Como analisar um show, avaliando cada uma de suas camadas, seja na qualidade musical, performance, carisma e/ou técnica? O grupo Bajofondo ultrapassou todas as barreiras positivas de um espetáculo e superou as expectativas do público que compareceu na última sexta-feira (08/05) na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
O guitarrista e vocalista Gustavo Santaolalla faz bem o papel de mestre de cerimônias da banda, todos os seus contatos com o público são simpaticíssimos e acontece o tempo todo, seja sobre a passagem da banda na cidade, os músicos do grupo, como o Bajofondo é multifacetado culturalmente e até em função dos seus componentes residirem em locais distintos como Argentina, Uruguai, Los Angeles e Bariloche. Excelente observação, pois uma das forças do Bajofondo, além de suas composições está justamente em seus componentes, que funcionam como um relógio no palco, e isto se percebe naturalmente durante a apresentação.
Desde o início fomos agraciados, o solo do violinista Javier Casalla, que é a “lata” do ator Hugh Laurie, protagonista da série House foi muito bonita, também podemos destacar o frenético Martín Ferrés, tocador de bandoneom (uma espécie de sanfona). Além de um solo de Gustavo Santaolalla, mostrando seu trabalho como compositor de trilhas sonoras, a exemplo do cd Ronroco e também da música Al Otro Lado Del Rio, ganhadora do Oscar de melhor canção pelo filme Diários de Motocicleta.
Ok, vou até parar de destacá-los separadamente, pois o Bajofondo é uma unicidade, onde todos os músicos fazem um som para todos! Digo que a banda é de todos, porque raríssimas vezes presenciei uma apresentação na qual o público é agraciado e valorizado com tanta veemência e respeito.
A qualidade do telão e a equalização do som são destaques fortíssimos. A iluminação é de deixar qualquer um embasbacado, simplesmente hipnótica e belíssima. Elencar bons predicados é tão fácil, que posso acabar caindo na armadilha de deixar o texto enfadonho ou meloso. Vou citar duas coisas que achei interessantes, a primeira delas é que a banda é “louquinha”, você já deve ter visto em algum espetáculo, o artista colocar algumas pessoas no palco, né? Pois é, o Bajofondo o fez, só que não foram só algumas pessoas, simplesmente eles lotaram o palco, em cada cantinho, e a banda continuou tocando com o público ao seu redor, tinham “meninas” dançando, outras lançando gracejos aos músicos, marmanjos saltitando de felicidade, uns aproveitam para fotografar e outros para filmar e claro, os que “inventaram” em tocar alguma coisa, inclusive os teclados de Juan Campodónico.
Achei super engraçado quando a banda, quase ao final do espetáculo, um por um foi jogando-se ao chão, algo muito divertido. O setlist teve o cuidado de abranger toda a carreira do grupo, mostrando canções de todos seus cds. Foi uma ótima pedida, e quem perdeu, realmente perdeu, só resta torcer para que a turnê internacional dê uma folga e eles retornem ao Brasil. Quem não viu tem que ver e quem já assistiu pode assistir de novo, não é mesmo? Eu poderia ficar publicando milhares de adjetivos por aqui, mas finalizarei com apenas um, imperdível!
Não esqueça, clique aqui para ver as fotos e aqui para ver o vídeo do show.
SETLIST:
01. Javier Casalla solo
02. No Pregunto Cuantos Son (Mar Dulce)
03. Montserrat (Bajofondo Tango Club)
04. Borges Y Paraguay (Mar Dulce)
05. Exodo II (Bajofondo Tango Club)
06. Pulmon (Mar Dulce)
07. Fandango (Supervielle)
08. Duro Y Parejo (Bajofondo Tango Club)
09. Miles De Pasajeros (Supervielle)
Pequena pausa:
10. Tiruriru (Supervielle)
11. Ronroco + Al Otro Lado Del Rio (Gustavo Santaolalla solo)
BIS 1:
12. Grand Guignol (Mar Dulce)
13. Mi Corazon (Bajofondo Tango Club)
14. El Mareo (Mar Dulce)
15. Pa’ Bailar (Mar Dulce)
16. Leonel, El Feo (Supervielle)
17. Perfume (Bajofondo Tango Club)
18. Tangeros (Bajofondo Tango Club)
BIS 2:
19. Cumbalsita (Supervielle)
20. Pa’ Bailar (Mar Dulce)
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