Há um bom tempo, desde o Rock In Rio, venho pensando sobre essa responsabilidade de ser a banda a fechar um dia de festival, por mais que seja um Lollapalooza, Rock In Rio ou até um Monsters Of Rock. A pressão eu acredito que deva ser a mínima, pois bandas que há 10 ou 15 anos atrás tinham o rótulo de alternativas ou undergrounds, já que faziam pequenos shows solo ou em festivais, mas como bandas de abertura. No entanto, se der algum problema como no som, um problema na corda vocal ou até estomacal, aí é que a coisa desanda.

Mas desde que venho acompanhando diversos shows nesses últimos cinco anos, tenho presenciado bandas como Arctic Monkeys, Slipknot, Muse e Queens Of The Stone Age roubando a cena em grandes festivais por serem bandas “headliners” nos festivais aqui no Brasil. Tem gente que acha legal, tem gente que reclama, que sente falta de que quando a banda não era conhecida, era bem melhor, não soava de maneira comercial e tantos outros argumentos.

Vamos tomar como exemplo Arctic Monkeys, Muse e Slipknot. Os macacos do ártico, quando começaram a fazer sucesso em 2005 com o álbum Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not, possuíam pouca popularidade aqui no Brasil, mas começavam a chamar a atenção pelo som dançante que faziam, tendo rivalizado até com os Strokes, quando estavam no auge com dois álbuns já lançados. Bem, o quero dizer é que desde a primeira passagem até a última em 2014,aqui no Brasil, os caras tiveram altos e baixos e, pode-se dizer, chegaram ao topo do sucesso em tudo quanto é parada de hit parade, com direito a vários discos de ouro e platina. Eu fiquei com aquele mesmo sentimento de que a banda quando chega ao Mainstream, torna-se comercial e perde a essência que adquiriu nos primeiros álbuns.

Acontece que, querendo ou não, o álbum AM foi considerado um dos melhores discos de Rock em 2013 e que levaram os Ingleses ao status de melhor grupo de Indie Rock, distanciando-se até dos Strokes, já em decadência e em uma outra vibe. Na verdade, não é o artista ou grupo que chega ao mainstream, mas o contrário, pois tem gravadora, produtor e outros fatores que levam a banda a adquirir uma notoriedade superior a outras bandas que ficam pelo caminho. É preciso entender que uma chance como essa tão cedo voltará a aparecer e isso ocasiona a banda a trabalhar mais, fazer trabalhos melhores para se manter no auge, levando a vender mais e a ser comercial e, é claro, o que ajuda os integrantes a realizarem-se financeiramente e conseguir pagar suas contas.

A mesma coisa vem ocorrendo com o Muse. Porém, o que temos visto ultimamente é um efeito contrário, pois justamente quando a banda está no auge, os Ingleses vem fazendo um estrondoso sucesso nos Estados Unidos e Europa, mas não vem mantendo a mesma pegada que os consagraram entre 2006 e 2011 aqui no Brasil. A turnê do seu novo disco chamada Drones decepcionou pela pouca procura de ingressos, ocasionada pelo alto valor deles e pela subida do dólar nesses últimos meses. É claro que a banda nada tem a ver com isso, já que os produtores são responsáveis por trazerem a banda e que o preço do ingresso no Brasil é o mesmo que nos Estados Unidos ou Itália, por exemplo, nas suas respectivas conversões monetárias em dólar e euro, respectivamente. Outro detalhe é que a coisa anda tão ruim que a Tickets For Fun precisou usar uma promoção de leve 2 ingressos e pague somente 1 para ver se chama mais público para os shows que aconteceram mês passado no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Já o Slipknot tem sido uma verdadeira discussão desde a última apresentação por aqui no Rock In Rio. Fizeram um show dentro das estimativas, bem legal, intenso e que a cada vinda ao Brasil, leva a banda a ser cada vez mais querida pelo público brasileiro, junto com os Americanos do System Of A Down. O que tem surgido de matérias relacionada aos mascarados de IOWA em sites como a Whiplash, por exemplo, é pra ninguém colocar defeito. A banda já foi atração principal no Monsters Of Rock, possui seu próprio festival que é o Knotfest e tocaram para um público um pouco menor, se comparado as outras noites de rock no Rock In Rio. Mas com um público abaixo das outras noites de rock não prejudicou em nada a autação da banda no último dia 25 de setembro. O público cantou, dançou e fizeram várias rodas punks venerando o som dos mascarados. Nesse ponto Corey Taylor sabe chamar a responsabilidade em ser um showman a parte.

Por fim, trocando em miúdos, o que quero dizer é que essas três bandas citadas aqui no texto, há dez anos pouco eram conhecidas ou estavam em ascensão. Mas quando chegaram ao topo, vieram com uma enorme força que os adolescentes os adoram, os odiadores torcem o nariz, destilam polêmicas, mas seus nomes não param de pipocar nos noticiários roqueiros. É lógico que muitas dessas bandas são legais, fizeram por merecer. Aproveitam a chance e faz um som em que o jovem curte, em que todos gostam e isso é inegável! Chegar ao topo é fácil, mas é difícil manter-se lá por muito tempo, já que outros artistas/grupos estão na fila para tomarem seus lugares, esse é peso de ser Mainstream.