“Porque vocês não se chamam Biquini Cavadão?” Herbert Vianna em algum momento de 1985.
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Como mensurar a importância de um grupo para o mundo da música? Eu costumo avaliar alguns pontos para tentar responder a essa pergunta, tais como o conjunto da obra, relevância, responsabilidade, parceiros e respeito com os fãs. Na maioria destes quesitos o Biquini Cavadão tira 10 com louvor, estabelecendo-os com propriedade nestes 25 anos de estrada, recém completados.
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Lembro-me como se fosse hoje, quando ouvi pela primeira vez a canção “No Mundo da Lua”, do convincente LP de estreia Cidades em Torrentes (1986). O refrão da canção à época caiu na ‘boca do povo’, e ainda recebeu uma adaptação popular, que a deixava mais ou menos assim: “não quero mais ouvir, ôôô, a minha mãe reclamar, quando eu entrar no banheiro, ligar o chuveiro prá me masturbar”. Além de “N.M.L.”, outros destaques como “Timidez”, “Tédio”, “Múmias” parceria com Renato Russo e “Inseguro de Vida” que curiosamente tinha solos de guitarra de Herbert Vianna, foram algumas das canções responsáveis pela longevidade do grupo ao longo destes 25 anos. Ouso ainda afirmar que “Timidez”, atravessou quase uma década alçada ao posto de hino, entoada por adolescentes que sentiam exatamente o que a canção retratava.
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No ano de 1987, tentando – erroneamente – rejeitar o rótulo de banda adolescente, o Biquini lança o álbum A Era da Incerteza. O single “Ida e Volta” apresentava o tom contestador e quase filosófico do LP, apoiado pelo refrão “volto pra casa sentindo frio, sem saber se, hoje, choro ou sorrio. amanhã, quando acordar, eu decido”. Ainda posso evidenciar “1/4”, ótima canção que dizia “tem horas em que lembro com saudade todo o tempo de minha vida. e perplexo vejo que já um quarto dela se passou em felicidade desapercebida”, e “Catedral” mirando diretamente na ganância e suntuosidade dos templos ao invés do básico, alimentar o espírito.
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Agora é a vez de Zé (1989), o terceiro trabalho de estúdio valoriza a individualidade, ataca os relacionamentos e novamente dogmas religiosos. A música de trabalho era “Teoria”, uma das melhores do Biquini na minha opinião, por ser construída em cima de versos fortes como “Se Deus me explicasse, ao menos me conformaria, mas como acreditar se Deus também é teoria”, infelizmente o disco não foi bem aceito, e só mais uma música tocaria na rádio, a balada introspectiva “Meu Reino”. Uma pena, pois Zé é um dos meus preferidos. Leia aqui uma resenha que eu escrevi sobre este álbum.
Meu estado de fruição com Zé se explica também por este LP, ter sido o primeiro a proporcionar que eu assistisse a um show do Biquini. Em 26 de agosto de 1989, fomos ao longínquo Minas Brasília Tênis Clube para se divertir com as peripércias de Bruno e Cia. Vale citar que neste espetáculo eu presenciei no palco e ouvi clássicos que infelizmente não voltam mais ao repertório como “Bem Vindo Ao Mundo Adulto”, “Inseguro de Vida”, “1/4”, “Catedral”, “Ida e Volta”, “Brincando com Fogo”, dentre outros. Pela primeira vez conheci a banda, e voltei para casa feliz demais com meus três discos de vinil, prontamente e devidamente autografados.
Curiosidades do show: 1) O que mantinha o público longe do palco, eram aquelas carteiras escolares bizarras do ensino fundamental, em um momento qualquer, Bruno deu um salto sobre as cadeiras e só não levou um tombo clássico porque eu o segurei. Sorte sua hein Brunão? 2) Naquele tempo, a banda já convocava alguém da plateia para cantar em “N.M.L.” e o escolhido, foi nosso amigo Renato ‘Cebola’. Com certeza foi uma das execuções mais pífias desta canção por uma pessoa do público, creio que até a banda ficou com vergonha, e o ‘cebola’ malhado por muitos e muitos anos. =P
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Em 1991, o Brasil agoniava e estava prestes a se envolver em uma grave crise econômica, o Biquini Cavadão também tentava se recuperar de uma com este lançamento. Descivilização foi um álbum que os fãs descobriram com o tempo e se deliciaram com “Zé Ninguém”, “Impossível”, “Vento Ventania” e “Cai Água, Cai Barraco”, que desta vez, teve mais uma participação de Herbert Vianna, só que nos vocais. Creio que seja um disco subestimado, lançado em uma época errada, todas as canções que eu citei são clássicas. Os anos 90 serviram para colocar várias bandas do Brock em cheque, em razão das vendagens cada vez mais ‘fracas’, as gravadoras preferiam culpar os grupos, ao invés dos pacotes econômicos. Uma lástima!
Descivilização trouxe à Brasília, em 02 de maio de 1992 o Biquini para mais um show, desta vez no extinto espaço Gran Circo Lar. Creio que a realização deste evento se deu pela boa vontade conjunta da banda e produtores. Digo isto, porque um público ‘mirrado’, de mais ou menos 150 pessoas compareceu. E como não poderia ser diferente, mesmo nestas condições, a banda nos presentou com mais uma apresentação animal.
[singlepic id=171 w=320 h=240 float=right]Lançado em 1994, o CD Agora, sem sombra de dúvidas é o ‘mais’ lado B de todos os tempos na carreira do grupo. Apreciado pelos fãs mais apaixonados, tem na canção “Sombracelhas“ sua maior representatividade. Do tracklist, apenas o cover “Chove Chuva” de Jorge Ben figura no setlist atual.
Na segunda parte, a culpa é da Janaína, de lá, até o Biquini de hoje. Salve!
Em tempo: A lei de Murphy tentou me ferrar a todo custo para este post não estar no ar hoje, mas eu consegui!
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