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Após a audição de “Nunca Tem Fim”, o sexto álbum de estúdio da banda fluminense O Rappa, percebemos que o poder de reinvenção do grupo não tem fim. Após cinco anos sem um disco de inéditas, o sucessor de “7x” tem letras poéticas que escancaram o cotidiano em conjunto com arranjos ora harmônicos, ora nervosos envelopando canções que logo após o playse começar foi fácil, difícil vai ser parar’.

“Nunca Tem Fim” tem o esmero de um trabalho com produção bem cuidada, Falcão brinca com seus dotes, apresentando ótimos arranjos vocais, Lobato entrega uma série de efeitos e sons eletrônicos, Lauro traz para a gravação, a experiência grave dos shows comandando seu baixo com muito groovie e Xandão passeia nas cordas de guitarra com acordes e rifs deliciosos.

Faixa a faixa:

A viagem tem início com “O Horizonte é Logo Ali”, comandada pelo baixo potente de Lauro, efeitos eletrônicos e a versatilidade vocal de Falcão. A primeira de um álbum que busca inspirar o ouvinte a uma vida melhor, graças a frases como: ‘Sim, é logo ali o horizonte. Claro, mas eu vou mais além’.

“Auto-Reverse”, o segundo single do álbum é baile, é groovie e alto astral. Mostra que o indivíduo é o que ele escolhe e busca, no cotidiano apresentado no videoclipe, vamos conhecendo histórias de superação reais, como a do rapper Dexter que deu a volta por cima após 13 anos preso, de Michel, dançarino premiado mesmo com má formação congênita e um grupo musical formado por adolescentes com necessidades especiais. “Nós estamos na linha do tiro, caçando os dias em horas vazias vizinhos do cão, mas sempre rindo e cantando nunca em vão.”

“Boa Noite Xangô” é o momento espiritual do álbum, assim como a banda já apresentou em outros momentos como “Cristo e Oxalá” ou a lembrança no álbum “7x”. Agora, temos uma gira respeitosa e dançante para Xangô, entidade que representa a Justiça. “Noite chegou, uma estrela caiu no mar. Boa noite Xangô, anjo de Iemanjá, um barco cheio de flor, alguém para te esperar quando você chegar ou for!

“Cruz de Tecido”, um desabafo aos parentes e uma ode as 199 vítimas do acidente no voo JJ3054 da TAM acontecido em 17 de julho de 2007. Hip-Hop, arranjos de cordas e versos como “provando a impunidade e o descaso com que faz um simples pedido.”

Por mais tentador que seja a mensagem de “Fronteira (D.U.C.A.)” é, trabalhe honesto e evite trambiques. “Não existe nada melhor nesse mundo que estar livre.”

“Anjos (Pra Quem Tem Fé)”, a primeira faixa revelada, um convite a oração, a descoberta e manutenção da fé. Arranjo de guitarra esplêndida de Xandão. Oh Lord, oh Lord, oh Lord, oh Lord. “Em algum lugar, pra relaxar, eu vou pedir pros anjos cantarem por mim. Pra quem tem fé a vida nunca tem fim.”

Com ótimos arranjos para percussão e metais, “Doutor, Sim Senhor!” é uma visão ao estudo sociológico conhecido como “pessoas invisíveis”. Um mal que infelizmente atinge milhares de profissionais. “Invisíveis criaturas, humildes desumanos. Olhares que silenciam sobre o chão no plano. São pessoas que não vemos por quem não passamos. São pessoas amigas, de quando precisamos.”

“Sequencia Terminal”, a luta diária pela sobrevivência, até chegar o fim. “Eu queria me acabar quando o desespero virar lugar comum.

“Vida Rasteja”, um debut para Lobato e seus milhares de sons eletrônicos, o arranjo de piano no final da canção é belíssimo. Talvez a lógica desta canção seja considera-la como a continuação do tema de “Fronteira (D.U.C.A.)”, não se entregar as facilidades do crime e da vida. “Se começar foi fácil, difícil vai ser parar.”

O rock-rap de “Um Dia Lindo” funciona em prol do sonho do indivíduo que quer e luta para ser feliz. “Só dê importância a força positiva que te faz seguir. Nunca deixe-se levar pelo desespero, siga até o fim, siga até o fim.”

Já li algumas críticas que “Nunca Tem Fim” é um álbum de altos e baixos, não concordo. Considero um disco de ótimas canções, que mantém o discurso e o papo reto d’O Rappa. Como todo álbum, “Nunca Tem Fim” tem seus destaques acima do nível como “O Horizonte é Logo Ali”, “Auto-Reverse”, “Boa Noite Xangô”, “Anjos (Pra Quem Tem Fé)”, “Doutor, Sim Senhor!” e “Vida Rasteja”, o que não significa que as outras sejam ruins, muito pelo contrário.

Além de grandes canções, o material gráfico é lindão! Recomendo!

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