Os filmes de zumbis geralmente são depreciados por aqueles que curtem filmes de terror. Vários motivos geram a desconfiança, tais como tripas explícitas, o não entendimento à metáfora de que os mortos vivos representam todas as mazelas do mundo ou acharem totalmente implausível defuntos andarem sobre a terra abocanhando os vivos! Posso afirmar que é um gênero cult e levado a sério pelos fãs. Eu sou um deles com certeza!
A trilogia A Noite dos Mortos Vivos (1968), Despertar dos Mortos (1978) e Dia dos Mortos (1985), delegou ao diretor George Romero a posição de pai dos zumbis, inclusive ao realizar projetos como o recente o Diário dos Mortos (2007), ajudando a propagar o estilo.
Além das obras citadas, indico outras que merecem uma conferida: Tá todo Mundo Morto – título ridículo – para Shaun of the Dead (2004), Madrugada dos Mortos (2004), A Volta dos Mortos Vivos (1985), Fido (2006), Planeta Terror (2007), Extermínio (2002), Extermínio 2 (2007) e REC (2007).
No mês de abril deste ano, tive a oportunidade de conferir o filme A Capital dos Mortos, longa independente sobre zumbis totalmente produzido no Distrito Federal. Diverti-me bastante durante a projeção, e as boas intenções do Diretor Tiago Belotti, estão impressas a cada minuto. O filme foge da alcunha de trash, evidentemente esbarrando em questões orçamentárias que em algumas situações impede efeitos mais apurados.
A cópia que assisti, foi modificada e será exibida neste final de semana, confira aonde no final desta matéria e não marque toca.
Confira abaixo a apresentação do filme e do evento pelo Diretor Tiago Belotti.
A Capital dos Mortos
SOBRE O FILME…
Em janeiro de 2003, foi escrito “Brasília dos Mortos”, um filme de 40 minutos, cuja produção não saiu do papel por falta de verba. Em 2004, foi feita uma nova tentativa, novamente sem sucesso. Em 2005 a tradição se manteve. Finalmente, em 2006, o diretor havia juntado suficiente dinheiro para não precisar ser rejeitado pelo quarto ano consecutivo, e financiar ele mesmo o seu filme. “A Capital dos Mortos” é um projeto que dificilmente teria sido terminado sem a colaboração da comunidade cinéfila de Brasília. Tudo começou com uma câmera emprestada, um roteiro e muita perseverança. Em fevereiro de 2006, depois da entrada de Rodrigo Luiz Martins como produtor, o filme estava oficialmente em produção, totalmente reestruturado, agora um longa-metragem de 87 minutos. Uma câmera HDV Sony Professional HVR-A1U foi adquirida para melhorar a qualidade e acelerar as filmagens. Aos poucos, o número de voluntários foi aumentando (todos cientes da falta de cachê), e o elenco e equipe foram se consolidando, deixando as gravações ficando cada vez mais fluidas. As filmagens for am encerradas em outubro de 2007, e o processo de edição durou cerca de nove meses.
O filme foi todo rodado em Brasília. Entre as principais locações estão a Universidade de Brasília, Eixo Monumental, três apartamentos e três casas diferentes, algumas estradas, um sítio, carro, a Esplanada dos Ministérios, o parque da cidade, uma farmácia, o terraço de um prédio, um supermercado, um cemitério, um hospital, a Ermida Dom Bosco, entre outros.
Até agora o filme só foi exibido duas vezes, ambas em Brasília. A pré-estréia foi no dia 11 de abril, no cineclube da faculdade Unicesp do Guará 1. A resposta foi muito positiva.
A grande estréia foi numa sexta feira, 2 de Maio, num Cine Brasília lotado com mais de 700 pessoas. Foi um evento emocionante. Todos os luga res do cinema estavam ocupados, e mesmo assim havia dezenas de pessoas assistindo ao filme sentadas no chão ou em pé. No final, muitos aplausos. Foi uma linda festa.
A previsão do lançamento do DVD (cheio de conteúdo extra, como making of, erros de gravação, entrevistas, videoclipes, etc.) é para julho/2008.
TRASH? …
Muitas indagações foram feitas sobre A Capital dos Mortos ser ou não ser um filme “trash”. É um tema complexo de se discutir, mas a equipe não considera o filme como integrante desse gênero.
Não consideramos que exista um conceito fechado sobre o que é cinema “trash”. Alguns dizem que o “trash” é uma herança do cinema B, outros associam o “trash” a todo filme de baixíssimo custo (independente, ou indie), e outros acham que “trash” é tudo voltado pra horror, sangue e gore, independente do orçamento (sob esse último prisma, há filmes de 20 milhões de dólares que são “trash”). Por isso, sob certas perspectivas, a Capital é “trash”, sob outras, não.
Claro que por muita gente A Capital dos Mortos será taxada de “trash e ponto final”, e não pretendemos “combater” isso. Mas ao afirmar nas entrevistas que não quisemos fazer um longa desse estilo, é porque consideramos “trash” um filme tão ruim, mas tão ruim, que acaba ficando bom: quando você vê o microfone durante toda a cena, quando a nave espacial é um prato pendurado por um barbante, quando o ator olha pra câmera o tempo todo, quando dá pra ver a sombra do cinegrafista, etc. Na Capital dos Mortos nunca houve esse descaso; inclusive, o roteiro do filme é totalmente anti-“trash”. Ainda com as limitações financeiras a equipe teve vários cuidados, como a busca de um elenco que incluísse atores profissionais, o uso de vários ângulos de câmera, diálogos longos, vasta mudança de cenários, muitos personagens, cenas com diálogo dentro do carro em movimento, storyboards, edição e decupagem cuidadosa, enfim, tudo que costuma ser evitado e/ou dispensado no cinema “trash”. A Capital dos Mortos teria ficado pronta em 4 meses sem esses cuidados, por isso, eu, responsável pela direção e a equipe não acham que o filme seja “trash”.
MAIS EXIBIÇÕES…
Neste final de semana, acontecerá a “Jornada do Cinema Digital”, e o filme A Capital dos Mortos” será exibido duas vezes.
Não está sendo fácil conseguir espaços pra exibição, portanto, quem ainda não tiver visto, aproveite a oportunidade. Quem já viu, o filme sofreu mudanças consideráveis desde a exibição no Cine Brasília, vale a pena assistir de novo.
Dias: 7 e 8 de junho (sábado e domingo)
Local: Espaço Cultural Renato Russo (508 sul), sala Marco António (140 lugares)
Horário: 21:00hs.
Entrada Franca
Links com informações essenciais:
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