Em 2018, os fãs do gênero da vertente do horror conhecida por slasher¹ foram surpreendidos com a existência do 11º filme da franquia Halloween. Recebida com algum ceticismo, a produção ao estrear foi rapidamente abraçada, sendo aclamada por público e crítica, o que gerou excelente expectativa em relação à continuação, “Halloween Kills: O Terror Continua“, que acaba de entrar em cartaz nas salas de cinema em todo o país. Leia a crítica do 1º aqui.

Tanto Halloween, quanto Halloween Kills, foram acompanhados de perto por John Carpenter e Jamie Lee Curtis – com cargos na produção –, respectivamente, diretor e estrela da cultuada produção de 1978, que deu início à saga. Caso você não saiba, é preciso dizer que o filme de 2018 é uma sequência direita do que foi realizado há quatro décadas, rejeitando todos os outros ora produzidos, e o melhor, a continuação não só mantém o cuidado do predecessor, como a maximiza com ótimas escolhas, incluindo o retorno de alguns personagens. Ah, é preciso dizer que essa nova empreitada resultará em uma trilogia que se encerrará em outubro de 2022, com a estreia de Halloween Ends.

Antes de analisar os desdobramentos do roteiro, precisamos elogiar a direção de David Gordon Green. Ao assumir a cadeira nesta trilogia, Gordon Green que já havia se destacado no primeiro, apresenta evolução em Halloween Kills com decisões e tomadas formidáveis, outros fatores técnicos também devem ser enaltecidos, como a montagem de Tim Alverson; a fotografia de Michael Simmonds, com belíssimas imagens em meio ao caos; e a trilha sonora por John Carpenter – responsável pelo score original –, que tem a contribuição de Cody Carpenter e Daniel A. Davies. Enfim, notáveis cuidados técnicos que ampliam toda a experiência.

Em relação ao plot e ao seu desenvolvimento durante a projeção, o primeiro ato – com destaque à sequência de abertura – entrega um primoroso exercício cinematográfico que provavelmente influenciará muitos títulos de terror, pois consegue sincronizar o passado e o presente no roteiro, para em seguida dar forma ao conteúdo a ser apresentado, o que atualmente não é uma tarefa das mais fáceis, pois produzir um entretenimento que agrade aos fãs antigos de uma saga e a impaciente plateia acelerada nos dias de hoje é um ofício complicado, mas felizmente bem-vindo ao equilíbrio.

⚠️Alerta: Cuidado ao adentrar à cidade de Haddonfield, durante a projeção nós espectadores somos presenteados com uma série de sensações agoniantes, em que é impossível ficar indiferente e não se mexer constantemente na cadeira. A violência apresentada pela entidade sobre humana conhecida como Michael Myers – em posse de uma máscara ainda mais assustadora –, pode chocar em vários momentos.

Andi Matichak, Jamie Lee Curtis & Judy Greer

Mas equivoca-se quem acha que o filme foca apenas na violência imposta e exposta por Myers ou pelo núcleo da família Strode, representado por Laurie (Jamie Lee Curtis), Karen (Judy Greer) e Allyson (Andi Matichak), perfazendo a matriarca, a filha e a neta. O script por John Carpenter, Debra Hill e Scott Teems tem outras camadas e de forma metafórica nos mostra o quanto as fakes news, o ódio e o cidadão armado criam variáveis que pioram a sociedade.

Se for fã boas histórias de horror ou franquia Halloween, caso possa, vá ao cinema ainda hoje. #ficadica

¹Subgênero dos filmes de terror que tem como sustentação serial killers e muitas mortes com requintes de crueldade.

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