A falta de vagas nos estacionamentos públicos de Brasília, constitiui um dos problemas mais crônicos da nossa cidade. Não que isto seja exclusividade dela, pois várias, ou todas as grandes e médias cidades brasileiras sofrem de tal mal. Quantos de nossos valorosos leitores já passaram minutos e minutos a procura de uma vaga em locais como Setor Bancário Sul e Norte, Setor Comercial Sul e Norte, Setor de Autarquias Sul, Esplanada dos Ministérios e várias das entre quadras comerciais do Plano Piloto onde inclusive se situam vários dos barzinhos e casas norturnas em geral da capital? Tenho a certeza que todos ou quase todos. E se tem alguém que ainda não passou por isso, ou não mora aqui ou ainda não possui carteira de motorista. E isto só para citar alguns pontos de maior confluência. Tal problema tem diversas causas, algumas delas a seguir:
1 – Brasilia é uma cidade planejada. Entretanto, planejada para 500 mil habitantes. E não para 3.000.000 como é o caso da população do DF hoje. Fruto do crescimento populacional sem planejamento e irresponsável praticado por governos igualmente irresponsáveis. Quem não ouviu falar da “farra do lote” onde se distribuía lote a quem quisesse e chegasse em Brasília independentemente do tempo de moradia no DF? É claro que qualquer governo que se preze, tem por obrigação viabilizar moradia para a população, em especial a mais carente. Entretanto, para tanto é necessário que se tenha uma política. Determinar regras e condições a serem seguidas e preenchidas pelos candidatos a lote, como por exemplo ter um tempo mínimo de residência fixa no DF. O que com certeza, durante muito tempo, não foi seguido.
2 – A falta de investimentos públicos na construção de mais estacionamentos. Pagamos nossos impostos que aliás, estão entre os mais caros do planeta. Em contrapartida, teriamos que receber do governo um os melhores Serviços Públicos do mundo. Nada mais justo, não? Entretanto, não é a nossa realidade. Temos uma alta carga tributária e temos do governo um Serviço Público sucateado e pelo menos na maioria das vezes de péssima qualidade. Começando pela falta de valorização da maioria dos servidores até a falta de investimentos, como por exemplo a falta de investimentos na construção de novos estacionamentos e ampliação dos atuais. Neste ponto, fica um grande desafio. Como ampliar no número de vagas públicas sem diminuir as áreas verdes de nossa cidade? Brasília sempre se notabilizou, entre outras coisas, pelas imensas e numerosas áreas verdes. É a cidade que tem mais árvores por habitante do mundo. E foi idealizada assim por seus construtores, como se fosse uma cidade emergindo de uma floresta. Tudo isso, para dar maior qualidade de vida aos seus habitantes. Fica aí o desafio…
3 – A facilidade em se comprar carro zero e usado. De alguns anos para cá, se tornou muito mais fácil a compra de carros. Com parcelas a perder de vista, podemos dizer que hoje, quase todo mundo pode ter um carro. Isto, fruto não só da necessidade das pessoas, mas também da sede insaciável dos capitalistas de plantão. Sede por lucro, lucro e mais lucro. Mas ainda assim, não podemos dizer que isso seja algo ruim. Pois é direito de cada cidadão ter o seu próprio carro, seja para trabalhar, seja para o lazer. E não podemos abrir mão de um direito nosso (como o de ter um carro) simplesmente porque o governo não faz o seu dever de casa. Mas é inquestionável que tal fato contribui para a piora do problema citado.
4 – A falta de um sistema de transporte coletivo e público de qualidade. Este é um problema antigo de nossa cidade. Se duvidarmos, já nasceu com ela. O sistema coletivo de transporte por ônibus do DF é um dos piores do país. Como se não bastasse o preço ser alto. Não cobre toda a cidade. Para diversos ponto de Brasília, temos que pegar dois e em alguns casos até três ônibus. Isto porque, nestes casos, não existe ônibus direto. Das Cidades Satélites para o Plano Piloto, os mesmos passam com uma certa frequência. Mas tenta pegar um ônibus de uma satélite para outra…. . São raríssimos e em alguns casos até não existe linha. O metrô, por sua vez, só atende o lado sul do Distrito Federal. Plano, Guará, Águas Claras, Taguatinga e Ceilândia. Só agora, o governo anunciou a extensão do metrô para a Asa Norte, como se só agora tivessem lembrado que o lado norte tambem existe. É fato também, que nos últimos tempos, aumentaram a quantidade de estações, com 40 mil usuários a mais e pegar o trem e conseguir um lugar para sentar, virou algo raro. Pergunto: Porque não anteciparam a compra de novos trens já sabendo que o número de passageiros iria aumentar. Não. Esperaram a coisa acontecer para aí providenciar a compra. Ninguém discute que aumentar as estações do metrô fazendo-o alcançar mais pessoas é algo benéfico. Mas porque não planejar mais e melhor?A melhoria do transporte coletivo, seja ela público ou privado, é condição essencial para a melhoria do trânsito e aumento de vagas nos estacionamentos aqui em Brasília e em qualquer parte do mundo.
É bem verdade, que com a vinda da Copa do Mundo para o Brasil e para Brasília (que está gerando também a compra do VLT), vai melhorar sobremaneira a questão do trânsito e quem sabe dos estacionamentos. Mas porque porque só assim conquistamos tais melhorias? E quando a copa passar? Vamos ficar outros 50 anos sem os investimentos adequados? Se assim fôr, os problemas voltarão a acontecer e de forma intensa.
Colocar estacionamentos privados como ocorreu no Setor Comercial Sul (SCS) e cobrar dos motoristas, também não é solução. É direito nosso ter a opção de estaciornarmos de graça. Isso porque no final das contas o que os trabalhadores iriam pagar de estacionamento no final do mês seria um absurdo. Muitos iriam trabalhar para pagar estacionamento. O que não é justo e nem correto.
Caro cidadão, o governo não nos faz favor. Pagamos nossos impostos. Prestar serviços de qualidade não é favor do governo. É obrigação. É como diz a personagem de um famoso programa humorítico: Tô pagando. Eu diria: Estamos pagando. Eu e mais tantos e tantos outros, estamos exigindo apenas o devido respeito por parte de nossos governantes. O respeito aos nossos direitos. E assim, exercendo a nossa cidadania.
Abraços a todos;
Carlos Henrique.
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