Quem me conhece, sabe que minha verve roqueira não foi talhada graças aos Beatles, concordo que os rapazes de Liverpool tem sua contribuição ímpar para o rock, mas não compactuo com o pensamento de que foram fundamentais, em minha opinião, eles tem o mesmo papel de nomes como Rolling Stones, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Elvis Presley e alguns outros.

Meu besouro favorito sempre fora John Lennon, talvez por isso nunca tenha tido a sagacidade de acompanhar a contento a obra de Sir Paul McCartney. Que m**** que fiz, será que ainda tenho como recuperar o tempo perdido? Bem, caso a resposta seja positiva, um passo foi dado naquele domingo, 23 de novembro de 2014, no estádio Mané Garrincha.

Contando da chegada ao estádio ao encerramento da apresentação, foram quase 9h horas de chuva ininterrupta, incluindo aí 1h10 de atraso para o Sr. MacCa subir ao palco. Tenso!

9paul_mccartney_bsb_show_fo

Mas não é que todos os problemas se diluíram como mágica? Muito bem acompanhado dos músicos Paul “Wix” Wickens (teclados), Brian Ray (baixo e guitarra), Rusty Anderson (guitarra) e Abe Laboriel Jr. (bateria), o ex-beatle, desde o primeiro minuto presenteou a plateia com muito carisma, um repertório sensacional e abusando da língua portuguesa. Frases como “aqui está bombado”, “está música está no meu novo seidê (CD)” e “estamos finalmente em Brasília”, dentre outras que arrancaram aplausos e risadas completaram a receita da empatia do inglês.

Uma vez me disseram que apresentações internacionais, não tem muito que ensinar a nossos técnicos brasileiros. Que já evoluímos. Bullshit! Pelo menos no quesito iluminação, há tempos eu não babava com um conjunto tão perfeito de luz, com efeitos quase tangíveis. Do resto, truques já ensaiados e executados por outras atrações do mundo da música, mas que nunca saem de moda, como os efeitos pirotécnicos em “Live and Let Die”, o palco elevado durante “Blackbird” e “Here today” ou a chuva de papel picado ao final, deram charme a apresentação do Sr. McCartney.

Com 39 canções e a duração média 2h45, a perna candanga da turnê mundial Out There do super astro Paul, se despediu do Estádio Nacional Mané Garrincha deixando um gostinho de quero mais. Exemplarmente executado e ensaiado, Paul dedicou “My Valentine” a esposa Nancy, “Something” ao amigo George e “Here Today” a John Lennon. O nível de simbiose palco e plateia é tão elevado que até a bobinha “Ob-La-Di, Ob-La-Da” diverte horrores e a breguinha “Hey Jude” – culpa do Kiko Zambianchi – emociona com o fantástico coro de NA NA NA NA NA entoado em uníssono em cada um dos cantos do estádio.

paul_mccartney_bsb_show_fot2

Não posso finalizar a resenha sem citar a matadora sequência de “Band On the Run”, “Back in the U.S.S.R.”, “Let It Be” e “Live and Let Die”, tampouco as execuções avulsas das maravilhosas “Day Tripper”, “Get Back”, “Yesterday” e “Helter Skelter”, esta última incendiou meu sistema nervoso. Inesquecível!

Só quem foi ao estádio tem a exata noção do que se passou naquele show, emoção à flor da pele, principalmente também pelos celulares que criaram um novo céu estrelado nas arquibancadas, nos fazendo sonhar.

Parafraseando o coelho Pernalonga: Que é que há velhinho? Sir. Paul McCartney me ganhou! Pretendo ter a oportunidade de vê-lo em ação novamente.

Obrigado aos que não me deixaram desistir de ir ao evento, como meus amigos Marcos Pinheiro, Joyce Moraes, Xico Mendes e Figurótico Pineschi.

Bem, nada mal, da história do rock, posso me gabar e dizer que já vi um Beatle, o rei do blues: B.B. King, os reis do punk rock: Ramones, os fodásticos do pop rock mundial: U2 e a galera do mal: Black Sabbath. Valeu Deuses do Rock!

Em tempo:

1) O nome da noite foi Kiko Zambianchi, lembrado por sua flácida versão mega hit de “Hey Jude” e pelo refrão: Se o meu corpo virasse sol, minha mente virasse sol, mas só chove e chove. Chove e chove ôô, da canção “Primeiros Erros”.

2) O vídeo que serve de intro para o show é super longo, quase um longa metragem.

3) Achei engraçado momentos antes de Paul entrar, quando a galera começou a chamá-lo: paul, paul, paul, paul. Não sei porque, nesta hora lembrei-me do refrão daquele rap: Os Mano Pow e as Mina Pa.

4) Era proibido entrar com bastão das filmadoras GoPro. Medida excelente, no show do Linkin Park via-se mais dispositivos do que o palco.

5) Que venha os Rolling Stones.

Abaixo Setlist e Fotos: Marcos Hermes/Divulgação

Paul McCartney Setlist Estádio Mané Garrincha, Brasília, Brazil 2014, Out There! Tour

paul_mccartney_bsb_show_fot1 paul_mccartney_bsb_show_fot 13paul_mccartney_bsb_show_f 12paul_mccartney_bsb_show_f 11paul_mccartney_bsb_show_f5paul_mccartney_bsb_show_fo 6paul_mccartney_bsb_show_fo 8paul_mccartney_bsb_show_fo