“Amizade é coisa séria!”, “Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito”, são clichês necessários para se avaliar o show Outras Frequências acontecido sábado passado (01/11) no Teatro do Sesc.

Kleython Kell deve ser um cara muito amigo, pois só a amizade justifica sua aposentadoria, e eu explico o porque da minha teoria, a tão divulgada jubilação de motivo misterioso deve ser para se resguardar da sinceridade e continuar tocando ao lado de “vocalistas amigos” que acompanharam o rapaz. Foram três deles e já adianto, quando Clark disse que Murphy era um otimista ao divulgar “se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará”, ele estava com a razão, porque tudo pode piorar!

Voltando, foram três vocalistas e nenhum deles capazes de cantar a obra do Sr. Humberto Gessinger, não cairei na armadilha da falta ética, vamos deixar os nomes de lado, apenas darei minha opinião, que pelo jeito após o show ouvi ecoar de forma igualitária também de outras pessoas, provavelmente a amizade os fará dizer: – Que é isso? Foi ótimo! Ok, então foi assim, o primeiro tinha um excelente timbre para cantar em churrascaria, só faltou o indefectível teclado programado em um nota para todas as canções do repertório. O segundo, foi até rápido, um boêmio divertido para trabalhar em serestas, revivendo Waldick Soriano, Cauby Peixoto e etc. Já o terceiro, o mais agoniante de todos, seu estilo cabrito de cantar, tremulando as cordas vocais era terrível, sem contar seu blazer preto compondo um visual, estou morrendo de calor mais estou legal!

Mas o show foi bacana, era só prestar atenção nos arranjos, fazendo esforço para esquecer dos vocais. Kleython é um bom instrumentista, tem uma visão legal para a música, os outros músicos também, inclusive acompanhando bem o percurso da apresentação. Dos detalhes, Kleython é tão meticuloso que fez o possível para reproduzir fielmente a canção Pose, a pior do Acústico MTV em função da Clara (filha do Humberto). Um detalhe que escapou foi usarem algo como abafador na bateria, em alguns momentos a acústica desprivilegiada fazia os sons das batidas saltarem encobrindo o restante dos instrumentos.

Um ponto forte foi a participação da linda e talentosa violinista Vanessa, porque não lhe deram outras oportunidades, era só rearranjar todas as canções, fácil né? Ou então ela podia ficar ali no palco, ora de backing vocal, ora só olhando para os espectadores. Vacilo! Ela realmente valorizou o espetáculo. Parabéns garotinha!

Por favor, se por acaso o Humberto for assistir a esse DVD, mande uma mixagem sem os vocais e sem a participação da platéia, amigos nessas horas, podem ser imprescindíveis para comprar os ingressos, mas são terríveis para manter a atenção dos músicos, a necessidade de ficar aparecendo, fazendo piadinhas era maior que a vontade de prestigiar o show.

Finalizando, que Kleython não pare e que venha logo um show da banda cover “Longe Demais da Capital”, pelo menos nessa, além de ser legal como o Kleython, a Vanessa e demais músicos, os vocais são bacanas e sem reinvenções desnecessárias.

P.S.: Gostaria de agradecer o espaço que nos foi dado para o sorteio de camisetas, ótima idéia prontamente arquitetada por Daniel Farinha. Valeu!