Ontem (13/10/2007) assisti “O Homem que Desafio o Diabo“, eu sou fã de carteirinha do CINEMA NACIONAL, por todas as dificuldades que estão na frente de quem se atreve a enfrentar os desafios de produzir cinema no Brasil Varonil.
Não só os desafios de dinheiro e patrocínio, como os de divulgação, apoio; e ainda tem que superar o conceito (ou um preconceito), de quem acha que o CINEMA NACIONAL ainda está só na pornochanchada (sic) da década de 80.
Não viu que muito antes da década de 80 o nosso cinema já produzia coisas boas, sem as mínimas condições, mas conseguiu fazer filmes como “O Pagador de Promessas“, “Deus e o Diabo na Terra do Sol“, “O Cangaceiro“, “Macunaíma“, “Lampião o Rei do Cangaço“, “Dona Flor e Seus Dois Maridos“, “O Homem da Capa Preta” só para citar alguns.
Há muito nosso cinema tem produzido obras muito boas e marcantes, mais uma vez fui ao cinema entusiasmado, mas com a preocupação, pois o filme podia ser comparado com o grande “O Auto da Compadecida“, do fabuloso Guell Arraes que desta vez estava na produção técnica porque a direção ficou com Moacyr Góes, que não tinha um grande repertório de obras, pois filmes da Xuxa e Padre Marcelo Rossi é casca grossa de engolir e é o famoso apague isto da minha carreira ou do meu currículo, apagar coisas que de currículo é uma história que acontece em vários pontos da vida profissional, um exemplo aqui.
Só que o diretor soube se safar bem da comparação com o filme de Guell Arraes e se saiu com um ótimo filme, engraçado, com ritmo, história e a bendita “QUÍMICA” entre elenco e equipe técnica, o figurino sem criar esteriótipos para os sertanejos, com roupas maltrapilhas e sujas, mas nada de espalhafatoso e exaregado, o Gibão (roupa típica dos sertanejos para andar na caatinga nordestina), usado pela personagem principal é bem típico da região e de muito bom gosto na escolha. A direção técnica foi boa e competente, se preocupando com detalhes que para olhos não nordestinos podem não significar nada, mas para quem é da terra do Sol iria ser erro grotesco, não sou nordestino, mas tenho pais que são, então minha formação cultural desde a infância tem influências nordestinas e conheço um pouco deste universo maravilhoso. Um filme que tem roteiro baseado (NÃO! Não é cigarro de maconha!) num livro de cordel que conta “As Pelejas de Ojuara Contra o Diabo“, Ojuara é o nome da personagem principal.
Os diálogos coerentes e sem o sotaque produzido pela equipe da Globo, as piadas com referências fantásticas, como a do Mução ligando para o Turco, dono do armazém é fantástica, além do texto que consegue mesclar Trovas e Literatura de Cordel no meio dos diálogos.
Fora as lendas que são lembradas durante o filme como a personagem que arranca um prego sem usar as mãos ou a Mãe de Partanha que tem um órgão sexual um pouco inusitado.
Fala sobre lendas de Pretos Velhos que ainda habitam antigas fazendas de escravos no sertão, ou como o povo tem uma visão do Diabo e suas características, mostra um povo nordestino sofrido, alegre, feliz, trabalhador, religioso e principalmente engraçado, não de maneira pejorativa como muitos pensam e gostam de pintar, engraçado, porque consegue ver beleza nas coisas simples e viver de maneira sofrida, mas feliz, de maneira como a vida proporciona, nem mais nem menos.
Assista e não espere ver outra aventura parecida com a de Xicó e João Grilo, mas um filme bom e engraçado que não nos deixa perceber que o tempo está passando.
É filme para se ter em casa para se ver os extras, se divertir no vai e volta de cenas e tudo mais que o DVD tiver oferecendo para quem comprar.
Sendo assim desta maneira assista, e se possível no cinema para gerar bilheteria para a produção e felicidade aos atores e produção técnica.
Então a equipe narotadorock.com recomenda e aprova (Estou sem o carimbo hoje, mas carimbarei em breve), mas mesmo sem o carimbo que assegura a qualidade na posição destes blogueiros, em particular deste que vos escreve no momento.
Salve Todos e Viva o CINEMA NACIONAL!
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