasmem, brincaram até com a situação catastrófica ocorrida no Japão neste ano. Gosto musical também é inerente ao respeito, sabiam? “Geral” quer mandar o Restart tomar naquele lugar, mas fica indignado quando eles retrucam de alguma forma.
Enquanto as pessoas pregarem: Divirta-se com o que eu falo, mas NÃO fale do que eu gosto. O bicho sempre vai pegar!
Claro que não podemos generalizar, existem pessoas que conseguem atravessar essa linha tênue sem invadir nenhum dos lados, passando incólume por todos os assuntos. Precisamos aprender a contestar o “nosso” julgamento de intolerância imputado aos outros, já que a forma utilizada para responder – xingando e ofendendo – acaba naturalmente tornando-se intolerante.
O respeito deveria ser um sentimento que trafega em mão e contramão, representando somente expressões positivas. Infelizmente nem todos estão preparados para a necessidade da reciprocidade. O respeito em vários casos é subjetivo, assim como a verdade e o que é bom e ruim. Para os comediantes, brincar com as “situações” é trabalho. Automaticamente para os outros, o trabalho dos comediantes é desrespeituoso. Difícil né?
Faço mea culpa porque sempre fui um dos críticos ferrenhos da Amy e expus minha opinião publicamente, também não resisti e postei a foto abaixo no Facebook. Logo, fui criticado e recebi inclusive alguns unfollows. Mas ok, é uma coisa que faz parte, e se sou obrigado a entender as “coisas” que você diz, seja capaz de entender as “coisas” que eu digo. Vamos viver em paz e debater sobre tudo.
Não sou fã da Amy, mas acho completamente desnecessário essas piadas e comentários, além de serem ridículos. Estamos falando sobre a morte de alguém, eu fico realmente impressionada como as pessoas adoram brincar com tragédias.. isso enquanto não te atinge, agora se a tragédia te envolve, vc não vai gostar certamente.
Detesto profundamente piadas de mau gosto com tragédias e vou criticar sempre. Acredito que a pessoa tem direito de respeitar a opinião do outro, nesse caso, a necessidade do outro de se mostrar engraçado pra quem o segue. Como também acredito que essa pessoa infelizmente só deixa claro o quanto é estúpida. Você pode tentar ser engraçado aproveitando essas tragédias, mas bom senso é essencial.
Isso sempre existiu e sempre vai existir amiga. E não vai ser chamando-os de ridículos ou estúpidos que você vai conseguir mudar. Na realidade você até incentiva mais casos, porque ao polemizar e dar ibope, põe mais combustível e chama atenção. É um ciclo!
O texto mais lúcido que li sobre o tema. Eu vejo até de outro jeito a morte dela. Foi uma agonia em praça pública em plena era da informação, não é possível que isso não seja o ponto final nessa glamourização das drogas no show business. Acho que todo esse bate boca acaba levando muita gente à reflexão, mesmo que inconscientemente.
O respeito só existe quando vc tem algum conhecimento ou intimidade com o interlocutor a ponto de conhecer os limites. Agora, quando se fala pra, sei lá, centenas de pessoas, vc acaba melindrando um ou outro. Faz parte.
O preço da liberdade plena de expressão é, volta e meia, ter que ler ou ouvir algo que vc considera desprezível ou repugnante. Pra qualquer um que saiba que não é onisciente, é um preço bem justo.
Oi Renato, obrigado pelo comentário!
Sensacional sua participação, e o seu encerramento matou a pau “Pra qualquer um que saiba que não é onisciente, é um preço bem justo.”
Realmente as pessoas precisam se adequar melhor aos momentos da vida e aprenderem a pagar os preços que ela cobra.
Abração!
P.S.: Adoro seu site.
Valeu, Cristiano. Tamos aí!