Cada voz, cada timbre tem a sua peculiaridade e se “adequa” mais a um tipo de música. Algumas bandas infelizmente, não tem produtor musical, ou se tem ele não é um bom profissional, daí o repertório fica bem ruim. Vamos começar com a banda Fistations, uma banda que faz um som punk rock. Vejam o que eles dizem no release (um resumo) da banda no Trama Virtual:
“Tal qual Malcon Mclaren montou os Pistols e os jogou no mercado, o Zona Punk Compact Discs apresenta pro Brasil a mais nova” grande farsa do rock n’ roll “: Firstations. Se você acha que o cenário está perdido por causa do estabilishment de franjas e munhequeiras cor-de-rosa, agarre-se à salvação.O grupo apresenta punk rock com influências 77 e 94, duas gerações se encontrando em prol da perpetuação do legado da música punk, dando novo gás ao cenário brasileiro .O Firstations já chegou as lojas com o seu debut-album “Punk Rock Station” com o melhor da música punk em 18 faixas energéticas e não se desculpa por isso.”
Eles são bem engraçadinhos não é mesmo? E agora vem minha crítica: os caras gravaram TODAS as músicas do repertório em inglês! Isso mesmo gente, em inglês! Nada contra bandas que gravam uma ou outra música em inglês, é bacana. Mas, no cenário underground onde as bandas geralmente não obtêm sucesso comercial ou uma visibilidade nos meios de comunicação (com exceção da internet), como uma banda que não é conhecida grava um cd com o repertório todo em inglês!!! É difícil de entender, mas para quem quiser conferir o som deles clique aqui.
Agora vem uma banda que mudou o seu repertório, o seu estilo musical: Forfun. No início a banda tinha um estilo emocore, punk rock, com letras bem centralizadas em conflitos amorosos e curtição. Em 2007 a banda gravou o cd “MTV Ao Vivo 5 Bandas de Rock” um álbum produzido pela MTV que reuniu Forfun, Fresno, Moptop, Hateen e NX Zero. A banda conseguiu um enorme reconhecimento com a gravação deste cd. Em 2009 a banda lançou o disco “Polisenso”, que veio com uma sonoridade bastante diferenciada dos outros álbuns, tendo agregado ao som muitos elementos eletrônicos, e elementos dos mais diversos ritmos, como o reggae, o dub, o funk e ritmos latinos.
No que diz respeito às letras das canções, a banda adotou uma postura mais séria e crítica, falando de liberdade, espiritualidade, questionando os valores da sociedade moderna e até alguns ataques à história do Brasil e de toda a América do Sul (na música “Escala Latina”). Compare dois trechos de músicas da banda para vocês terem uma idéia da diferença:
Cara esperto (antes da mudança): “Não sei por que minhas pernas tremem e eu perco o ar, quando pego o elevador. Você mora no décimo primeiro andar, no fim do corredor. E eu finjo que tanto faz, por mim tá tudo bem, será que viro o boné pra trás ou fico sem?As flores são legais, o meu cartão também, mas quando eu toco a campainha e você vem”.
Escala Latina (depois da mudança): “Navios negreiros não cruzam mais o oceano, mas o trabalho e o dinheiro continuam escravizando. Impondo ao mundo a cultura do capital, materialismo, acumulo e o pensamento individual. Abstrairei os ataques da propaganda e os valores egoístas que eles vêm para pregar. A mentira secular de trabalhar para viver e a rotina angustiante de viver pra trabalhar”.
Diferente não é? Se você quer ouvir o novo estilo musical do Forfun clique aqui.
Quando o repertório utilizado pelo músico, está em um nível muito diferente do repertório que as pessoas de um certo grupo tem o costume de ouvir, existe incompatibilidade de níveis de repertório e a apreensão por parte das pessoas que escutam tal música, fica bem difícil. E você, conhece um músico, uma dupla ou uma banda que tem um péssimo repertório, ou que mudou de repertório e ficou bem melhor? Comente aqui!
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