A cineasta Núbia Santana dá início a exibições comerciais dos seus filmes “Caravana Cultural” e “Pra Ficar de Boa”. A diretora tem criado burburinho na cidade, ao produzir obras que se identificam com a vulnerabilidade enfrentada pelas crianças e adolescentes do Distrito Federal. Núbia inclusive em seu longa “Pra Ficar de Boa”, retrata sob um viés social, a estadia “pesada” enfrentada por internos no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (CAJE).

Assista!

A Engenho de Arte Produções promoverá dia 28 de Março de 2011 a exibição do longa-metragem “PRA FICAR DE BOA” e do Curta-metragem “CARAVANA CULTURAL”, sob direção de Núbia Santana e produzidos pela Engenho de Arte Produções.

Serviço:

R$ 8,00 inteira, 4,00 meia

Dia: 28/03/2011
Hora: 16h
Local: SESC Presidente Dutra SCS Quadra 02 Brasília – DF

Logo abaixo, saiba mais sobre o curta e o longa que serão exibidos:

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Caravana Cultural (Documentário 25 min. cor, 2010)

Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social do Distrito Federal têm um emocionante encontro com Mestres de Cultura Popular da Bahia e Rio Grande do Norte.

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Pra Ficar de Boa (Documentário, cor, 75 minutos, 2008)

Pra ficar de boa é um documentário que retrata o cotidiano de violência e abandono de crianças e adolescentes que vivem nas ruas de Brasília e de internos do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (CAJE) do Distrito Federal. Esses jovens têm em comum uma vida marcada por abusos dentro e fora de casa, drogas, crimes, guerras e morte. Contudo, essa cruel realidade não impede que os meninos e meninas deixem de sonhar com um futuro melhor. O filme foi dirigido pela cineasta Núbia Santana e patrocinado pela Petrobras.

O filme

História

O projeto do filme nasceu há dois anos, quando a cineasta Núbia Santana decidiu conhecer de perto a realidade dos meninos de rua de Brasília. Moradora de um bairro nobre da capital, Núbia passava diariamente por crianças e adolescentes que viviam nas redondezas. Em vez de evitá-los, aproximou-se do grupo e procurou saber os motivos daqueles jovens estarem nas ruas. As conversas e confidências serviram de inspiração para que realizasse seu primeiro longa-metragem, o documentário Pra ficar de boa. Na medida em que a diretora conhecia o cotidiano desses jovens, o projeto do filme foi ganhando força.

Logo surge uma forte identificação entre a diretora e a aqueles jovens de vida difícil. Única menina entre oito irmãos, Núbia trabalhou numa carvoaria em Iguaracy, no sertão pernambucano. Anos mais tarde, já em Brasília, teve sua vida transformada pelo teatro. Foi sua própria história de vida que a fez acreditar que a luta por um futuro melhor é possível e que há esperança para os meninos e meninas que vivem nas ruas da capital do país.

Filmagens

O filme Pra ficar de boa previa inicialmente a realização de um documentário com elementos de ficção. Contudo, ao longo da pesquisa, a força dos relatos conduziu naturalmente o longa para o gênero documental.

Para a construção da narrativa, duas locações foram privilegiadas: as ruas de Brasília e o Centro de Atendimento Juvenil Especializado (CAJE). Contudo, os depoimentos dos jovens marginalizados acabaram levando a equipe a outras locações. Assim, a equipe visitou familiares dos entrevistados em bairros da periferia da cidade e conversou com agentes sociais que forneceram valiosas informações sobre o universo desses jovens. Outra locação do filme é a sede do Projeto GirAção, uma organização não-governamental que promove ações junto aos meninos e meninas de rua do Distrito Federal. Todos esses depoimentos reunidos compõem um retrato vívido e perturbador sobre a perda da infância e as causas da violência.

Para adequar os depoimentos dos jovens internos do CAJE às exigências do Estatuto da Criança e do Adolescente, que protege a imagem dos cidadãos brasileiros com menos de 18 anos, a diretora optou por pintar seus rostos, ao invés de usar a tarja preta. Dessa forma, o uso da máscara permitiu que os meninos e meninas pudessem contar suas histórias sem medo ou preconceito. Além disso, tal artifício permitiu que o espectador não se esquecesse de que a dura realidade tratada na tela se referia à vida de crianças e adolescentes.

Para realizar o filme Pra ficar de boa a diretora contou com uma equipe experiente, formada pelo roteirista Di Moretti (de Filhas do vento e Cabra-cega), pelo diretor de fotografia Luís Abramo (de O quinze, É proibido proibir e Fronteira), pelo diretor de arte Pedro Daldegan (de Araguaya, conspiração do silêncio) e pelo diretor musical Eugênio Matos (de Senta a pua!). A montagem ficou a cargo de André Cardoso (de Araguaya, conspiração do silêncio) e a produção executiva foi de Chico Santana, irmão e sócio da diretora na produtora Engenho de Arte.

Festivais

Pra ficar de boa estreou no 41º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB). Exibido dentro da Mostra Brasília, teve uma projeção especial no dia 21 de novembro de 2008, promovida com o apoio dos organizadores do FBCB e Petrobrás. Nessa sessão, jovens internos do CAJE e crianças e adolescentes atendidos pelo Projeto GirAção se misturaram ao público do festival para assistir ao filme no qual são protagonistas.

Outra sessão especial aconteceu no dia 10 de dezembro de 2008, quando uma tela inflável do projeto de Cinema Itinerante da Petrobrás foi montada dentro do centro de ressocialização brasiliense. Nesse dia, os internos do CAJE puderam sair de suas celas para assistir à projeção. Na platéia também estiveram presentes familiares, jovens do Projeto GirAção, ex-internos, representantes da Petrobrás  e  autoridades do Governo do Distrito Federal.

Em 2009, o filme segue o curso dos festivais nacionais e internacionais. Já está inscrito nos principais eventos cinematográficos do país e do exterior e foi selecionado para participar do 11° Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que acontece de 29 de abril a 12 de maio de 2009 na capital francesa.

Repercussão

Silvestre gorgulho, ex-secretário de Cultura do Distrito Federal.

Se não fizermos nada pela juventude marginalizada de Brasília, “Pra ficar de boa” será considerado, no futuro, uma prévia do que assistimos em “Tropa de Elite” ou “Cidade de Deus”.

Di Moretti, roteirista

Acho impossível alguém ver o filme e não ficar minimamente envolvido. Isso se deve não só ao tema, como ao talento e à perseverança dessa menina arretada, porreta, que o fez com sua cara e sensibilidade.

Sérgio Maggio, jornalista do Correio Braziliense.

As imagens do filme ainda me inquietam. São relatos fortes e complexos que revelam o quanto me sinto impotente/alienado diante do que parece não ter solução.

Marcello Dalla, responsável pelo desenho de som e mixagem.

Delicado, suave e contundente. O filme nasceu assim, em meio a tanta violência e dor. Ouvi o choro embargado das mães, a voz áspera de asfalto dos meninos de rua, a voz oprimida, sentida e carente dos que perderam a referência do carinho e, por isso, perderam a liberdade. Ouvi tudo isso com clareza em cada detalhe, em cada palavra.

Dr. Anderson Pereira de Andrade, da Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Distrito Federal.

O filme de Núbia Santana dá visibilidade e humanidade a quem não costuma tê-las. São jovens com quem em geral evitamos contato, por mais solidários que nos julguemos. O documentário mostra que é possível extrair poesia do cotidiano de vidas que, amiúde, pensamos serem apenas a expressão do agastamento provocado pelas inúmeras privações que sofrem. São também crianças, moças e rapazes que brincam, sofrem, choram e, principalmente, têm esperança de investir toda a energia que a vida lhes presenteou na construção de sua felicidade.

Otto de Quadros, da Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude do Distrito Federal.

“Pra ficar de boa” faz uma ligação entre a vida na rua e o sistema sócio-educativo. Revela de forma contundente a criminalização da pobreza e a ineficácia da medida sócio-educativa de internação em estabelecimento educacional na capital da República. Espero que a qualidade do filme de Núbia Santana nos leve – família, sociedade e especialmente agentes públicos detentores do poder de decidir a aplicação dos recursos públicos – a aceitar o convite para diminuirmos a enorme distância que existe entre o ideal da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente e a realidade das políticas públicas.

A equipe

Direção e roteiro

Núbia Santana

Nasceu em 1975 em Iguaracy, Pernambuco. Formada em Artes Cênicas pela Faculdade Dulcina de Moraes e em Comunicação Social pela UNIP (Universidade Paulista), atuou em diferentes palcos do Brasil. Sua estréia na direção cinematográfica aconteceu em 2002, com o curta-metragem Alastrado. Em 2003 foi assistente de direção de Ronaldo Duque no longa Araguaya, conspiração do silêncio. Em 2005, dirigiu o curta Degraus. Pra ficar de boa (2008) é seu primeiro longa-metragem.

Assistente de direção

Joana Antonaccio

Colaboração de roteiro

Di Moretti

Produção executiva

Chico Santana

Direção de fotografia e câmera

Luís Abramo

Direção de arte e cenografia

Pedro Daldegan

Maquiagem e figurino

Cyntia Carla

Montagem

André Cardoso

Música original

Eugênio Matos

Som direto

Chico Bororo

Desenho de som e mixagem

Marcello Dalla

Colorista

Sérgio Pasqualino

Pesquisa documental

Celma Ioci

Heloísa Maíra

Núbia Santana

Conselheira de dramaturgia

Giovanna Quaglia