O anúncio de um novo filme do Superman sempre gera uma onda de expectativas e, por que não, uma pitada de ceticismo? Sob a batuta de James Gunn, conhecido por sua habilidade em imprimir humanidade e humor a personagens icônicos, o mais recente Homem de Aço almeja ser o marco zero de um renovado Universo DC (DCU). Mas será que ele consegue erguer voo e resgatar a essência de esperança que o herói representa, em meio a um cenário de fadiga de filmes de super-heróis?

Desde o início da projeção, fica evidente que Gunn busca uma abordagem que se afasta do tom sombrio de adaptações anteriores. Há uma aposta clara em explorar o lado Clark Kent do personagem, focando nos valores e na humanidade que ele “aprendeu” em produções como Smallville. A dualidade das escolhas no poderoso ser de Krypton é o coração da narrativa, permitindo que o público se conecte com suas lutas e seu senso de responsabilidade de uma forma mais íntima. Essa ênfase na essência inspiradora do Superman, a de um símbolo de otimismo e bondade, na maioria do tempo é um acerto fundamental, trazendo de volta a luz que muitos sentiam falta, pena que em vários períodos canse o espectador.

O elenco, com David Corenswet assumindo o manto do Superman e Rachel Brosnahan como a destemida Lois Lane, é um dos pontos altos. Corenswet entrega um Clark Kent convincente, que exala a bondade e a força esperadas, enquanto Brosnahan injeta a sagacidade e a inteligência que definem Lois, prometendo uma química dinâmica e crível entre os dois. As atuações estão alinhadas com a visão de Gunn ao propiciar um Superman mais acessível e uma Lois sagaz.

No entanto, o filme enfrenta o desafio de se destacar em um gênero já saturado e a enorme pressão de ser o pilar de um novo universo cinematográfico. A comparação com as lendárias performances passadas, especialmente a de Christopher Reeve, é inevitável e amarga. Gunn navega entre honrar o vasto legado do personagem e injetar sua própria visão, sem cair no risco de uma tonalidade que, por vezes, possa parecer leve demais para a gravidade dos temas. A escolha do vilão e a construção do conflito central também são cruciais para que a trama se mantenha envolvente e imprevisível, mas que sofre com queda de ritmo.

Finalizando, o “Superman” de James Gunn não é apenas um filme de super-herói e sim uma declaração de intenções para o futuro do DCU, que infelizmente falha em alguns pontos e/ou representações ao buscar o equilíbrio entre o humor característico do diretor com a seriedade inerente ao Homem de Aço. Na tentativa em entregar uma história que ressoe com o público aproximando-o em um nível emocional, não temos neste novo Super-Homem uma produção icônica e inesquecível, e sim um renascimento promissor para um dos maiores ícones da cultura pop.

Em tempo: Cenas de ação excelentes e efeitos especiais grandiosos e críveis; o cão Krypton e a Mulher-Gavião são personagens carismáticos; enfim, alguns ótimos detalhes que também valem a ida ao cinema.