Dirigido por Lana Wachowski, uma das irmãs Wachowskis, que foram as responsáveis pela trilogia icônica da franquia, “Matrix Resurrections”, o quarto filme chega aos cinemas promovendo a volta dos astros Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss reprisando os papéis de Neo e Trinity.

Quem é leitor do Na Rota do Rock sabe que odeio falar mal de qualquer filme, prefiro acreditar que os esforços para a realização devem ser celebrados, o problema é quando se trata de uma franquia que naturalmente acumula hype como Matrix e o estúdio retribui com uma decepção gigante. A bem da verdade, creio que os posters promocionais anteciparam o que estava por vir, era um mais feio que o outro.

Com duração aproximada de 2h30, é honesto dizer que “Matrix Resurrections” não é de todo ruim, a primeira hora de projeção é interessante, pois estabelece conexões entre a trilogia e a nova produção, por meio da linguagem cria laços com um possível novo público, tal qual os anteriores faz uso da filosofia e aproveita para questionar ou refirmar tendências da indústria cinematográfica.

A partir do tempo indicado a coisa fica problemática, pois vão se acumulando personagens sem carisma, vale dizer que a culpa não é dos atores, afinal o cast é bem escalado e nomes como Yahya Abdul-Mateen II, Jessica Henwick, Jonathan Groff, Neil Patrick Harris e Priyanka Chopra garantem boas atuações em qualquer longa, mas que em “Matrix Resurrections” além do salário, receberam a ingrata tarefa de fazer caras e bocas ou aparecer do nada como se não existisse um roteiro a ser seguido.

Ok, o ator Keanu Reeves nunca foi celebrado por grandes atuações, mas o carisma compensava qualquer desvio de formação artística, desta vez parece um clone do Nicolas Cage; a personagem Niobe, vivida por Jada Pinkett Smith, está parecendo a Vovó Zona, graças a uma maquiagem risível. A nossa querida Trinity, vivida por Carrie-Anne Moss, também está meio perdida, mas os temas de feminismo e power girl foram atribuídos de forma natural, sincera e justa, em momento algum parece apenas lacração para angariar pontos.

A nostalgia e o fan service são ótimos atributos quando se mergulha na releitura de produções estabelecidas na história do cinema, mas em “Matrix Resurrections” eles também falharam. Só para citar: o retorno de um personagem importante para a franquia é apresentado de uma forma vergonhosa.

Trocando em miúdos, “Matrix Resurrections” também é fraco tecnicamente, a trilha sonora por Johnny Klimek & Tom Tykwer é cansativa; a canção “Wake Up”, do Rage Against the Machine, que encerrava o filme de 1999 e encerra também o novo foi totalmente destruída em uma nova versão, o acidente é tão feio que não quero nem saber quem foi o responsável ou canta; a fotografia e a direção de arte são preguiçosas; e os efeitos especiais que na trilogia Matrix encantaram e mudaram a indústria não apresentam NADA de novo. Decepcionante!

As ‘lutinhas’ cansativas, a homenagem à Vovó Zona, drama digno de novelas como Maria do Bairro, clímax que parece filme de zumbi e por aí vai; dentre as estreias blockbuster nos últimos anos, “Matrix Resurrections” é um dos grandes erros da indústria, pode ser que uma boa bilheteria desminta os críticos, mas é natural dizer que CAFONA é uma boa palavra para adjetivar e resumir a produção.