Os filmes são realizados para produzir emoções e lucro, O Corvo (1994) e Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008) foram responsáveis por mudar a cultura pop para sempre e como as produções foram e serão realizadas. Analogicamente incríveis coincidências rodam esses dois longa-metragem, atores mortos antes da fita devidamente finalizada, personagens de histórias em quadrinhos, roteiros que pregam o caos e o sadismo, vigilantes noturnos que agem na escuridão atrás da escória, maquiagem e escuridão. Em suma, duas obras primas com status de cult devidamente garantido e que fogem do maniqueísmo.
O Corvo estreou com o estigma de último filme do ator Brandon Lee, o jovem filho de Bruce Lee, foi morto por engano durante as filmagens por uma bala de verdade ao invés de uma de festim, a finalização só foi possível graças ao recurso de colocar o rosto de Lee em outro ator graças aos computadores, curiosamente a cena da morte nunca foi vista por ninguém, sequer revelada, os negativos foram queimados para preservar em sigilo esse momento, a curiosidade póstuma e fúnebre foi à divulgação que a película necessitava, felizmente não era só isso, O Corvo é fantástico.
Baseado na história em quadrinhos homônima de James O’Barr, O Corvo foi dirigido por um promissor profissional. Alex Proyas conseguiu dar narrativa ágil e eficiente para um filme pesado que retrata a volta de Eric Draven (Brandon Lee) do mundos dos mortos para vingar a sua morte e a de sua esposa um ano depois. A premissa que daria uma produção piegas e sem criatividade na mão de qualquer outro, toma pela mão de Proyas um formato genial. O vingador maquiado confronta os vilões sádicos que adoram promover a desordem social com requintes de crueldade. A violência, a trilha sonora, a fotografia, os planos abertos e as atuações completam o espetáculo. Obrigatório! Uma dica, fuja das sequências.
Destaco a fantástica trilha sonora, uma das minhas preferidas neste quesito, esse magnífico CD resiste ao tempo, com uma contemporaneidade exemplar. Excelentes canções como Burn (The Cure), Big Empty (Stone Temple Pilots), Dead Souls (Nine Inch Nails – cover Joy Division), The Badge (Pantera) e Milktoast (Helmet) tornam aquisição uma necessidade. Outras faixas possuem seu valor, como Golgotha Tenement Blues (Machines Of Loving Grace), Darkness (Rage Against The Machine), Color Me Once (Violent Femmes), Ghostrider (Rollins Band), Slip Slide Melting (For Love Not Lisa), After The Flesh (My Life With The Thrill Kill Kult) e Snakerider (The Jesus And Mary Chain). Um grande álbum para um grande filme, a simbiose entre eles é perfeita. Ao ouvir O Corvo você lembra-se da trilha sonora e vice e versa.
Antes da estréia, eu já tinha especulado aqui sobre a expectativa que eu tinha sobre Batman – O Cavaleiro das Trevas, nosso leitor Tiago, do blog Penates, assistiu em primeira mão e ao ler a matéria N.RD.R. deixou nos comentários um recado: "Boas observações, e uma dica: Não irá se arrepender". Decididamente sem discussão, Batman é "hour concour", a segunda produção de Christopher Nolan baseado na personagem dos quadrinhos da Editora DC Comics é fenomenal, não precisa de nenhum prêmio para atestar sua qualidade. A Marvel nesse ano já teria colocado as adaptações baseadas em HQs, como seu Homem de Ferro em um novo patamar, mas o Batman destrói todos os preceitos e conceitos, é um blockbuster com requintes de filme de arte, a história foge completamente do padrão festivo para produções de verão Hollywoodianas, o roteiro é um primor, fundindo-se a um trabalho tecnicamente majestoso (direção, montagem, atuações sensacionais e uma trilha sonora a cargo de Hans Zimmer e James Newton Howard espantosa).
O ator Heath Ledger personifica no Curinga um dos maiores vilões de todos os tempos, sim, o cinema acaba de ganhar mais um personagem para uma galeria que tem em Darth Vader seu maior nome. (Clique aqui para ver os 100 maiores bandidos das telas). O caos, sadismo, terrorismo, violência e o desapego por qualquer outro sentimento de moralidade imperam no longa, moldando uma tensão indescritível e sufocante, chegando a um ponto durante a projeção de 2h30 que é quase possível tocá-la, vale lembrar, a duração extensa nunca deixa o filme monótono. Nolan sem querer adquiriu problemão, vai ser quase impossível substituir o falecido Ledger no papel do vilão. O Curinga de Heath assusta com um trabalho incrível de caras, olhares, línguas e bocas que compõem a fantástica performance. A crueldade do vilão impressiona, algo que não se vê todo dia no cinema, Zé Pequeno de Cidade de Deus, literalmente é um menino perto da maldade do senhor do riso maléfico.
Bruce Wayne (Christian Bale) vive sua cruzada como o vigilante Batman, amargurado por questões sobre a importância do seu trabalho na limpeza da cidade de Gotham, é quando entra em cena o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), conhecido pela sua luta árdua contra o crime. A personagem de Aaron é importante para manter o filme crível e levar luz ao cavaleiro das trevas, até que um acontecimento muda tudo.
Batman bateu nos EUA dois recordes, um de melhor estréia ao arrecadar US$ 66,4 milhões, contra os US$ 59,8 milhões de Homem Aranha 3, e outro como melhor final de semana de todos os tempos. Falar sobre o longa do Homem Morcego é complicado, primeiro porque é praticamente impossível fugir do superlativo e segundo por ser praticamente impossível definir um público alvo, pois consegue agradar aos fãs do personagem, aos cinéfilos em geral e os que vão ao cinema apenas buscando diversão. Batman é uma obra prima, não encontrei defeito, estou louco para assisti-lo novamente. Então, corra ao cinema mais próximo, isso é uma ordem! Why so serious? Let’s put a smile on that face! HahAHAhahAHAHaHAhA!!!
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