O Festival de Inverno de Brasília traz em sua segunda edição uma atração imperdível, os mineiros do Skank tocam na primeira noite (sexta, 04/07).
17 anos de carreira e a formação original se mantém até hoje, o entrosamento entre Samuel Rosa (guitarra e voz), Henrique Portugal (teclados), Lelo Zaneti (baixo) e Haroldo Ferreti (bateria) evidencia a maturidade do grupo. Isso com certeza é um dos motivos para os mineiros promoverem um espetáculo dançante e de qualidade quando sobem no palco. Quem já foi em um show do Skank sabe do que eu estou falando. A banda é um dos destaques notáveis em uma década de 90 pobre para a música brazuca.
A Obra:
1991, surge em Belo Horizonte o Skank, 1992 a banda lança seu primeiro disco independente com título homônimo. 1993 devido ao sucesso, assinam contrato com a gravadora Sony que relança o álbum remixado, e todo o Brasil descobre o som do grupo que emplaca hits como O Homem Que Sabia Demais, Tanto e Ind(dig)nação, recebendo elogios do público e da crítica.
1994 os mineiros ganharam o Brasil definitivamente com seu segundo projeto intitulando Calango, o disco traz uma versão recheada de metais para É Proibido Fumar (Roberto e Erasmo), sucesso absoluto, inclusive com um vídeoclipe bonito veiculado exastivamente no canal MTV, além de Proibido Fumar, um belíssimo clipe de Te Ver e um criativo e divertido de A Cerca tiveram bom espaço na programação. Ainda ouvimos nas rádios outras de Calango, como Jackie Tequila, A Cerca, Te Ver e Pacato Cidadão. O Skank é assim, eficiente, rápido e rasteiro.
Em minha opinião o terceiro dos caras O Samba Poconé (1996) é antagònico, é o álbum das clássicas É Uma Partida de Futebol – que reforça a paixão da banda pelo esporte – e Garota Nacional, da ótima Tão Seu, das legais Eu Disse a Ela e Zé Trindade e de outras seis desinteressantes, porque fogem completamente a proposta do que é o grupo. Os clipes de Garota Nacional “gostosas” e Uma Partida de Futebol são sensacionais.
Siderado (1998), o quarto é um dos mais legais, afinal, Resposta, Siderado, Mandrake e os Cubanos, Don Blás e Saideira arrasam e ao contrário de O Samba Poconé, as outras seis também são legais. O clipe de Resposta tem proposta interessante e bonita fotografia, já Mandrake e os Cubanos é top 10 de todos os tempos. O clipe é ágil, colorido, coreografado e mostra uma faceta do baterista Haroldo Ferretti que ninguém conhecia, para todos, o cara era o tímido da banda, e no vídeo deu um show de interpretação.
Anos 2000, no quinto o Skank preparou um disco excepcional, rumo ao experimental, Maquinarama é um espetáculo, pena que o grande público não comprou a idéia. Rebelião é simplesmente fantástica, e na cola, pau a pau, vem as canções Três Lados, Ela Desapareceu, Balada do Amor Inabalável, Maquinarama, Canção Noturna, Fica, Ali, Preto Damião. Este disco é totalmente Na Rota, hiper pavimentado, passeando pelo eletrônico, rock e reggae dancehall. O meu preferido.
Sexto disco, nenhuma coletânea, nenhum ao vivo e uma queda na vendagem, era hora de contra atacar com o Ao Vivo MTV (2001), o cd é naturalmente foda! Os caras figuram entre os cinco melhores shows do pop rock nacional, o repertório foi escolhido a dedo, a cidade de Ouro Preto/MG ofereceu uma experiência rústica e linda. Assim temos um dos maiores registros de uma banda ao vivo brazuca, o DVD é item obrigatório para qualquer colecionador, a inédita Acima do Sol é de um lirismo e prosódia impressionantes. Ainda tiveram tempo de tocar Estare Prendido em Tus Dedos, versão da canção Wrapped Around Your Finger da banda The Police, e gravada anteriormente em um tributo espânico intitulado Outlandos D’America (1998) para a banda inglesa.
A veia poética e experimental iniciada em Maquinarama, tomou a forma exata aqui, Comostron (2003) o sétimo álbum exala a beleza em timbres, notas e versos. Formato Mínimo é maravilhosa ao narrar poeticamente um encontro e uma noite de amor, impossível não se prender a canção. Não para por aí, ainda posso destacar os hits Amores Imperfeitos, Vou Deixar e Dois Rios, e coisas superlegais como Supernova, As Noites, Pegadas na Lua, Por um Triz e Nômade. Um disco atípico e muito, muito bom mesmo, flertando com o movimento clube da esquina, anos 60 e até Beatles. Psicodélico!
O oitavo é para figurar na coleção, Radiola (2004), foca mais nos álbuns Maquinarama e Cosmotron, tem duas inéditas, uma autoral chamada Um Mais Um, que deveria se chamar Zero a Zero, porque pouco acrescenta a obra da banda, e um cover do Gilberto Gil para a música Vamos Fugir, ótima releitura, sucesso em todas as mídias, inclusive toque de celular, até eu aderi à febre. Já que a coletânea foca nos dois discos citados eu teria tirado a versão chata em inglês para Tanto e substituído por Rebelião.
2006, nono disco, Carrossel tem uma proposta interessante, mas não chega aos pés de Maquinarama e Cosmotron, não tem os hits de Calango e nenhum clássico como Samba Poconé. Mas é um Skank, tem o seu valor, o álbum com mais elementos rock entre todos os outros da banda. Destaco Eu e a Felicidade, Uma Canção é pra Isso e Mil Acasos.
Os três DVD’s são ótimos, Ao Vivo MTV (2001) por ser histórico – motivos acima -, Videografia (2002) por nos apresentar a estética da banda com excelentes videoclipes e o Multishow ao Vivo – Cosmotron (2003) por registrar uma das turnês mais legais da banda.
Atualmente a banda desfruta do sucesso da canção Beleza Pura, releitura da canção de Caetano Veloso, tema da novela Beleza Pura da Rede Globo, e prepara em estúdio um novo álbum.
Vá ao FIB, deixe o Skank aquecer sua noite com grandes canções, emoções e um sensacional show!
Serviço do 2º Festival de Inverno de Brasília, clique aqui e vá ao final da matéria.
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