Correria danada, depois da bonança d’O Rappa, veio a correria da tempestade na semana. Mas finalmente a cobertura dos shows d’O Rappa e Comboio 23 está no ar!

OBS: Mais tarde eu postarei as outras fotos.

Tem festa, tem show, tem O Rappa, então me deixa que estou de bobeira e quero curtir. Sempre carreguei comigo o pensamento que apresentações ao vivo funcionam melhor em alguns lugares, principalmente na cidade que serviu de embrião para determinados grupos.

Três bandas particularmente eu queria ver em ação nos palcos do Rio de Janeiro: Os Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão e O Rappa. E como os desejos apenas se materializam se buscarmos realiza-los, no ano de 2005, Os Paralamas foram os primeiros que consegui testemunhar na cidade maravilhosa. Foi uma apresentação majestosa em vários sentidos, o trio estava à vontade em casa, álbum “Hoje” recém-lançado e o local do evento era nada mais nada menos que o Morro da Urca. Sem palavras!

Em relação ao show do Biquini, realizei neste mês de setembro (leia aqui) e O Rappa completou a lista nos dias 5 e 6 de outubro com uma grande festa, ambos na Fundição Progresso.

Um desavisado poderia perguntar, qual é a base do show d’O Rappa atualmente? Bem, eu respondo. A espinha dorsal CD/DVD “Ao Vivo Na Rocinha”, gravado durante a turnê do álbum “7x” e lançado pela gravadora durante o período de dois anos que a banda esteve de férias.

Bem, seria simples se fosse fácil. Mas não é! O show praticamente foi refeito, rearranjado, reciclado e remontado e etc e tal. A cenografia continua perfeita com o palco que lembra um barraco, aliado a três telões com videografismo fantástico produzido e sincronizado pelo Fábio Ema, iluminação hipnotizante a cargo de Thomas Hyeatt e o criativo e cristalino som comandado por Ricardo Vidal. O grave que vem dos PA’s dá uma sensação incrível, é pulsante e estimulante, o famoso levanta defunto.

Nas novas roupagens “Hóstia”, “Monstro Invisível” e “Súplica Cearense” se destacaram, principalmente com novas introduções. “Fininho da Vida” praticamente tornou-se uma nova canção. “Hóstia” ganhou uma deliciosa intro com batidas tribais e “Súplica Cearense” ficou mais viva com a brincadeira solo de Lobatinho em seus pads, teclados e etc.

No quesito duração, em cada dia tivemos em média duas horas e meia de apresentação. Sim, foi um final de semana com cinco horas de O Rappa.

Em tempo: Impressionante com a galera no Rio pira com a canção “Me Deixa”.

Foi sensacional, imperdível, como diz a música: estaria maluco senão estivesse junto!

Dia 05/10

No telão, Bruce Buffer, a voz oficial do UFC, anuncia O Rappa. DJ Negralha manda ver nas pick-ups, pede as mãos para cima e repete com o público O Rappa, O Rappa, O Rappa, O Rappa.

A banda toma o palco da Fundição e o espetáculo começa com “Lado B Lado A”, “Tumulto”, “Meu Mundo é o Barro”, “Hóstia” (com um show percussivo do baterista Cleber Sena), “Mar de Gente” e “O Homem Amarelo” (com as incidentais “Brixton, Bronx Ou Baixada”, “Todo Camburão tem um Pouco de Navio Negreiro” e “A Noite”) em conjunto com o brado clássico: Cor da Pele? F*#@-se!

Temos então “Monstro Invisível”, “Fininho da Vida”, “Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)” eO Que Sobrou do Céu”. O vocalista Falcão faz sua primeira saudação à Fundição, e chama por Luiz Gonzaga, a quem intitula “do nordeste o nosso Bob Marley brasileiro”, Lobatinho assume e faz uma apresentação solo e introdutória para “Súplica Cearense”.

Falcão empunha uma guitarra e começa a execução de “Tribunal de Rua”. Seguem-se “Papo de Surdo e Mudo”, “7x” e “Meu Santo tá Cansado”.

“Obrigado por terem saído de casa para ver nosso show. Estamos preparando disco novo no estúdio do Lobatinho. O Rappa está voltando com força total”, arremata Falcão. Mais um petardo, desta vez “O Salto”. Nos telões o mal é demonstrado por mazelas, capetas e políticos como Collor, José Dirceu, Genoíno e Roberto Jefferson. Após a empolgação da galera, o vocalista pede aos roadies para jogarem “água para a galera”.

Negralha manda um Rap incidental. E O Rappa ataca com “Linha Vermelha”, “Vapor Barato”, “Me Deixa” e “Rodo Cotidiano”. “Vocês acham que acabou? Acabou é o caralho! É um final de semana para todo mundo!” sentencia o vocalista e é a vez de “Cristo e Oxalá”.

Xandão executa um solo e emenda com “Hey Joe”. Seguida por “Maneiras”, “Ilê Ayê (Que Bloco é Esse?)”. Em “Pescador de Ilusões”, Falcão apresenta a banda, informando a origem de cada um em seus respectivos bairros no Rio.

Ao apresentar o guitarrista, uma brincadeira: “O Xandão torce para o primeiro do campeonato, mas quer saber?” O vocalista tira um casaco que usou durante todo o show e que escondia uma camisa do Flamengo e continua: “F*#@-se que o Flu tá em primeiro. Aqui é Mengão, é a nação, time da massa, pode estar em último no campeonato que estamos lá torcendo”. Grande parte da plateia vai ao delírio, outra parte não vaia em respeito ao Falcão e uma minoria se manifesta contrariamente. Essa é a beleza do futebol.

Com “Reza Vela” a Fundição enlouquece e o show chega ao fim. Maravilhoso!

Dia 06/10

O show tem início de forma furiosa e empolgante, repetindo inclusive a mecânica da apresentação anterior, temos Bruce Buffer (UFC) no vídeo e introdução do DJ Negralha. O difícil foi explicar a energia incrível e maravilhosa que tomou conta nas primeiras músicas: “Tumulto”, “Lado B Lado A”, “Meu Mundo é o Barro” e “Hóstia”.

O que não estava no script foi o telão central dar problema em “Meu Mundo é o Barro”, que infelizmente persistiu foi até o fim da apresentação.

O vocalista agradece a presença de todos. É a vez de “O Homem Amarelo” (com as incidentais “Todo Camburão tem um Pouco de Navio Negreiro” e “A Noite”) e o brado clássico: Cor da Pele? F*#@-se! seguido de “Mar de Gente” e “Fininho da Vida”.

“Hoje é um dia importante, dia do voto, mesmo que seja obrigatório. Este não é um momento político e sim de esperança. Procurem votar certo, pesquisem. Faça alguma coisa para que sua cidade fique mais bonita” alerta o vocalista.

Na sequência O Rappa emenda “Papo de Surdo e Mudo”, “Monstro Invisível” e “ Minha Alma (a Paz Que Eu Não Quero)”

Falcão levanta a galera informando que a “banda gravando o novo disco no estúdio do Lobatinho, é O Rappa voltando com força total”. “E agora, do nordeste o nosso Bob Marley brasileiro Luis Gonzaga”. Marcelo Lobato faz solo com seus instrumentos para introduzir “Súplica Cearense” seguida por “7x”, “Meu Santo tá Cansado”, “O Salto”, “Tribunal de Rua” (com o vocalista na guitarra), “Linha Vermelha” e “Rodo Cotidiano”.

O vocalista apresenta a banda de forma muito divertida, brinca com todos, informa a origem de cada um com seus respectivos bairros no Rio. Temos agora “Ilê Ayê (Que Bloco é Esse?)”, “Hey Joe” (com participação do produtor Liminha), “Maneiras” (com um salve para o falecido poeta brasileiro Waly Salomão), “Vapor Barato”, “Me Deixa” e “Pescador de Ilusões”.

Mais uma vez Falcão agradece a presença de todos e “Reza Vela” encerra a grande festa na Fundição Progresso.

Banda de Abertura:

A abertura ficou a cargo do grupo Comboio 23. Formado por Alexandre Moreno (vocais), Guilherme Milagres (guitarra), Claudio Souza (baixo) e Anderson Moraes (bateria), o Comboio 23 está na luta por um lugar ao sol desde 2006 e está divulgando seu primeiro álbum intitulado “Pra Tocar no Seu Aparelho” (aguarde resenha no site).

Nas duas noites que abriram para O Rappa, o Comboio 23 mandou muito bem. O som do grupo é uma mesclagem de estilos como o soul, samba, rock e o reggae. Perguntei ao vocalista Alexandre Moreno como definir o som do Comboio 23 e ele respondeu de bate pronto: soul pop sem perder o swing e a levada do rock’n’roll. Isso aí! E foi o que a banda mostrou nas duas apresentações.

No repertório, o Comboio 23 alternou canções do álbum “Pra Tocar no Seu Aparelho” com clássicos da nossa música, como “Praieira” (Chico Science), “Todos Estão Surdos” (Roberto Carlos) e “País Tropical” (Jorge Ben).