Estreando no circuito comercial, o “Peso do Passado” (2017), dirigido por Karyn Kusama, traz Nicole Kidman no papel de Erin Bell, uma detetive da polícia de Los Angeles que viu sua vida se deteriorar em vários aspectos, graças aos desdobramentos de uma missão fracassada no passado em que ela atuou como infiltrada.

Falando em infiltrada, utilizarei da palavra disfarçada para dizer que Kidman está irreconhecível atuando embaixo de várias camadas de maquiagem para passar a apresentação de velhice que a personagem necessita, além da atuação que está impecável. Essa estratégia de envelhecer atrizes ou deixa-las feias já fora utilizada em várias produções, a própria Kidman beneficiou-se com esta escolha vencendo o prêmio de melhor atriz no Oscar de 2003, pelo seu papel em “As Horas”. Outra que se deu bem com o ‘enfeiuramento’ foi Charlize Theron que venceu a mesma categoria do Oscar por “Monster”, em 2004.

A perspectiva em dar poder as mulheres é bem trabalhada pela diretora Karyn Kusama, inclusive esta é uma das melhores qualidades do longa. O problema é que ele se torna enfadonho em vários momentos. Talvez isso se dê pelo fato de que Kusama tem uma carreira irregular no posto de direção, em seu currículo, exemplos questionáveis como “Æon Flux” (2005) e “Garota Infernal” (2009) duelam com um ponto fora da curva, o ótimo “Boa de Briga” (2000). Vale lembrar que todos se destacam pelo forte protagonismo feminino, provando que o empoderamento sempre esteve presente nos trabalhos de Kusama.

Repleta de flashbacks para elucidar o presente, a narrativa sofre com um roteiro irregular, que causa certa estranheza ao reduzir o papel de personagens com potencial. Outra escolha discutível é a intensa repetição de closes no rosto de Nicole Kidman.  Ok, já percebemos que a maquiagem ficou bem feita! Não que “Peso do Passado” seja ruim, pelo contrário, a produção prende a atenção do espectador, principalmente no sprint final, leia-se, último ato. Possui qualidades técnicas e vale também pela mensagem, pois ao contrário da protagonista, não vale a pena deixar tudo para trás em razão de uma tragédia, é preciso tornar o espírito forte e seguir a vida!