Em época de Copa do Mundo, “Sicário: Dia do Soldado” investe na tática, ou melhor, no tático militar. A produção que deveria ser uma continuação de “Sicário: Terra de Ninguém” (2015) teoricamente se prende em alguns elementos de seu antecessor, mas no bojo, prefere seguir um novo caminho.

Utilizando de temas atuais, o roteiro de “Sicário: Dia do Soldado” se preenche com dramas recorrentes no noticiário, como a assustadora sombra do terrorismo e o contrabando de pessoas na fronteira do Texas – estado divide os Estados Unidos do México –, para deixar o espectador vulnerável e desconfortável.

O mérito desta força gravitacional que puxa a plateia para baixo é de Taylor Sheridan. O escritor que já havia assinado o primeiro “Sicário” se destacou por “Terra Selvagem” (2017) e também por “A Qualquer Custo” (2016), que lhe rendeu a incrível marca de 45 indicações a premiações por roteiro original, incluindo o Oscar e o Globo de Ouro, conquistando 12 destes prêmios.

A direção agora ficou a cargo de Stefano Sollima, que tem a ingrata missão de substituir o genial Denis Villeneuve, mas pela minha percepção, o italiano Sollima acertou na maioria de suas escolhas, principalmente por possuir em seu currículo duas obras policiais elogiadas em seu país: “ACAB – All Cops Are Bastards” (2012) e “Suburra” (2015).

Outro destaque fica por conta das atuações de Benicio Del Toro (Alejandro Gillick) e Josh Brolin (Matt Graver), protagonistas do primeiro filme e atores de primeira grandeza que desempenham suas funções artísticas com precisão; desta vez, bem acompanhados da jovenzinha de 16 anos, Isabela Moner, que já havia despertado atenção por sua participação em “Transformers: O Último Cavaleiro” (2017).

O filme gera percepções diferentes, de antemão já aviso que gostei, não achei tão bom quanto o antecessor, mas fui fisgado pelas qualidades versadas nos parágrafos anteriores, cabe reforçar o peso que é descarregado em nossos ombros em vários momentos.

Qualquer ser humano que tenha empatia irá se sentir incomodado com a dor causada pelos cartéis de drogas e terroristas. O desconforto é reforçado pela música composta por Hildur Guðnadóttir que nos derruba a cada acorde orquestral e batidas eletrônicas em consoante com a fotografia a cargo de Dariusz Wolski, carregada em uma angustiante atmosfera de tons amarelados e sem vida, retratando a desesperança desértica.

Gostei também da apresentação de todo o aparato bélico militar, temos sequências críveis e incríveis que elevam os níveis de adrenalina e testosterona.

Enfim, “Sicário: Dia do Soldado” se mantém na rota, pena que tem alguns buracos, mas sem dúvida alguma recomendo. Confiro-lhe nota 7.5!

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