Brasil e Vietnã comemoram, neste mês de outubro, 20 anos de relações diplomáticas. De hoje a sexta, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), os brasilienses terão oportunidade única de conhecer um pouco da arte de um país que frequentemente só é lembrado pela Guerra do Vietnã, travada há mais de 30 anos. Guerra esta que foi, sem dúvida nenhuma, uma das mais sangrentas de toda a história humana. Mas também uma das mais surpreendentes. Pois o Vietnã tinha como seu oponente, nada mais nada menos do que a maior potência bélica do planeta e a derrotou. Causando assim, um grande trauma nos Estados Unidos. Para se ter uma idéia do estrago feito nos americanos, o personagem Rambo, vivido no cinema por Silvester Stallone, que nada mais era do que um soldado americano matando sozinho todo o contingente das forças armadas vietnamitas, como se fosse um Sanção moderno lutando contra os Filisteus, nasceu exatamente desse pesadelo americano. Isto como se eles quisessem no cinema descontar a derrota contra os vietnamitas ocorrida na realidade.

A Semana do Vietnã vai apresentar exposição de fotografias, espetáculos de dança e música, com o grupo artístico do Teatro Nacional do Vietnã (sempre, às 21h), e sessões de cinema (de hoje a quinta, às 20h30). China, Coréia, Japão e Tailândia. Países orientais de filmografia extensa e relativamente popular no ocidente. Como exemplo disto temos o sensível Amor à flor da pele, do chinês Kar Wai Wong, e o cultuado Oldboy, do sul-coreano Chan-wook Park.

No entanto, o Vietnã não tem toda essa tradição. País de pouca produção cinematográfica, desconhecida até mesmo pelos cinéfilos mais fervorosos, apresenta, no CCBB, três exemplares de seu raro cinema em sessões gratuitas. Hoje, será exibido Não queime (Dung dot; 2009, 105 minutos, livre). Dirigido por Dang Nhat Minh, um dos principais cineastas em atividade no país, o filme conta a história real da jovem mártir Dang Thuy Tram, que escreveu um diário no fim da década de 1960, durante seu voluntariado como médica em uma batalha. O relato foi encontrado e mantido por 35 anos em posse de Fred, soldado norte-americano. Publicado no Vietnã, os escritos de Dang causam grande comoção social ao revelarem detalhes até então desconhecidos sobre a relação entre Estados Unidos e Vietnã à época da guerra. Me Thao – Era uma vez (Mê Thao – Thoi vang bong; 2002, 108 minutos, livre) é o filme de quarta. Resgatando o Vietnã do Norte do começo do século 20, o diretor Viet Linh estabelece uma bela história de amizade entre Nguyen, rei do estado de Me Thao, e Tam, um talentoso músico acusado de assassinato. Nguyen vê seus planos para o futuro ruírem ao perder a sua noiva em acidente de carro. O governante entra em profunda depressão e suas atitudes arbitrárias comprometem o bem-estar da população de Me Thao. A única pessoa que poderá ajudá-lo é Tam, que encontrou refúgio no reino de Nguyen. A mostra de cinema será encerrada na quinta-feira com Meninas do bar (Gai nhay; 2003, 110 minutos, livre). A vida de garotas imersas no submundo das drogas, prostituição e violência desnuda uma realidade latente da exploração sexual no sudoeste da Ásia. O diretor Lê Hoang a expõe em um filme brutal, realista, e, ainda assim, esperançoso

Serviço:
Evento: Semana do VietnãFilmes, exposição de fotografias, shows de música e dança sobre o Vietnã.
Local: Centro Cultural Banco do Brasil – SCES, Tr. 2, Lt. 22 – Asa Sul
Informações: 3310-7087
Data: De terça a quinta, às 20h30 (cinema), de terça a sexta, às 21h (apresentações do Teatro Nacional do Vietnã)
Preço inteira: Entrada franca (senhas serão distribuídas na bilheteria uma hora antes dos eventos)
De: 20/10/2009
Até: 22/10/2009

Abraços a todos;

Carlos Henrique.