O ano é 2023 e graças à “Gran Turismo: De Jogador a Corredor”, mais uma vez tendemos a acreditar que existe vida em adaptações para jogos eletrônicos. Até a pouco tempo, a maioria das produções não estavam habilitadas em nos fazer crer que esse nicho cinematográfico de mercado poderia dar certo, pois o número de ‘bombas’ lançadas no cinema a casa ano é gigantesco.

Dirigido por Neil Blomkamp, o longa-metragem baseado em videogame homônimo e rentável da Sony, caso prefira, leia-se também Playstation, do início ao fim proporciona ao espectador uma diversão linearmente deliciosa.

Blomkamp foge do seu estilo ‘sombrio’ na direção para se aventurar em algo mais pop e o resultado é uma aventura automobilística empolgante, quase uma espécie de Rocky da velocidade. A cada movimento de câmera e decisão criativa, o diretor nos cativa, fazendo querer sempre mais.

O cast é outra qualidade a ser pontuada em “Gran Turismo: De Jogador a Corredor”, a interação entre atores ‘frescos’ no mercado com ‘figurinhas’ carimbadas, respectivamente a exemplo de Archie Madekwe (Jann Mardenborough) e David Harbour (Jack Salter), funciona de forma crivel e dinâmica. Apesar de outros nomes conhecidos como Orlando Bloom (Danny Moore) e Djimon Hounsou (Steve Mardenborough), sem dúvidas o destaque no longa-metragem fica para Harbour, que graças a uma atuação grandiosa consegue engendrar ótimas sequências e fazer com que a plateia esqueça alguns defeitos na produção.

Alguns reclamaram do CGI, não pela qualidade, mas por sentirem enjoo em transições do game para a realidade, no meu caso, não senti desconforto algum, parafraseando e adaptando o slogan de uma bebida alcoólica, posso dizer que “Gran Turismo: De Jogador a Corredor” desce macio e reanima.

O longa-metragem acerta ao adaptar momentos reais de Jann Mardenborough, mesmo que com algumas alterações na verdadeira história. Os escritores Jason Hall e Zach Baylin empregam uma bela dose de inventividade e sagacidade para conduzir o roteiro, mesmo que utilizem bastante do drama para perpassar e costurar a obra no intuito de provocar outras emoções.

Investindo pesado para transformar o game Gran Turismo em ícone pop maior do que é e tendo várias substituições na equipe criativa ao ter levado 10 anos para ser produzido, o mais correto seria conjecturar que “Gran Turismo: De Jogador a Corredor” daria errado, mas é justamente o contrário, o longa-metragem é uma grata surpresa e diversão de primeira.