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Resenha + Entrevista + Fotos

1h45. O Capital está de volta à cidade, oito meses após o acidente com Dinho, para apresentar seu novo CD, intitulado ‘Das Kapital’. A banda abre o show com “Ressurreição”, faixa do novo álbum, emenda com “4x Você” e executam mais uma nova, desta vez “Como Se Sente”.

Com vigor impressionante, o Capital com “Que Pais é Esse”, aquece definitivamente a noite gelada da quarta edição do Festival de Inverno, seguindo com “Respirar Você”, a velha guerreira “Natasha” e “Como Devia Estar”. Após sorrisos, caras e bocas, Dinho faz seu primeiro contato com a plateia: – Obrigado por esperarem até tarde. || Antes do show dei uma entrevista no camarim e falei da responsabilidade de estar aqui hoje com vocês. ||  Estou feliz pra caralho de estar de volta. || Bem vindos, hoje vai ser uma longa noite. || Vamos fazer o show novo completo, apenas sem luzes e sem o cenário novo! Que são os painéis de led. || Vamos com algumas coisas novas e antigas. || Essa é a primeira música do Flávio e do Fê, logo no início. E para delírio dos fãs antigos, assim como eu, tocam “Leve Desespero”. Como é uma canção do álbum ‘Acústico MTV’, todos sabiam na ponta da língua.

O show continua com mais uma nova, “Vamos Comemorar”, a clássica balada “Fogo”, que Dinho erra a letra, ao invés de ‘você nunca se arrepende’ ele canta ‘você nunca compreende’ :D, seguida por “Não Olhe pra Trás”. O Capital agora executa sua versão clássica para “Primeiros Erros” de Kiko Zambianchi e Dinho faz novo contato: – Existem coisas que nos separam, como a política, mas a música não,  a  música nos une. || Agora eu sou o sacerdote de vocês e quero as 16.000 mãos aqui para cima. Pedido messiânico atendido e mais uma do novo disco, “Marte em Capricórnio”.

Dinho anuncia as canções do Aborto Elétrico, compostas por Fê e Flávio, então, em uníssono cantaremos “Fátima” e pularemos com “Veraneio Vascaína”. A banda segue com a tradicional cover “Mulher de Fases” dos Raimundos, devidamente incorporado ao repertório do Capital, seguida pelo single “Depois da Meia Noite”, a quinta e última do disco novo a ser executada. Dinho veste uma camisa da campanha Anti Crack, faz um discurso contra a droga, conta uma piada sobre Keith Richards (guitarrista do Rolling Stones) associada a entorpecentes. || E diz que espera estar de volta esse ano com o show completo. Leia-se completo, além do set, com o cenário (abaixo na entrevista, Dinho fala sobre).

No bis, “Whole Lotta Love” do Led Zeppelin e “Independência”. Em razão do horário, infelizmente a banda deixa de lado “Todas as Noites” e “Algum Dia” que estavam previstas no setlist.

Assim, de forma impressionante, o Capital encerra a segunda noite do FIB2010. Sucessos e muita energia foram a tônica da apresentação. É bom ver a banda de volta, firme e forte! DO CARALHO!!!

Uma constatação, é que o vocalista Dinho é o novo ‘Wando’ da música brasileira, onde soutiens e outras peças são arremessadas no palco, junto com bilhetinhos e outros mimos. Por incrível que pareça, até homens participam dessa histeria. É um misto de alegria, tietagem e fanatismo, apoiados quase sempre em muito choro e emoção. O mundo da música é uma coisa tão fantástica que em alguns momentos soa até engraçada.

Gostaria de agradecer ao André Fratti e a Vibe Entretenimento pelos shows dessa maravilhosa noite e a Tato Comunicação por estar a postos sempre que precisamos.

Em relação ao terceiro dia, resolvi que o preço a ser pago para ver a Pitty iria ser alto demais (NX0 à esquerda, ‘Mallu’ca e ‘Cameló’dromo no mesmo palco, não rola!), então, não fui. #beijosmeliga

ENTREVISTA COM O VOCALISTA DINHO.

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Dinho, “Das Kapital” é a retomada de um trabalho mais rock, que soa ao vivo, como foi a produção deste álbum?

O Das Kapital pode ser associado mais ao Gigante. O Gigante é deliberadamente sem teclados, mais rock, nesse tem teclados. O Gigante é um disco “proto” para o Das Kapital, agora uma coisa mais barulhenta no sentido técnico, você ouve mais pratos, tem mais vazamento de microfones, de guitarra. O jeito que ele foi gravado é uma coisa muito peculiar, coisa que a gente nunca tinha visto isso antes. Esse garoto, garoto (risos), o cara tem 30 anos, o cara que fez esse disco David Corcos, é brazuca, aliás Francês, mas mora no Brasil desde muito cedo e fala português, sem sotaque, fluentemente. Começou a trabalhar com Planet Hemp, depois fez D2 e Seu Jorge. E estava fora do Brasil, fazendo banda de rock francesas, nós temos um amigo em comum, que é o Pedro, nosso produtor, e chegamos até ele. Nos falamos via Skype e ele nos mandou o material que estava fazendo com essas bandas francesas, e com os diálogos seguintes, a gente descobriu que ele já havia trabalhado com grandes técnicos, inclusive com gente que trabalhou com o AC/DC, Franz Ferdinand. Técnicos dos caras, como eles gravam, daí é o que a gente queria na verdade.

O conceito sonoro que eu tava trabalhando era o seguinte: O Capital já tem uma identidade, uma personalidade, uma coisa própria que nos distingue do resto, talvez, a coisa mais valiosa que uma banda pode ter, que é essa distinção, essa singularidade. Não abandonar isso, a gente queria que os fãs ouvissem nosso disco e identificassem isso, não que eles nos ouvissem e dissessem: – Caralho, o que deu nesses malucos, os caras agora querem ser uma banda de hardcore. Agora são uma banda de ultra pop. O que deu nesses caras.

Ao manter o que a gente fez e aí sim, soar como você falou, soar ao vivo. Esse é adjetivo sacou cara? A gente queria que os pratos soassem, que a voz fosse mais ‘enterrada’. O David falou que eu fui o único vocalista que ele trabalhou na vida inteira que pedia para abaixar os vocais. Eu dizia: – Tá muito alto isso, abaixa! (risos) Eu acho que não tem o padrão de gravação brasileiro, de rock brasileiro. O ‘Das Kapital’ tem a voz alta pra caralho, todos os instrumentos mais baixos, todos muito comprimidos, você não consegue distinguir baixo, não ouve a sobra dos pratos, e em relação as guitarras, era aonde estávamos mais curiosos, saber como ele gravava as guitarras velho. A gente estava acostumado a pegar um Marshall JC1800, colocar um ‘mic’ no falante e gravava, por sua vez, os efeitos, caso necessário, eles eram todos digitais e passavam pelo pod, ali era processado e aí ia para a mesa.

Dessa vez, olha só como o cara é louco, você aprende o tempo todo. Numa sala só tinha três amplificadores: um Vox, um Marshall e um Fender. Todos, você ligava o bagulho dos três ao mesmo tempo, e você não conseguia entrar na sala, isso sem tocar, só de (onomatopeia para ruído), meu, era um humming tão alto, mas tão alto que você não conseguia conversar, só de ficar na sala, imagina tocar. Não tem distorção, a distorção era natural, no pau mesmo, o cara ‘tuchando’ a p*##@ do volume. Não teve mais muito efeito do que isso, as guitarras foram gravadas assim. A micro-afinação da bateria parecia Apolo 11, microfone para tudo que é lado e pegando mais ambiência do que muitas vezes microfones mais perto dos tons, o que dá uma estridência a mais.

Na verdade o Capital é isso, os compositores são os mesmos, eu e o Alvin. Eu compus também com o Pit, irmão do Yves Passarell, compus pela primeira vez com ele, embora já tivéssemos gravado coisas dele, compomos juntos pela primeira vez. Mas a grande diferença é na gravação, e no som. O David participou do processo inteiro do disco, então por exemplo, quando a gente foi apresentar as canções para ele, tudo que eu tinha feito. Cheguei e disse: – Meu é isso aqui, (onomatopeia para uma porção de coisas), escolhe aí. E ele escolheu as canções, embora elas tenham sido compostas por mim, todas tenham a minha mão, não fui eu que as pincei, então isso dá uma certa diferença. Assim, você como compositor se envolve com as canções de um modo muito peculiar, é importante porque você escreveu, para a sua mulher, para a sua filha. Para um momento que foi importante pra você, daí alguém de fora pode ouvir e falar: – Isso não me diz nada. Então é legal você pode tirar suas mãos e falar assim, vou fazer o inverso, deixar alguém por as mãos, um produtor com a mão mais pesada, e foi o que o David fez. Desde a escolha das músicas, dos arranjos e das letras. Ele chegava e dizia: – Muda esse texto aqui que não está legal, troca aquela ali. Ou seja, é um produtor de mão pesada. Um Phil Ispector era o que a gente queria, sacou?

Um cara que se fizesse presente no disco, e acho que essa é grande diferença desse álbum para os anteriores. É aonde você tem um quinto cara muito presente, e é um cara que não vem dessa escola, desse modus operandi brasileiro, desse jeito que os brasileiros gostam de fazer, temos grandes produtores, trabalhei com eles durante muitos anos, mas está precisando de uma renovação. Talvez seja isso que o Capital buscasse, uma renovação sonora e esse disco na minha cabeça representa isso, uma mudança nesse sentido. E de novo, no repertório também, na medida que não fui eu que escolhi, deixei na mão do produtor, eu compus tudo, mas deixei ele pinçar as que ele achou as mais legais.

Então ‘Das Kapital’ é um álbum que tem muitas faixas não lançadas?

Olha cara, ele deixou de fora várias coisas que eu queria que entrassem, ele dizia:  – Não, essa música não entra, é uma merda (risos).

E a retomada dos shows após o acidente? Você está sofrendo com limitações?

Goiânia foi o 1º, antes de dar continuidade eu tive que ver como ia reagir né cara? Não sabia se meu corpo ia agüentar. Porque eu ainda tenho muita dor. O que mais tenho são dores lombares, em razão das lesões nas vértebras e nas costelas, tudo cicatrizou.

Então a energia no palco deve estar te causando muitas dores?

Esse é exatamente o problema, desliga um botão e eu não consigo me controlar, acho que foi por isso que eu caí do palco (risos). Não tenho limitação nos shows, eu pago o preço por isso, porque ainda dói e eu não consigo me comportar, me controlar e dizer: – Agora eu vou fazer um show mais calmo.

Dois anos após a gravação do DVD na Esplanada e oito meses após o acidente vocês estão de volta. Tem lá na plateia muita gente que gosta de Skank, outros do Jorge Ben Jor, mas a grande maioria veio ver vocês. O que acha disso?

Vieram ver se realmente estou vivo (gargalhadas). Acham que é mentira, esse cara é um clone, tipo o boato do Paul McCartney. O cara morreu ali e botaram outro (risos).

Tocar em Brasília é um misto de duas coisas cara. Duas coisas antagônicas, ao mesmo tempo que você toca com a paz de espírito de estar tocando em casa, e uma certa leveza de estar jogando em casa, dá até fazer uma analogia com o futebol. Você está jogando em casa, ok, tudo mais tranquilo, pô, você sabe que tem um milhão de amigos, que as pessoas te enxergam como um filho da cidade e tudo, mas ao mesmo tempo você não pode errar, por que você tá em casa. O fato de você estar jogando em casa em é ambíguo, pois ao mesmo tempo que te traz paz, te traz ansiedade. Você fica entre essas duas sensações opostas: ansiedade e tranquilidade, por mais paradoxal que possa parecer, sacou?

E o que as pessoas podem esperar desse show? Quais as canções do novo disco?

A única coisa que as pessoas não vão ver do show novo é o cenário, que é uma pena. O cenário é parte integral do show. E não cabe montar essa estrutura, trocar o palco, já que são três bandas, não tem como montar e desmontar.

Velho, reitero sobre a ausência do cenário porque é muito importante para o show novo, é a primeira vez que a gente fez um cenário inteiro feito de luz, são vários painéis de diferentes tipos de resolução. No centro tem um de alta resolução e na medida que vai se afastando, a resolução vai diminuindo, só que todos os fragmentos desse mosaico fazem uma só imagem. Velho, até eu, ontem quando eu olho pra trás eu erro a letra. É inacreditável!

No repertório, vamos tocar cinco músicas do ‘Das Kapital’: “Ressurreição”, “Como se Sente”, “Vamos Comemorar”, “Marte em Capricórnio” e o single “Depois da Meia Noite”.

Agora, duas galerias de fotos, cada uma com duas páginas. UFA! #vaivendo

GALERIA DE FOTOS 1/2

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GALERIA DE FOTOS 2/2

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Crédito das fotos: Cristiano Porfírio