Tive a oportunidade de assistir ao inoportuno filme Turistas. Inoportuno não pela idiota polêmica criada, afinal, uma obra sobre assassinato de forma alguma atrapalhará qualquer visita ao país, pois se assim fosse, no Texas (EUA) ninguém atravessaria o Estado de carro por causa de O Massacre da Serra Elétrica, a Austrália estaria enrolada depois de Wolf Creek – Uma Viagem ao Inferno e a República Tcheca às moscas em virtude de O Albergue.

O que incomoda são os estereótipos. Primeiro o ônibus que transporta os turistas, que é um “caco só”, perde apenas para os da Viplan (Empresa de Transporte de Brasília). Segundo o motorista, que além de burro – porque insiste em descer uma serra acelerando, cheia de pedestres e carros, com estado alterado – fica xingando o tempo todo e tirando “catota” do nariz. Terceiro, se uma mulher te der mole no Brasil é prostituta. Quarto não existem prédios, só mato e, em quinto, a famosa hospitalidade brasileira inexiste ou serve apenas na tentativa de atrair sua confiança afim de extrair seus órgãos.

Caso você resolva fazer algum protesto, desista, porque só vai ajudar a promover essa “bomba”. O roteiro é fraco e de verossímil só a possibilidade do golpe “boa noite cinderela”. Os malandros conseguem nos furtar acordados, imagina nos drogando. O engraçado é que um dos maiores absurdos que eu já vi em toda minha vida em filmes foi em “Um Drink no Inferno 2, me diga porque “diabos” vampiros precisam assaltar um banco??? Quer um maior? Em Turistas, o motivo de retirada dos órgãos dos gringos é excelente: o vilão do filme denominado Zamora (nome típico brasileiro, existe uma em cada esquina, igual a João ou José) vivido por Miguel Lunardi, é um médico que os doa a hospitais públicos para se vingar de todo o imperialismo americano, dos brasileiros vítimas de escravidão sexual e de todos os saques cometidos em nosso solo desde os tempos do descobrimento por Portugal.

A única afronta realmente a nós é o site www.paradisebrazil.com, que faz um marketing da “obra prima” de forma acintosa contra o Brasil, divulgando incidentes acontecidos por aqui, um vídeo de uma mulher morta na praia e um blog nos quais existem recados de idiotas que não sabem diferenciar a ficção da realidade dizendo que não pretendem nos visitar com medo, um esculhambação sobre o sistema de transporte e outras pérolas. Legal é o produtor Raul Guterres soltar uma nota dizendo “Mudem a realidade do país para a imagem também mudar”, como se em terras tupiniquins fosse realmente essa zorra. Tá certo que ainda tem muito que mudar, mas ao invés de ajudar, porque contribuir em ridicularizar? Ainda bem que Rodrigo Santoro caiu fora do projeto, ele faria o papel de Alex – um dos gringos que caem na fatídica armadilha – que é de Josh Duhamel, o qual inclusive já pediu desculpas ao povo brasileiro pelo conteúdo ofensivo.

Mas o filme é de todo ruim? Claro que não, a trilha sonora em sua maioria composta pelas canções de Marcelo D2 é ótima, a fotografia muito boa, paisagens paradisíacas que só trazem mais vontade de conhecer o país e lindas atrizes (apesar de algumas americanas desbundadas, mas tá valendo!).

Se além de tudo você continuar com vontade de assistir, a previsão de lançamento é dia 16 de fevereiro. Marque toca!!