Quem conhece as crônicas de Luís Fernando Veríssimo, seja através de uma de suas obras, seja pelo quadro A Comédia da Vida Privada do Fantástico, conhece o seu jeito engraçado e divertido de escrever.
Sempre falando de coisas normais do nosso dia-a-dia e de problemas do cotidiano das pessoas, Veríssimo nos faz ver o lado bom das coisas. Nos faz desestressar. Rir até mesmo dos problemas da vida e perceber que não somos os únicos a vivenciar essa ou aquela problemática.
Nesta quinta-feira, dia 25, estará em ação mais uma edição do Quinta Crônica onde os textos do referido autor estarão serão dramatizados. O projeto terá ainda a participação do músico Alex Souza e do cronista brasiliense Roberto Klotz que falará sobre o estilo e a linguagem de Veríssimo. Outra grande notícia, o evento é aberto ao público em geral e com entrada franca.
E para terminar esta postagem, gostaria de transcrever abaixo um dos textos deste grande escritor brasileiro.
“Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade. Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos. Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. …e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco. Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração. Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria. Baterá descompassado muitas vezes. E sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós. Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. …
E é assim que se rouba um coração, fácil não? Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então! E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida a fora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém… é simples… é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você.”
Serviço:
Local: Auditório do Cefor – Centro de Formação e Treinamento da Câmara dos Deputados
Endereço: Setor de Garagens Ministeriais Norte, Via N3 Coordenação de Transportes da Câmara dos Deputados (atrás dos anexos dos Ministérios)
Horário: 19h
Abraços a todos;
Carlos Henrique.
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