A Pixar é uma fábrica de sonhos e com a estreia de “Lightyear” (2022), exclusivamente nos cinemas, busca oxigenar “Toy Story”, sua franquia mais celebrada, apresentando uma nova aventura de Buzz Lightyear, o carismático e icônico Patrulheiro Espacial.

Logo no início da projeção, tomamos conhecimento de que a nova obra não é uma aventura regular de Buzz Lightyear, e sim um spin-off que nos apresentará o filme do patrulheiro, que fez Andy se apaixonar pelo personagem, no primeiro “Toy Story”, em 1995.

Com distribuição da Disney, a 26ª produção da Pixar ao contrário das antecessoras tem um viés mais infantojuvenil. Mesmo com cores mais pueris, vale dizer que os adultos também estão contemplados, pois “Lightyear” além de um visual extraordinário, sendo um dos melhores já vistos no quesito animação, dá sua contribuição a temas que abordam a diversidade, motivos pelos quais, até o momento em esta resenha estava sendo escrita, tive a notícia de que a obra sofre com a censura em 14 países. Definitivamente, a intolerância e a homofobia são alguns dos maiores problemas deste mundo.

Dirigido por Angus MacLane, de “Procurando Dory” (2016), e escrito por Jason Headley, de “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” (2020), a ficção científica animada de “Lightyear” traduz o peso da responsabilidade em nossas vidas. O texto apresentado com sucesso em tela nos leva a reflexão sobre o preço do sacrifício, que ao nos envolvermos em uma espiral de obsessão na busca de objetivos, cobra um isolamento que nos afasta da vida e da consequente convivência com as pessoas que gostamos, automaticamente, lembrei-me de versos da canção “Epitáfio” dos Titãs.

A produção, que também trata de temas como a própria dificuldade em digerir erros e a de confiar nos outros, ao fim da projeção deixa uma mensagem clara: a cooperação é um dos segredos para uma vida melhor. Mas engana-se quem acha que estes momentos reflexivos significam uma bad vibe, pelo contrário, o filme é hiper divertido e alcança outros tons do cotidiano, como a importância da empatia e igualmente dos pets em nosso dia a dia, representado pela figura do gatinho robô Sox, que sem dúvidas será um sucesso de vendas nas lojas de brinquedos.

Aos intolerantes pela escalação de Marcos Mion, na dublagem de Buzz, é preciso lembrar que “Lightyear” mesmo fazendo parte do universo de Toy Story é um spin-off. Na versão original, Chris Evans substituiu Tim Allen, assim como faz sentido Mion substituir a voz de Guilherme Briggs, e o resultado é o melhor possível. De tão bom, até esquecemos que o apresentador do Caldeirão representa nosso Patrulheiro Espacial preferido.

Visualmente perfeito, reflexivo e com uma bela carga nostálgica, “Lightyear” é o melhor programa familiar não só para este feriadão de Corpus Christi, mas também ao longo da vida. De coração, espero que esteja nos planos da Pixar um western com o igualmente querido xerife Woody.