O ano: 1986. A banda: Capital Inicial. O disco: Capital Inicial

A opinião:
Qual a chance de uma banda lançar o primeiro disco e 6 músicas de 11 gravadas se tornarem clássicos do BRock80?? Clássicos nacionais?? Esse é o Capital Inicial do Capital Inicial. O primeiro trabalho de Dinho Ouro Preto (cantor e também vocalista), Lorô Jones (guitarra) e dos irmãos Flávio (contrabaixo) e Fê Lemos (bateria) é marcado por um rock cru, direto e influenciado pelo momento social que vivia o Brasil e a entrada do rock inglês no final dos anos 70. O disco que, apesar de lançado somente em 1986, é baseado em canções anteriores, ainda compostas sobre a “administração Turma da Colina”.

Flávio e Fê eram da lendária Aborto Elétrico junto com Renato Russo. Depois da separação, o Capital ficou com os clássicos Música Urbana, Veraneio Vascaína e Fátima. Renato levou Que país é este e Conexão Amazônica para a Legião Urbana.

Da santíssima trindade do rock de Brasília dos anos 80, Legião, Plebe e Capital, o Capital foi a última a estrear o primeio álbum. Plebe e Legião lançaram seus debuts em 1985. O Capital em 86. Ah, e a voz do Dinho era muito boa… não parecia tão artifical.

1. Música Urbana
CLASSÍCO! CLÁSSICO! CLÁSSICO! Talvez a primeira música sobre Brasília feita por quem vivia/sofria na cidade com a distância cultural do restante do mundo, superada pelos contrabandos de discos e informações dos irmãos Müller, além da inquietação da supracitada Turma da Colina. A letra composta pelos irmão Lemos e Renato, também conta com a participação de André Pretorius, ícone do nascimento do rock de Brasília.

2. No cinema
Letra simples. Música simples. Canção empolgante. Uma das minha preferidas (junto com frigelis de melão) do álbum.

3. Psicopata
CLASSÍCO! CLÁSSICO! CLÁSSICO! A música de qualquer adolescente que goste de rock nacional. Quase chorei quando a banda cover que eu atrapalhava conseguiu tocar (mal) a música e eu consegui (pior ainda) cantar. Nada contra o Francisco Couco, mas a citação sobre ele na letra é maravilhosa. Guitarra forte. Baixo e bateria alinhados. Indignação na voz de Dinho.

4. Tudo Mal
A minha preferida. Não virou clássico mas para mim é uma música especial. “Quem sabe algum dia/Vamos entender o que passou/Descobrir quem foi que errou”. É uma música de autonomia. É uma música de progresso. É o egoísmo saúdavel.

5. Sob Controle
Acho que quando o Capital Inicial fala que tem vergonha dos anos 80, acho que estão falando dessa música. Fraca. Mas totalmente aceitável para primeiro trabalho.

6. Veraneio Vascaína
CLASSÍCO! CLÁSSICO! CLÁSSICO! Música semi-eufemista de subversão à políça. Arranjos agressivos. A letra é um pouco preconceituosa quando fala que somente o pobre quando nasce com instinto assassino vai virar PM. O rico vira o quê?? Deputado ou Senador?? Esquece, deixa pra lá… Mesmo assim, é uma música que quando começa a tocar (a versão original, não o crime do acústico) não tem como ficar parado e não entrar na roda.

7. Gritos
Mais uma música que entrou para o rol de esquecimento. Nada a acrescentar.

8. Leve desespero
CLASSÍCO! CLÁSSICO! CLÁSSICO! Porém manchada pelo sucesso que fez no acústico e posterior pedidos feito pelos fãs de “Toca Natasha”. E, como diria meu sábio colega surdo, melhor natasha do que noprego. Mesmo assim é inegável o estrondoso sucesso que a música fez. Uma letra extremamente ácida. Uma música de auto-reflexão.

9. Linhas Cruzadas
Rockzinho leve, letra lacônica e desilusão amorosa. Junte esses 3 ingredientes e tenha uma das melhores músicas lados B do Capital.

10. Cavalheiros
Nada demais. Boa letra mas melodia aquém.

11. Fátima
CLASSÍCO! CLÁSSICO! CLÁSSICO! Uma das mais belas composições do BRock de todos os tempos. Arranjos extremamente complexos para o período em que foi composta. Versão perfeita no ao vivo de 1996. Música atempestiva. Tem o melhor final de música de todos os tempos, com aquelas viradas de bateria e os solos de guitarra. Foi trilha de musical de várias noites à procura do que fazer em Brasília e de diversas rodas de violão.

Se gravarem no DVD ao vivo Tudo Mal, eu tatuo o Dinho nas costas.

Atenciosamente,

Farinha