Texto: Vinícius Porfírio | Fotos: Lucas Bolzan

Jinjer faz show memorável em Brasília
Em sua turnê intercontinental, a banda Jinjer (gênero metal) chegou à Brasília. No dia 5 de dezembro de 2024, os integrantes nativos da Ucrânia, mais precisamente da cidade de Horlivka, realizaram seu show na Toinha Brasil Show.

Liderada por Tatiana Shmayluk, a “frontwoman”, comandou o espetáculo, com toda sua agressividade cativante. Reproduzindo perplexidade, mesmo em quem já se impactou ao escutá-la pela primeira vez, anteriormente. Ou mesmo em quem já assistiu dezenas de reações, em vídeos na internet, de outras pessoas também se impressionando com seu drive vocal inacreditável. Suas transições de vozes guturais e limpos, continuam surreais, mesmo testemunhando a poucos metros de distância. Sua presença de palco também faz jus a sua responsabilidade de ser a vocalista, com as suas qualidades. Tatiana não apenas comanda o palco com maestria, mas também personifica a força que torna Jinjer uma das bandas mais intrigantes do metal moderno.

O mérito na exploração além da convencionalidade do estilo, não é exclusividade da vocalista. Os outros três integrantes contribuem criativamente e tecnicamente, nas mudanças de ritmos e assinaturas rítmicas, próprias do grupo.

O guitarrista Roman Ibramkhalilov, com sua guitarra de seis cordas (tirando um som pesado e grave, sem precisar de uma corda a mais) confirma o improvável. Sua auto suficiência, sendo o único responsável pelas linhas de guitarra (incomum em bandas de metal), e, em preencher todas as lacunas das músicas, seja nos seus acordes densos, ou nas melodias hipnóticas e arpejos precisos. Harmonizando com as lapadas potentes do baixo.

O baixista Eugene Abdukhanov também esbanja técnica e virtuosismo. O seu “two hand tapping” (técnica baseia-se em utilizar suas duas mãos no braço do baixo), executado, melódico e suavemente, por ele na música “Perennial”, é ainda mais sublime presenciado ao vivo.

Por último, mas não menos importante. Vladislav “Vladi” Ulasevich, o baterista que impressiona por sua precisão e agilidade na batida das notas no instrumento. Ele sustenta a liga inabalável de uma banda tão entrosada.

No setlist, a banda mostrou ousadia ao incluir cinco músicas inéditas do próximo álbum, Duél, com lançamento previsto para 7 de fevereiro de 2025. Faixas como Fast Draw, Green Serpent e Kafka já conquistaram a plateia com seu peso e complexidade.

Impondo todo o ímpeto em sons como Retrospection, Teacher, Teacher!, On top e Rogue. A noite chegou ao fim com a faixa mais popular. Com “Pisces”, principalmente no trecho final da música, a apoteose musical que esses 4 musicistas são capazes de provocar foi evidenciada.

Infelizmente músicas como Judgment (& Punishment) e Vortex não fizeram parte do show. Assim como o álbum Cloud Factory (o meu favorito da banda), que não teve nenhuma música contemplada. Fica então, o desejo de escutar essas na próxima oportunidade, torcendo para a espera não ser longa.

A performance de Jinjer em Brasília foi uma celebração do talento e da ousadia da banda, que segue desafiando as convenções do metal e entregando shows inesquecíveis.

Setlist:
Prologue
Just Another
Sit Stay Roll Over
Ape
Fast Draw
Green Serpent
Retrospection
Teacher, Teacher!
On the Top
I Speak Astronomy
Someone’s Daughter
Kafka
Copycat
Perennial
Rogue
Bis: Pisces

Heaven Shall Burn entrega abertura poderosa com promessa de retorno
A banda alemã Heaven Shall Burn foi responsável por abrir o evento com uma performance de tirar o fôlego. Com o pedal duplo marcando presença na bateria e guitarras alternando entre riffs pesados de downpicking (palhetadas rápidas para baixo) e palhetadas alternadas, o grupo construiu uma atmosfera carregada, quase como um cântico sombrio e maléfico. O baixo, igualmente intenso, reforçou a densidade do som característico da banda.

À frente da apresentação, o vocalista Marcus Bischoff conquistou o público com sua energia e carisma, além de um vocal gutural que manteve a atenção tanto dos fãs mais fiéis quanto de quem estava descobrindo a banda pela primeira vez.

Misturando influências de doom metal, groove metal e death metal, Heaven Shall Burn entregou um show cheio de intensidade e conexão com o público. A energia positiva entre banda e plateia foi tão evidente que os músicos encerraram a apresentação com agradecimentos calorosos e a promessa de um retorno.