Assista ao show de uma banda em sua cidade de origem, daí você terá a real noção do que ela representa para a cena. Felizmente ao longo dos anos, tive a oportunidade de testemunhar ótimos exemplos, como a Legião Urbana na conturbada e derradeira apresentação na cidade de Brasília, Os Paralamas do Sucesso, no Morro da Urca e O Rappa na Fundição Progresso, ambos no Rio de Janeiro, dentre outros exemplos. No último 21 de maio, ao presenciar o show da Dona Cislene, no festival Rock Sem Fronteiras, adicionei mais um à lista, graças a onda simbiótica envolvendo banda e plateia, em uma troca de energia ímpar, capaz de emocionar e/ou empolgar e corações e mentes.
Formada Bruno Alpino (vocal e guitarra), Guilherme de Bem (guitarra), Pedro Piauí (baixo) e Paulo Sampaio (bateria), a Dona Cislene possui carisma, show energético e arranjos que agradam roqueiros de várias vertentes. Nunca havia escutado ao vivo o repertório completo, perfazendo o álbum “Um Brinde aos Loucos”, o single a ‘Ilha‘, a nova composição, intitulada ‘Multipersona‘ e a canção ‘Micalatéia‘, que faz parte do álbum “As Melhores Bandas do Mundo”, em comemoração aos XX anos da Cia. Comédia Os Melhores do Mundo, desta vez tive a oportunidade e o resultado foi muito interessante.
A aventura musical deu início com Paulo Sampaio surrando a bateria, iluminação focada no instrumento e a execução da ágil canção ‘Ego’ — que abre o primeiro “Um Brinde aos Loucos”, lançado em agosto de 2014 — com mensagem direta sobre sinceridade e simplicidade, palavras que representam bem a Dona Cislene, dali até o fim da apresentação, cada música funcionaria como combustível, inflamando a plateia que não teria mais a função apenas de espectador e sim de quinto integrante do grupo.
Os integrantes da Dona Cislene tem amizade quase fraternal, e esta qualidade funciona como um motor de propulsão sonoro que vai desfilando um hit após o outro, com destaque para as participações de Pedro Lacerda da Ameno em ‘Good Vibe’; Gabriel Foster – Belga em ‘Herói’; Múcio da Lupa em ‘Não Dessa Vez (Continuo em Pé)’; Tiago Freitas da ETNO em ‘Má Influência’; e, Gustavo Bertoni da Scalene em ‘Acorde a Cidade’, completamente acertadas que representaram um pouco da diversidade e versatilidade do rock de Brasília.
A apresentação dos meninos no festival RSF estimulou o acompanhamento em uníssono de várias canções e a instalação de inúmeras rodas de ‘pogo’ na pequena arena. Ao testemunhar apresentações da Dona Cislene nos mais variados palcos e eventos, assisti finalmente ao show que está tendo destaque Brasil afora, resultado de um trabalho honesto, artístico e necessário para propagar o rock em doses maciças, conquistando fãs e formando público.
O sofrido rock nacional para se reerguer, precisa de atitude, composições e comportamento como os da Dona Cislene. Obrigado meninos!
Em relação ao evento, a segunda edição de 2016 do Rock Sem Fronteiras foi excelente, posso dizer que desta vez o DJ segurou a ‘pemba’; na abertura, Kelton, mesmo com vertente um pouco deslocada, apresentou o talento de suas belas composições; e, uma galera acompanhou os cariocas da Hover, admito que me identifiquei mais com o som e a presença de palco da Medulla, que a exemplo da Hover, também vieram do Rio de Janeiro.
Foi uma ótima e inesquecível noite para quem curte verdadeiramente o rock. Que venha o próximo festival RSF, no dia 18 de junho, com Bullet Bane, Hellbenders, Banda Trampa e ETNO.
Crédito das fotos: Yvã Santos
SETLIST
Ego
Sonhos Sinceros
Micalatéia
Obsessivo
Good Vibe (Pedro Lacerda – Ameno)
Herói (Gabriel Foster – Belga)
Fim de Novembro
Jogador
Ilha
1 em 1 Milhão
Não Dessa Vez (Continuo em Pé) (Múcio – Lupa)
Multipersona
Dona Cislene
Má Influência (Tiago Freitas – Etno)
Acorde a Cidade (Gustavo Bertoni – Scalene)
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