Como disse no post anterior, o referido disco é um divisor de águas da banda. Ficou no top 10 das paradas britânicas e americanas durante um bom tempo (fato raro para uma banda de heavy metal).

Causou muita polêmica pela escolha do título, uma alusão ao número 666 ser o número da besta. A imprensa, em conjunto com a igreja e outros setores, desceram o sarrafo no grupo, intitulado como satanista.

A história nos conta diferente. Vejamos:

A história do álbum:
Após a gravação do segundo álbum Killers, o grupo passava por um momento conturbado. Steve Harris e Paul Di’anno já não se entendiam. Harris cobrava mais empenho e exigia cuidado com a voz de Di’anno. Este, por sua vez, consumia álcool e drogas em excesso, atrapalhando a convivência com a banda. Acredita-se que este foi o principal motivo para sua saída. Com a entrada de Bruce Dickinson a banda ganhou outra estrutura nas melodias.
Com um estilo de cantar mais voltado para o melódico, deu uma guinada de estilo, sendo que Paul Di’anno era mais agressivo e grave e Bruce abusa de agudos. Outra saída após a gravação do disco The number of the beast é a do bom baterista Clive Burr, presente desde o primeiro disco.
Como havia dito, este álbum é um divisor de águas pelo impacto que causou. Com o single “Run to the hills”, o disco chegou ao top 10 das paradas britânicas. Desde sua fundação, a banda era de certa forma, estigmatizada por suas letras e pela utilização de Eddie como uma espécie de mascote. Com “The number of the beast” as comparações chegaram a níveis inimagináveis.
As ilustrações de Derek Riggs contribuíram para isso, quando Eddie manipula o tranca-rua na capa do disco e o single citado mais acima (Run to the hills), em que o mascote duela com o diabo em uma colina utilizando o machado de Killers.
Observando o possível potencial que o tema teria, a letra da faixa-título fala, resumidamente, da superstição, do misticismo e do medo que o número 666 causa no imaginário popular. A maioria das letras da banda é baseada em filmes, poemas e livros – como acontece com a primeira estrofe da música – recitando um trecho do livro do Apocalipse (livro das revelações) cap. 13 v. 18 e a letra da música, retirada do filme a Profecia II.
Caso os fãs do Iron sejam questionados quanto aos discos preferidos, 9 de 10 “Ironmaníacos” escolherão este álbum. Gosto muito dele, todavia, não é o meu preferido. Contudo, o “The number of the beast” é tão espetacular como outros. Vamos conferir a estréia de Bruce Dickinson nos vocais da donzela. Up the Irons!

Título: The number of the beast
Ano: 1982
Duração: 40’22’’

Integrantes:
– Bruce Dickinson: vocal;
– Steve Harris: baixo;
– Dave Murray: guitarra;
– Adrian Smith: guitarra;
– Clive Burr: bateria;

Faixas:

1. Invaders:: Inicia com a bateria e baixo em ritmo bem acelerado. A letra fala da invasão dos povos nórdicos (vikings) ao norte da Grã-Bretanha e com a eminente derrotada dos saxões. Excelente escolha para abertura dos trabalhos.

2. Children of the Damned: Baseada no filme de 1964 de mesmo nome. Conta a história de seis crianças com estranhos poderes mentais e que são queimadas na fogueira por acreditarem que são filhos do demo.

3. The prisoner: Tem um diálogo no início que foi retirado da série de mesmo nome. A letra também é baseada na série. Destaque para o refrão, daqueles feitos especialmente para Bruce.
4. 22 Acacia Avenue: Muitos pensam que esta música é do que chamam de banda Calypso. É só ir no you tube e conferir. Brincadeiras a parte, a música é bem trabalhada, é uma continuação de Charlotte the harlet (do primeiro álbum), tanto que o “excelente” Chimbinha não consegue acompanhar o solo da guitarra.
5. The number of the beast: Chegamos ao ponto de convergência (ou será divergência) do álbum. Até quem não conhece a banda já ouviu falar em “The number of the beast” e a chamam de 666. Esta, junto com Run to the hills são os hits deste álbum, e mesmo com seu apelo comercial são de excelente qualidade musical, com riffs que a reconhecemos de longe.
6. Run to the hills: Um clássico que sempre está presente em shows e coletâneas. Como relatei na história do álbum, Eddie corre para o topo de uma colina e duela com o tranca-rua, até dominá-lo e manipular como um boneco (vide a capa do disco). Os acordes da guitarra no início da música são inconfundíveis e mostram bem o ritmo que a música toma. Refrão chiclete e empolgante (e quem disse que todo refrão chiclete é ruim!).
7. Gangland: Se até o dono da banda Steve Harris diz que é ruim o que eu posso fazer.
8. Hallowed by the name: É a música mais bem trabalhada do álbum. Tem 7 minutos e ninguém reclama. Os acordes iniciais lembram sinos dizendo que sua ora chegou. Mas a letra e o título (Santificado seja vosso nome) realmente aborda o juízo final. A voz de Dickinson dita a apreensão sobre os últimos momentos da vida de um homem. Quase épica, um clássico. Hallowed by the Iron Maiden.
Este disco é tão especial que qualquer relato a mais seria considerado irrisório. Um disco que só não leva a nota 6,66 porque seria injusto.
No próximo post falarei sobre o melhor disco da banda na minha opinião: Piece of mind.
Abraço.
Danilo Duff