Quantos sonhos e manchas nos lençóis
Não é nada comparado com um monte de gente que conheço, passava da preguiça a falta de vergonha na cara, mas lia pouco, na Faculdade me cobrei isto e hoje leio razoavelmente. Não como algumas pessoas que conheço que devoram livros em dois dias, mais leio e o melhor, gosto de ler nos dias atuais.
Começava sempre a ler se o assunto me interessava, só que assim perdi histórias incríveis que eu não espera que seria tão boa, analisando só o título ou a capa.
Fora que ainda tem que suportar o estilo dos escritores, sua época e coisas que a minha esposa, que é professora de Literatura (o importante é ter saúde), adoraria explicar, mas eu não…
Sempre achei que escrever era só por letras atrás de letras, formando palavras, que em seqüência formaria as frases…
Lógico, não é só isto, um bom escritor, que não é o meu caso precisa de algo mais.
Existe alguns escritores que são mestres nisto, outros são razoáveis, outros são ruins mesmos, a maneira como escreve ou transcreve suas idéias faz A diferença, com ênfase realmente no “A”.
E quando o miserento (sic), infeliz das costas ocas, frango da oréia lascada (sic), mal-ajambrado do escritor acha que pontuação é para os fracos. Sim existe escritor que pontua da maneira que ele acha que convém, como der na telha do pobre…, e para piorar escreve bem.
E ainda ganha o prêmio Nobel de Literatura, e o pior, este sacripanka (eu quis dizer isto mesmo, não sei o que é, mas minha avó quando fica nervosa com alguém fala isto), ainda ousa escrever um livro Visceral, que é o caso de “Ensaio Sobre a Cegueira“.
Este livro do Saramago é algo que parece uma loucura ou um surto de maluquice aguda de alguém, instantes antes de ter de embarcar em um avião nos aeroportos brasileiros.
Um surto (não a banda), de cegueira começa a assolar Portugal (terra natal do escritor), mas não é uma cegueira comum, é a moléstia da cegueira branca, pois as pessoas ficavam com uma brancura branca (sem pleonasmo), totalmente branco, como leite, sim de vaca, de cabra, do que você quiser, desde que seja um leite alvo, muito alvo, como os personagens fazem questão de enfatizar no livro…
Começa com um motorista em pleno trânsito, pessoa comum, como é a característica do Saramago, falar e escrever sobre pessoas comuns, vai se espalhando como se fosse uma super epidemia (sem nenhuma relação com o filme homônimo, “Epidemia“), os desdobramentos dos episódios são fantásticos, para nós meros mortais, e talvez evidente para um escritor genial como Saramago.
Com riqueza de detalhes, mas sendo objetivo de maneira que chega a ser até “encabulador” para o leitor, como na passagem dos cegos malvados, mas como um bom livro deve ser, não conseguimos parar de ler, ou ficamos chateados quando temos que parar de ler por qualquer motivo que seja.
Com um final que só mesmo El Mago Saramago (tá certo vou desistir desta piada infame e desnecessária), consegue fazer para uma história que começa louca e termina tão louca que se torna lúcida. Talvez por isto teve a continuação com “Ensaio Sobre a Lucidez”, que é para outra postagem, pois ainda não li…
Agora imagina o desafio de um baita diretor em colocar isto tudo na telona e manter a qualidade, sabemos que adaptações são difíceis, que normalmente o livro é melhor, quando não é muito melhor que o filme, mas ele já tirou leite de pedra em “Cidade de Deus“, com atores amadores e sem texto, falas no improviso (pasmem)!!!!!!!!
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