Acho engraçado o comportamento humano, é fácil “bater” o olho em alguém e logo julgar, posso até me tomar como exemplo, durante a semana em função do trabalho ando de terno, gravata e cabelo penteado, os transeuntes devem passar, ver e pensar, que cara austero, deve ser um advogado, muito legal. Agora, se me vissem no final de semana, cabelo solto, ou boné, camisa regata e tatuagens à mostra, o pensamento seria outro: – Credo! Isso deve ser um maconheiro maluco, que coisa horrível!
Eu tenho essa dificuldade em relação às pessoas que curtem ritmos musicais nos quais execro, nunca sei se estão lá apenas por diversão – que no caso ainda é ruim – ou se realmente gostam daquilo.
Sou uma incógnita que os roqueiros mais radicais não conseguem entender, assim como não consigo entendê-los por ouvir só de um estilo, seja ele metal, punk, hardcore e etc. Na minha concepção o mau entendimento é mútuo porque a sonoridade hoje é universal, do Blues nasceu o Rock e deste outras vertentes, e o mesmo foi se enraizando em ritmos diversos e crescendo como um grande Frankenstein ou um mutante enfurecido.
O trabalho “setentão” com seus riffs e bateria seca e o progressivo com seu som virtuoso e muito bem trabalhado, foram os responsáveis pelo surgimento do heavy metal, que se desenhou nos anos 70 pelo Black Sabbath e ao longo dos 80 foi se desmembrando como uma árvore balançando suas folhas secas ao vento, e cada uma dessas diferentes foi se afastando da sonoridade original a partir dos 90. Em matéria de separação temos o clássico, trash, death, funk metal, grunge, nu-metal e etc. Cada um desses faz com que seus fãs se confrontem como se sua vidas dependessem disso, eu não, estou satisfeito em gostar de música, me permito o Kiss e não Manowar, simpatizar por alguma coisa do Iron Maiden e detestar Helloween, adorar Red Hot Chili Peppers, System of a Down, Nirvana, idolatrar o U2 e ser fã, muito fã mesmo de Rock Nacional, inclusive Engenheiros do Hawaii que muitos odeiam, pena que a versão tupiniquim tenha se perdido a partir dos anos 90, quanta coisa ruim vem aparecendo de lá pra cá.
Gosto de várias bandas, de várias canções, jamais abdicaria do meu direito de ser eclético em relação ao rock, que se dane, encaixando-se perfeitamente no meu ouvido está de bom tamanho.
Tá certo! Tá certo, tem coisas que são terríveis de agüentar, o tal do “Emo” que mais é um modismo, trata-se de uma manifestação capenga, um cruzamento de gótico, drag queen e marilyn manson com uma pitada de Nelson Gonçalves entoando o “clássico” A Volta de um Boêmio, e um corte de cabelo risível, é triste a cara desses garotos ou até mesmo escutar esse sonzinho chinfrim que eles curtem, aquele “I’m sorry, I can’t be perfect do Simple Plan” é de “lascar”, qualquer uma das bandinhas desse tipo são dignas de um furacão Katrina. Em contrapartida, o grunge que foi muito criticado pela galera metal era muito bom, até porque nos trouxe Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden e outros, fora que ajudaram a divulgar outras bandas como o Red Hot. O Nu-metal tem coisas espetaculares também como Korn, System of a Down e etc, o mal do Nu-metal é que serviu de embrião para os “emos“.
Apesar de me encaixar num perfil roqueiro, me recuso a usar um “tapa olho”, não sou cavalo, detesto olhar só para frente, adoro observar para os lados e descobrir coisas novas, desde que tenha qualidade. Por exemplo, não gostei do CD Eu Tiro é Onda do Marcelo D2, porque é o autêntico Hip-Hop e não faz meu gênero, os outros A Procura da Batida Perfeita, Acústico e Meu Samba é Assim são fabulosos, a mistureba de hip-hop, rap, samba e outros elementos valorizaram o trabalho do vocalista da extinta Planet Hemp, acredito que ele está perto de encontrar sua batida ideal.
O modismo na música incomoda e sempre incomodará, e o tempo se encarrega de separar o joio do trigo, afinal o estilo é você quem faz, abomino pagode e forró, adoro Bezerra da Silva e Luiz Gonzaga respectivamente e por aí vai.
Se permita gostar de outras coisas, isso é essencial para o crescimento musical de qualquer um, não suporto bossa nova, mas ela foi importante para o desenvolvimento da MPB, é assim mesmo, tem coisas de qualidade que não gostamos mas podemos curtir outras é só procurar. Abra seus horizontes! Não gosto de fado, hebraica, céltica, relaxante, mas valem, eu não me interesso, pra você pode ser que sim. A ordem de dia é experimentar!
Abração!
No Responses to “O Julgamento de quem gosta de Música”