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Olá.

Depois que meu amigo Cristiano Porfírio gentilmente me convidou para participar deste blog, confesso ter pensado muito antes de começar a escrever esse texto. Sou um escritor até bastante produtivo, mas nunca escrevi para um blog antes. Como deveria ser meu primeiro texto para esse tipo de publicação? E depois de analisar alguns textos criativos que fiz, ou pensar em escrever sobre qualquer coisa ligada à música, ou à situação política do país, ou ainda sobre a importância da menstruação da barata na coloração do Mar Vermelho, resolvi que algo óbvio talvez fosse necessário: apresentar-me.

Sou Roderic. Roderic Terence Gonçalves de Szasz. Os nomes são inspirados em Edgar Allan Poe (A queda da casa de Usher) e no poeta latino Terêncio. Os sobrenomes marcam a miscigenação cearense e húngara de meus pais adotivos.

Nascido em 1970, no auge da medonha Ditadura Militar, acompanhei adolescente a luta pela democracia, ao ritmo do som da revolta da época: o rock nacional, vertente menos intelectual dos ícones da MPB, mas bem mais adequada a espíritos rebeldes. Isso a partir dos 13 anos. Intensificaram-se a revolta e a variedade de pauleiras com a morte de meu pai, e então expandi-me ao metal (Accept, Scorpions, Iron Maiden, Saxon), pós-punk (Cure, Bauhaus, Sisters of Mercy, Fields of the Nephilim) e ao próprio punk, o qual depois deixei meio de lado (Dead Kennedys, Sex Pistols, Clash). Daí para chegar aos anos 70 (Doors, Zeppelin, Sabbath) foi um pulo. E nunca mais larguei o rock’n’roll, em praticamente todas as vertentes. Pouca coisa realmente desgosto, enquanto rótulo.

Essa preferência pelo diferente na música na verdade também era reflexo de uma personalidade excêntrica, que insistia em aderir ao que quase ninguém mais gostava. Então, enquanto a galera da minha vizinhança e escola batia bola na calçada e assistia novela, eu jogava xadrez e lia desesperadamente, três, quatro livros por semana, além de alugar filmes de terror. Resultado: tornei-me professor de Literatura e Inglês, totalmente apaixonado pela literatura gótica, simbolista, e tudo mais que vier do século XIX. E do “mundo adolescente” restou-me o futebol, mas até nisso fui diferente. Enquanto todos aqui se dividiam entre Ceará e Fortaleza ou tinham um time carioca ou paulista pra acompanhar pela TV e rádio, eu fui me apaixonar irresistivelmente pelo Internacional de Porto Alegre, graças a Falcão, Escurinho, Figueroa e companhia. Detalhe: jamais sequer pisei o Rio Grande do Sul. Aliás, este é um dos poucos sonhos “mundanos” que me falta realizar: ver meu time jogar no Beira-Rio. Outros já realizei.

Dentre minhas predileções “que ninguém mais gostava” já citadas, estava uma banda que era considerada “Lado B” do cenário do rock nacional. Todo mundo falava em Legião, Titãs, Paralamas, Ultraje. Até o Ira! tinha fama aqui no Nordeste. E eu amava (e ainda amo) todas, mas eu calhei de me identificar com o Biquini Cavadão. Ficava horas com um cabo de vassoura fazendo “air bass” (sim, aprender a tocar baixo é um dos sonhos que faltam) e me imaginando dividindo o palco com Bruno Gouveia e sua trupe. E não é que aconteceu? Sem o baixo, claro. Talvez alguns de vocês já tenham visto o DVD deles gravado aqui em Fortaleza. Pois é. Eu sou aquele cara que eles chamam pra cantar em “No mundo da lua”. Acabei conhecido entre os fãs da banda até hoje como “O cara do DVD”, devido a meu nome difícil. Foi nas gravações de outro DVD, o de comemoração aos 30 anos da banda, em Goiânia, que conheci o Porfírio. E cá estou.

Bom, ainda realizei outros sonhos legais. Participei de coletâneas de poesias e prosa (ainda pretendo lançar meu próprio livro), fui a Sampa exclusivamente pra assistir ao show de minha banda gótica/pós-punk favorita (The Cure, em 2013), vi o Saxon aqui em Fortaleza (!) e estou prestes a ver o Iron Maiden (provavelmente, meu próximo texto será sobre esse show). E embora nunca tenha viajado em ser um participante de blog, estou muito agradecido e empolgado com essa nova possibilidade de contato com o público. Agradeço ao Cristiano pelo convite e a vocês pela generosidade em me acompanhar.

E vamos lá, trazer um pouco do lado excêntrico do mundo pra vocês. Forte abraço e… Up the Irons!!