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Este post contém entrevista + resenha + galeria de fotos.
No período de 6 a 9 de julho, o seu N.R.D.R. esteve na cidade de João Pessoa/PB para cobrir o show do Pouca Vogal. A banda que na verdade é um duo, apresentou-se no Teatro de Arena, Espaço Cultural para delírio dos fãs de Humberto Gessinger e Duca Leindecker. O convite para registrar o evento, partiu da produção e teve colaboração direta das empresas parceiras Dito e Feito, Clube Turismo e VerdeGreen hotel para viabilizar a viagem, em contrapartida, contará com dois posts, um sobre o show (este) e outro sobre a cidade, dissecando-a em alguns detalhes. Fique ligado!
Em relação ao Pouca Vogal, confesso que passei a curtir mais a banda após o show, achava bacana as músicas que foram disponibilizadas, e também o CD e DVD, mas é ao vivo que o estado de fruição se multiplica e nos presenteia como uma boa dose de endorfina. Se você ainda não percebeu o que estou dizendo, leve em consideração a versão de “Toda Forma de Poder” constante no DVD, testemunhá-la em uma apresentação reforça o que estou querendo dizer. É sério!
Humberto em João Pessoa
O primeiro contato com o músico Humberto, na cidade de Jampa deu-se na quinta-feira (8/7), durante a sessão de autógrafos do livro “Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema”. A obra escrita por Gessinger é uma autobiografia, e ao narrar sua trajetória, também interessa aos fãs dos Engenheiros do Hawaii. A publicação além de bonita e bem escrita disseca os discos lançados como uma espécie de catálogo, recheado por fotos e informações.
Durante a sessão de assinatura, Humberto atendeu sorridente e pacientemente a todos os fãs, autografando e permitindo fotos com cada um que o requisitava em um evento com duração aproximada em duas horas. Este foi o ponto de partida para a entrevista que me foi concedida no dia do show, e você terá o prazer de ler logo abaixo.
Galeria de fotos 1/2
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Pouca Vogal no Teatro de Arena, Espaço Cultural
A sexta-feira (9/7) foi um dia corrido, acompanhei a produção e auxiliei em alguns detalhes. No final da tarde, fomos ao espaço do show para aparar as arestas que faltavam, daí tive a oportunidade de ver uma apresentação à parte, pois a passagem de som, que geralmente é uma coisa burocrática, foi bem legal, e também conhecer a equipe técnica e bater um papo.
A Entrevista
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Todos sabem que o Humberto prefere tocar a ser entrevistado, além de jogar tênis, o hobby do líder dos Engenheiros é tocar e viajar nos instrumentos. Atenciosamente atendeu o pedido para um bate papo rápido, após a passagem de som do Pouca Vogal, e antes do show que seria realizado no Espaço Cultural. Confira!
Você cresceu ouvindo Pink Floyd, Beatles (Humberto interrompe a pergunta)
Ou, ou, não! Eu cresci ouvindo som de gente, claro que eu ouvia Beatles, – O Duca é que ouviu, que ouviu, que ouviu (ficou repetindo para brincar com o parceiro), – mas também Rolling Stones e Pink Floyd. O problema é que agora se convencionou que Beatles é a Grécia do rock’n’roll, eu não acho, e tenho que cultuar meus ídolos da adolescência que foram pós-Beatles, como Roger Waters, geralmente são pessoas de segundo escalão que ninguém gostava e depois UAU!
E o Rush?
Também, mas o Rush eu comecei a ouvir velho, já na faculdade, eu já era assim, meio esperto (Maltz interrompe: – Estão vindo pro Brasil hein?* Humberto responde: – É!). Mas o que eu ouvia mesmo era rock inglês e MPB dos anos 70. Beatles e Rolling Stones alcançou todo mundo, mas não é a geração imediatamente posterior.
Como você vê a música hoje? Afinal, você cresceu ouvindo música de qualidade.
Cara, esse negócio de qualidade eu não sei se rola, se tu perguntar ao Paul MacCarteney, ele não vê na nossa música a qualidade que nós vemos na dele, acho que deve ter um monte de coisa aí, hoje em dia é mais difícil, não podemos ser um consumidor passivo de música, a gente tem que sair atrás, mas eu tenho a impressão que matematicamente é impossível que a qualidade diminua, tem mais gente se informando, tem coisa boa, é que está escondido né? Sempre me fazem essas entrevistas esperando que eu fale mal das bandas novas, não é o teu caso, mas eu digo assim, tem um monte de coisa boa que a gente não tem acesso.
No livro: Pra Ser Sincero: 123 Variações Sobre Um Mesmo Tema, muitos pensaram que era algo sobre os 25 anos dos Engenheiros, mas trata-se de sua trajetória. Já pensou em escrever algo sobre a banda?
Não, porque ninguém pode contar a história de uma banda, como ninguém pode contar a história de um time ou de um país. A gente pode contar fragmentos da história que nos dizem respeito, e isso é o que é o que eu pretendia fazer, por mais que eu tenha participação na banda, nas letras o que me diz respeito é o pessoal.
E uma turnê comemorativa sobre os 25 anos dos Engenheiros, é possível?
Não tenho nada em mente sobre um uma turnê comemorativa, nem eu e nem o Carlos falamos sobre isso. Atualmente a minha viagem 100% é Pouca Vogal.
A turnê do Pouca Vogal está exatamente como você esperava?
O pessoal entendeu o Pouca Vogal mais rápido do que eu imaginava, o que a gente está se propondo a fazer e está super bom, tem essas participações especiais como a do Carlos, tem o Luciano, irmão do Duca, agora em Porto Alegre vai ter o Borghetinho também. Pela primeira vez a gente vai fazer história com o Carlos e o Borghetinho e isso tem me emocionado bastante. Eu me sinto mais próximo do público com o Pouca Vogal, assim, musicalmente. Acho que fica mais perto, daí a gente se comunica melhor e tal, acho que tem mais haver com o momento que eu estou vivendo, não sei se é coisa de idade, acho que não, deve ser coisa de momento mesmo.
25 anos de estrada, como músico já aconteceu de tudo contigo, inclusive algumas pessoas te vêem como um sizudo beque alemão, ainda tem alguma coisa que te emociona?
Pô cara, conseguir afinar uma viola caipira me emociona. Que minhas harmônicas não desafinem, as vezes tocar uma música direito, aprender a tocar uma música dos outros, compor para mim sempre foi fácil, então eu até valorizo mais, tudo me emociona como músico. Tudo! Tudo!
Há algum tempo você avisava no site oficial que não participava de nenhuma mídia social. Hoje o Pouca Vogal já disponibiliza canções para download e você está ativo no twitter. Tomou gosto pela internet?
O Twitter eu acho que cabe porque é sucinto e serve para informar sobre o meu trabalho que já não navega na mídia mainstream, achei bacana e interessante. O Orkut e Facebook na verdade eu nem tenho o que falar e nem sei como funciona, não que eu tenha uma bravata contra, não me interessa, mas eu colocava no site para avisar que tem um monte de gente querendo se passar por mim. Gostei do Twitter, e ao contrário de outros artistas sou eu mesmo que respondo.
Como um apreciador de futebol, o que achou da Copa na África?
Acompanhei a Copa, mas achei meio borocoxô, não torci para nenhum time, assim direto. Torcia no jogo, sacava que é que estava com uma cara mais bacana. Mas não me emocionou, a Copa é um evento de espetáculo, acho o futebol dos clubes cinco vezes melhor que o futebol dessas seleções.
E o Grêmio, animado com a volta do Brasileiro?
Não, to animando não (risos). Mas ser gremista é um eterno perpétuo estado de incerteza.
* O Rush se apresenta no Brasil, provavelmente nos dias 8 e 10 em outubro, respectivamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, na turnê “Time Machine”, postaremos aqui no seu N.R.D.R. Aguarde!
O Show
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Envolvidos no processo, juntos no final do show
A abertura ficou a cargo de Val Donato, e isso é um assunto para o próximo post. Ela é simplesmente demais!
Pela escolha do setlist, você tem a exata impressão da intensidade do show e do comprometimento dos músicos com seus fãs e suas carreiras prévias, foram executadas sete de Pouca Vogal, quinze dos Engenheiros do Hawaii, colocando aí na conta as incidentais e sete do Cidadão Quem, além de uma lembrança aos Rolling Stones. Humberto e Duca produzem um som espantosamente elaborado para uma banda com apenas duas bocas, quatro braços e pernas. Os arranjos são conduzidos com maestria e uma coordenação motora incrível, já que Gessinger toca violão, viola caipira, dobro, harmônicas, piano e um teclado com os pés e Leindecker, guitarra, violões, bombo legüero e um instrumento de percussão característico do sul.
Após a intro de “O Guarani” (alguém já a ouviu no programa “A Voz do Brasil”?), a dupla toma o palco para abrir o show com “Depois da Curva” e a plateia delira. Vamos há algumas observações:
– “Até o Fim”, Humberto dá boa noite ao público e apresenta o Pouca Vogal como a menor banda do rock gaúcho.
– “Além da Máscara”, Gessinger diz que poderia se chamar “Além dos Outdoors” e fala também sobre o CD e DVD lançado ano passado.
– “e-Stória” nessa música ele convoca o cara. Carlos Maltz sobe ao palco para as duas primeiras músicas da noite, além destas, as outras foram “Depois de Nós” (na despedida destas os gritos da galera pedindo sem sucesso para ele ficar), Cinza” e “Infinita Highway”.
– “Terra de Gigantes”, trocando ilha por João Pessoa, ficando assim: João Pessoa é uma ilha a milhas e milhas e milhas de qualquer lugar.
– “Banco”, uma lembrança a seleção de Dunga: Deve haver alguma seleção que ainda te emocione.
– “3×4”, Duca fala sobre o Pouca Vogal.
– “Piano Bar”, o motorista do taxi que o levou desta vez foi o Bob Marley.
Em mais duas músicas existiram manifestações, mas eu estava fotografando e como não anotei e esqueci. #foimal
Como diria a canção “Na Veia” dos Engenheiros do Hawaii: “sem filtro, na veia, ver com os próprios olhos, ver a vida como ela é”. Se tiver um show de Pouca Vogal na sua cidade, vá. Recomendadíssimo!
Galeria de fotos 2/2
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Crédito das fotos: Cristiano Porfírio
Setlist
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