Antes de mais nada, quero fazer aqui um esclarecimento. Sei que a maioria ou uma boa parte dos leitores deste blog, não curte música sertaneja. Entretanto, a análise que faço aqui é por se tratar de um filme. E como está evidenciado, inclusive no cabeçalho da página inicial, este espaço foi criado na internet também para tratar de cinema como sendo uma das formas de expressão cultural. Además, é uma produção nacional e nós, podemos assistir filmes estrangeiros mas sem deixar de valorizar o cinema nacional, que aliás, cresce absurdamente ano após ano.

Menino da Porteira é uma refilmagem cuja gravação original ocorreu em 1977. A primeira versão tinha Sérgio Reis como protagonista. A estória se passa em 1954. Eram tempos de forte efervecência política. O país vivia uma quase ditadura com a Era Vargas e na década de 70 quando ocorreu a filmagem, víviamos os anos de chumbo com a Ditadura Militar e a questão política aparece muito forte com o filme abordando sobretudo o assunto coronelismo no nordeste brasileiro. A estória do menino que sobe na porteira e grita: “toca o berrante seu moço” embora bela, aparece apenas como alavanca para que se faça a discussão sobre o tema.

Nessa segunda versão, a questão política divide a atenções com o romance entre o peão ou boiadeiro Diogo (Daniel) e a filha do coronel, Juliana, vivida pela talentosa atriz Vanessa Giácomo.

Outro que aparece bem na telinha é o já consagrado José de Abreu na pele do temido coronel Batista. Para compor a personalidade mal-humorada de seu personagem, José de Abreu imaginou que ele sofria de uma crônica dor de dente. O ator então decidiu ir ao dentista e retirar uma ponte, de forma que a dor que sentia torna sua interpretação mais autêntica.

Mas quem rouba a cena mesmo é o garoto João Pedro Carvalho que dá vida ao personagem-título. Ele foi selecionado entre mil crianças e até parece gente grande em cena. Aos 8 anos, o ator mirim é praticamente um veterano. Começou a trabalhar aos 3 meses de vida estrelando comerciais de tv. Em 2003 fez sua estreia na telona no filme Acquária.

A trilha sonora é recheiada de grandes sucessos da música sertaneja de raiz.

Outro dado interessante, é que toda a equipe do filme recebeu como conselho que não assistisse à versão original, para evitar imitações.

O ponto fraco do filme está na fraca interpretação de Daniel, que pelo menos por enquanto, não é ator. Mas isso não chega a comprometer por conta da boa atuação dos atores aqui citados. Sem falar que a cultura interiorana do nosso país, que ajuda e muito a enriquecer cultura brasileira como um todo é valorizada sobremaneira.

Quem desejar saber mais sobre o filme pode acessar a página oficial na internet: http://www.omeninodaporteira.com.br/ ou o blog http:omeninodaporteira.zip.net/

Enfim, a obra é uma boa diversão para os amantes da 7º arte.

Abraços a todos;
Carlos Henrique.