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Com a simplicidade atraente permitida pelo rock, guitarras de acordes precisos, bons vocais e versos que remetem a alguns locais da cidade de Fortaleza, origem da banda, a canção “Massassara” que abre o álbum de estreia dos Selvagens à Procura de Lei lançando neste ano com título homônimo, é um trabalho repleto de dignidade e com ótima produção de David Corcos, responsável pelos ótimos discos Das Kapital e Saturno do Capital Inicial.

As demais faixas dão continuidade a um trabalho coeso, admirável e esperançoso para o rock nacional. Posso dizer sem medo que os SAPDL abrem uma nova fase para o gênero. Precisamos desatar o nó que nos prende a bandas engraçadinhas, coloridas e os roqueiros com cabelo do Neymar criados com leite de pera.

Vejo nos Selvagens à Procura de Lei a chance da ruptura e a oportunidade de outros grupos de qualidade aparecer na mídia com um bom trabalho divulgado por grandes gravadoras. Precisamos de um novo boom para o rock brazuca e esses garotos bebem na fonte próspera e não datada. Afinal, o rock é assim, dá o direito de soar do presente Foo Fighters ao passado de John Lennon com a força da inspiração.

Além de “Massassara”, vale destacar também outras faixas:

“Brasileiro” é uma obra interessantíssima, belo tapa na cara do indivíduo tupiniquim. Recheada de versos exatos como ‘Porque eu sou brasileiro, meu ano só começa quando passa fevereiro’ é obrigatória!

A faixa “despedida” é forte e inesquecível. Com melodias marcantes e vocais fortes. ‘Bem que eu queria te ver, mas não posso, porque meus olhos estão encharcados’.

“Carossel em Câmera Lenta” inicia como uma lembrança a “Big Me” do Foo Fighters e descamba em um bom rock n’ roll embalado por versos inteligentes como ‘Dentro de nós jovens adultos vão querer nos sufocar…’ que descrevem o fim de uma relação.

“Mar Fechado” é angustiante, aquela canção que dói de tão de densa e linda. Talvez o retrato mais próximo de um Cazuza que poderíamos chegar em um grupo da nova geração. ‘Antes mesmo d’eu cair no mar e como era de esperar, eu vou me afogar pra nunca mais ter que te ver por aqui’.

Assim como em “Sr. Coronel” a faixa “Crescer Dói” se destaca pelo lindo arranjo lírico de piano, crescente e vibrante, que desemboca no incrível refrão ‘Crescer dói, mas essa foi a história de todos os heróis.

“Mucambo Cafundó“ me lembrou das viagens d’Os Engenheiros do Hawaii, com um rock objetivo, acelerado, intrínseco e com a cidade compondo o pano de fundo da canção. ‘Fortaleza 3:15, assim eu rondo a cidade e a cidade à noite ronda a mim’.

O SAPDL formado por Rafael Martins (vocais, guitarra), Gabriel Aragão (vocais, guitarra), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria), tem o frescor dos primeiros álbuns de bandas importantes dos anos 80, como a Legião Urbana, com uma sinceridade precisa e necessária de um discurso reto na forma de poesia que cutuca o status quo do brasileiro. O dialeto e o sotaque cearense são responsáveis pelo novo tom, dos vocais interessantes e sem soarem forçados.

Brasília tem a chance de ver testemunhar ao vivo o trabalho dos Selvagens à Procura de Lei na próxima sexta (30), às 22h35, no palco BRB do Festival Porão do Rock. Confira mais sobre o PDR clicando aqui.

No meio da galera, serei mais um mucambo. Assim espero!

Site oficial do SAPDL (clique aqui)

Assista abaixo o clipe de “Brasileiro”