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Setembro é o clássico exemplo de evolução musical que se espera de uma banda em seu segundo álbum. Não que Revolução Silenciosa, o primeiro trabalho da ETNO seja fraco, longe disso, o referido CD explorava em seus arranjos e letras um tom que remetia ao nome da banda derivada da palavra grega ethos, designando povo, raça ou nação. Agora temos um disco que acompanha a evolução do ETNO como músicos e em todos os processos e percepções; as letras seguem esse progresso com propriedade, aconselhando que você siga em frente, até encontrar o seu caminho.
O álbum abre com a faixa que lhe dá título, “Setembro” funciona do efeito eletrônico que a inicia até o acorde que a finaliza. Dotada de versos que estimulam a mudança como Quantas vezes você quis mudar todas as mentiras que você ouvia?(…)Essa história, então, não se escreve em vão o que vamos fazer pra mudar a situação?. “Setembro” é irrepreensível e imprime em nós o que podemos esperar do quarteto Tiago Freitas (vocal), Iano Fazio (baixo), Vitor Fonseca (guitarra) e Tiago Palma (bateria) como músicos.
É a vez de “A Estrada”, com ritmo mais cadenciado que a primeira, tem um quê de Alice in Chains e uma letra corajosa que valoriza a fé e não as religiões. Encontrou a estrada, acreditou numa ilusão(…)Deus se esconde. O trono caiu(…)Não quero mais seguir o teu caminho. Eu quero a paz Não vim ao mundo pra viver sozinho.
“Minhas Horas” é a baladinha da vez, inicia com um belo arranjo de violão e segue a fórmula com solo de guitarra melódico e influência heavy metal. A bela faixa trata de reencontros amorosos: Quantas vezes me perdi. Apaguei minhas memórias. A verdade é quem me diz. Ainda escuto sua voz. “Minhas Horas” trouxe uma controvérsia entre os que ouviram o álbum, alguns disseram que o vocalista Tiago faz um arranjo de voz parecido com o dessas bandas “felizes e/ou coloridas” de hoje. Discordo, esse é o meu veredito. Qual o seu?
“Perdido em Minha Memória” é uma das minhas preferidas, curti o criativo arranjo tanto na música quanto no vocal. Totalmente alternativa, me lembra em alguns momentos bandas dos anos 90 como Melvins. O único conselho de “Perdido em…” é, siga em frente que o resto sempre fica para trás. Dói! Dói demais perceber que o mundo à minha volta não olha pra trás.
A quinta faixa “Pra Sempre” tem um arranjo delicioso, concatenado a uma ótima letra para reflexão Vem me dizer que o tempo voa. Quero viver em paz. Sem olhar pra trás. Eu te disse: cuidado para não ceder e se perder a gente ganhar na outra.
“Quanto Tempo Faz” é a canção que mais representa o ETNO nesta transição entre os dois álbuns. O arranjo nos remete a nova fase e o vocal raivoso faz o link com a antiga. Não seja só mais um, e valorize cada momento, é o que nos entrega versos como: Quanto tempo faz silêncio? Quanto tempo faz que a vida é tão fugaz? Hoje tudo é distante. Quanto tempo faz que perdemos nossa paz?
Passamos da metade do álbum, sem nenhum tédio sequer. “Sem Direção”, a sétima faixa é outra que prega a introspecção, aplicando um pouco de maldade, diria que esta, por causa do riff de guitarra, lembra um pouco este novo rock, mas eu prefiro ser do bem e dizer que ela é diferente, simples assim. Passos tortos pra se esconder, do mesmo medo e da mesma dor. Noite eterna de contradição quanto tempo vai durar?
“5inco” é uma canção soft que retrata o amor fiel, apoiada em versos Não dá pra esquecer o que passou. Agora me deito pra descansar. Pra sempre do seu lado, do seu lado, do meu lado. O ótimo arranjo vai de encontro a um caminho virtuoso e sombrio, lembrando-me da clássica “No More Tears” do velho e indispensável Ozzy Osbourne.
Vamos agora com a excelente “Velha Oração”, um rock que brinca com a habilidade musical dos integrantes, evidenciado cada instrumento, encapsulados por uma letra que ressalta o medo de estar perdido. Se misturava no meio da multidão mas se sentia tão só. A esperança, desilusão. Queria algo melhor. Estava confusa sem saber por quê. Estava na contramão e o que restou foi sua voz, aquela velha oração.
Se Setembro, em vários momentos adora replicar sentimentos controversos, a próxima faixa trata disso com requintes de crueldade para os ouvidos radicais. A regravação de “Avisa Lá (Nossa Gente)” do Olodum, um big hit do axé na década de 90, vai instigar muita gente acusar o ETNO de oportunista. O que eu penso? Gostei do arranjo e em primeiro momento fiquei perplexo, afinal, arrepia-me a lembrança de momentos tão obscuros da música brasileira, mas é impossível ficar indiferente, primeiro porque ficou divertida e segundo porque a letra tem tudo a ver com o que a banda propõe em relação a soma de temas culturais e étnicos que vem desde seu disco de estreia.
“Meu Mundo” é cadência pura e simples, talvez até para acostumar os ouvidos do susto da faixa anterior. Apóia-se na busca da esperança em versos como: Procuro um sorriso tão lindo que faça meu sorrir. Meus olhos vazios nunca desistem de pedir aquele brilho que é o segredo pra viver.
O álbum vai chegando ao fim com “Tarde Demais”, a deliciosa faixa lembra fases do Red Hot Chili Peppers sem o balanço funky em seus arranjos. A estrutura da canção mais uma vez valoriza a desenvoltura no som do quarteto, com uma letra que costura toda a mensagem do disco. Você até me fez trocar a noite por dia. Eu me vi na escuridão e o tempo fugia. Quantas vezes eu errei. Várias vezes me culpei. Por te fazer chorar, pode chorar.
A última canção é uma viagem, a segunda parte de “Pra Sempre” busca um desfecho conceitual de Setembro. Não é ruim, nem extraordinária, não é chata, nem empolgante, é a lembrança que está na hora de ouvir o CD outra vez.
O amadurecimento é um prêmio não apenas para a banda, mas também para o ouvinte, já que Setembro é uma alternativa consistente e interessante para a música que é executada nas mais diversas mídias nos dias de hoje.
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