O décimo capítulo da franquia “Velozes & Furiosos” chega aos cinemas de todo o Brasil, conferi previamente na cabine de imprensa e ao fim da projeção o que senti? Fiquei na vibe daquela canção de axé dos anos 90: ‘cheiro de pneu queimado, carburador furado e coração dilacerado’.

Para que o leitor não pense que sou hater da saga, antes das próximas linhas a serem lidas sobre o que achei do último filme, sou obrigado a contextualizar. Acompanho a franquia desde o início testemunhando seus rumos em salas de cinema e por gostar, até arrisco a elencar a minha ordem do pior para o melhor que ficaria mais ou menos assim:

  • Velozes e Furiosos 10” (2023)
  • Velozes e Furiosos 9” (2021)
  • Velozes e Furiosos 4” (2009)
  • Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio” (2006)
  • + Velozes + Furiosos” (2003)
  • Velozes e Furiosos 8” (2017)
  • Velozes & Furiosos 7” (2015)
  • Velozes e Furiosos 6” (2013)
  • Velozes e Furiosos” (2001)
  • Velozes e Furiosos 5: Operação Rio” (2011)

A saga “V&F“ sempre permitiu ‘recauchutadas’ no percurso para manter na pista a busca pelo sucesso. Para prender a atenção do grande público, a fórmula foi se adaptando até chegar à vibe atual que concatena ação, carros e o tema família. Apesar de boas bilheterias, foi a partir do quinto filme que o método finalmente funcionou.

Percebo que há uma unanimidade quase perene nos comentários sobre três partes, precisamente a primeira, quinta e sexta. Estas duas últimas são diretamente responsáveis pelo que a franquia “V&F“ tornou-se.  Na sétima começam a surgir ruídos no motor, e mesmo sem unanimidade em relação aos dois anteriores é o filme mais bem sucedido da franquia faturando quase 8x mais do que custou. Particularmente gosto muito da parte sete, e a oitava em minha opinião derrapa no fim por ser extremamente exagerado, e no nono, juntamente com décimo é que o caldo desanda.

Provavelmente você pode automaticamente questionar: mas ser exagerado não é exatamente o que Velozes & Furiosos busca ser? Tecnicamente sim, mas o resultado final é decepcionante!

É notório afirmar que o roteiro sempre foi uma grandiosa novela mexicana que busca reciclar o drama diversas vezes ao longo da franquia, trata-se de uma história em looping eterno em que heróis viram vilões e vice-versa; de gente morrer e reviver; de amar e ser odiado, para ser reamado e por aí vai. Diverte, mas desgasta!

As cenas de ação tornaram-se cada vez mais longas, – acrescendo mais tempo de duração sem necessidade – e essa grandiosidade começou a incomodar, afinal, menos é mais! Concordo que Velozes & Furiosos é uma celebração a feitos mentirosos, levando a imaginação dos realizadores e espectadores a novas fronteiras, mas até para o meu caso, defensor de produções mentirosas, cansei. Diverte, mas desgasta²!

Depois desta contextualização, que talvez caro leitor, você tenha considerado desnecessária, chego definitivamente à décima realização da saga.

Não irei mais tomar o seu valioso tempo, o novo Velozes & Furiosos é o famoso teatro dos absurdos, começando por uma criança aprendendo a fazer drift e a manusear arma, – cadê o conselho tutelar? –; um rodízio intermitente de personagens desvalorizando o que a produção poderia ter de melhor, um ótima representação graças à grandes astros – incluindo vencedores do Oscar® –, infelizmente está um mais canastrão que o outro; um vilão chinfrim e exagerado, e por incrível que parece daria um ótimo arcabouço de ideias para um Coringa; direção frouxa por Louis Leterrier; um roteiro recheado de dramas que envergonharia o seriado televisivo do Chaves; e enfim, o exagero que toma conta não só das cenas ação, mas que contamina tudo. O que mais assusta é que virão por aí mais duas partes, e em razão disso o medo me define.

Sinceramente gostaria de usar a palavra esperança, até por ser apreciador da franquia, mas tudo anda bem desanimador. #oremos