O futuro chegou. Inclusive no Iron Maiden com o lançamento deste álbum com estilo futurista.
Como dito no post anterior este disco é o álbum da discórdia. Massacrado pela mídia que não entendeu a ideia da banda de modificar seu som, com inserção de guitarras sintetizadas, dando o ar de modernismo que o grupo procurava.
Também é motivo de desacordo entre os fãs da banda. Os cinco primeiros álbuns haviam sido lançados em cinco anos conseguidos (80-84). Em se tratando de álbuns de extrema qualidade isto é um feito, um álbum por ano.
A expectativa em torno de Somewhere in time aumentou porque a banda não lançou um disco de inéditas em 1985. Apenas no fim de 86 seria lançado este e provocado todo esse rebuliço. Ao tratarmos de uma banda ícone do heavy metal espera-se uma continuidade do trabalho.
A mudança brusca de rumo causa estranheza, narizes torcidos e testas enrugadas. Talvez um único ponto de concenso seja a capa de Derek Riggs. Belíssima, inspirada em músicas e histórias do grupo. Mostra um Eddie futurista, robotizado, cibernético, talvez um vingador do futuro. Há várias curiosidades grafadas na ilustração:
– Um relógio aponta 23:58 (alusão a música 2 Minutes to midnight);
– Um placar eletrônico mostra o resultado inimaginável do jogo West Ham 7 x 3 Arsenal (Fanáticos pelo “timaço” londrino West Ham -a Portuguesa de Londres);
– O nome da rua onde Eddie está chama-se Acacia Avenue;
– Um Icaro caindo com suas asas queimadas (Flight of Icarus);
– Teatro Phantom of Opera House;
– Live after death e Blade runner são os filmes em cartaz no cinema (O primeiro é o nome do álbum ao vivo de estréia e o segundo é o filme com Harrison Ford onde é um caçador de andróides);
– Na Acacia Avenue, em uma das janelas tem uma garota sentada em uma cadeira, possivelmente Charlotte – a prostituta;
– Ruskin arms (pub onde começaram a tocar);
– Aces High bar, com um spitfire (avião de combate inglês da segunda guerra) voando no alto;
Entre outros.
Controvérsias a parte vamos as 8 faixas do álbum e a ficha técnica resumida:
Título:
Somewhere in timeAno: 1986
Duração: 46’04’’
Integrantes:
– Bruce Dickinson: vocal;
– Steve Harris: baixo;
– Dave Murray: guitarra;
– Adrian Smith: guitarra;
– Nicko McBrain: bateria;
Faixas:
1. Caught somewhere in time: Nos primeiros acordes já percebe-se os riff sintetizados das guitarras de Adrian Smith e Dave Murray. A faixa -título é bem arquitetada, com belos solos de guitarra e um baixo em estilo cavalgada. Bruce Dickinson utiliza de seus recursos vocais para enriquecer a música. Só acho que poderia ser um pouco mais curta (tem 7 minutos).
2. Waster years: O único hit do álbum. Junto com Stranger in a strange land são minhas preferidas do disco. As guitarras sintetizadas até ajudam a manter um clima de expectativa durante a introdução. Tem um daqueles refrões cativantes que todo mundo canta junto. Boa parte da música tem uma velocidade que, na minha opinião, foi reproduzida em outras canções do álbum Fear of the dark. A última parte da musica volta a ser tocada os acordes da introdução. Realmente emocionante.
3.
Sea of madness: Começa com uma bateria violenta. Logo após diminui o ritmo. Depois da loucura de Bruce Dickinson inicia-se um belo solo, a marca registrada deste álbum. Volta do mesmo jeito (instrumental cadenciado e vocal idem). E é só. Poderia ter um pouco mais de criatividade.
4. Heaven can waint. Começa com acordes perfeitos de baixo com as guitarras fazendo o fundo. O vocal é igual uma metralhadora, cuspindo frase sem perder o fôlego. A letra é sobre a experiência de quase morte de uma pessoa quando percebe seu espírito saindo do corpo físico. Música bem legal, ainda mais quando o pessoal da equipe técnica é convidada a ir ao palco para cantar o refrão.
5. The loneliness of the long distance runner: Uma faixa com este titulo (A solidão do corredor de longa distância) só poderia dar errado, servindo apenas como música de cabeceira de corredores quenianos. Mas não. É uma faixa bem trabalhada, com variações que iniciam lentas e tornam-se rápidas. A bateria é a la Clive Burr, parecidíssima com a faixa Iron maiden.
6.
Stranger in a strange land: Uma das minhas preferências neste disco. Ao começar pelo baixo, com inclinação direta para Wratchild. As guitarras tem o peso certo, criando um riff que “canta” a uma frase marcante da música. A letra conta sobre uma expedição rumo ao pólo norte que naufraga e os corpos são encontrados anos depois em perfeito estado de conservação. Bela letra, vocal apurado e melodia que agrada aos mais exigentes ouvidos.
7. Deja Vu: Acho que todo mundo conhece esta expressão, entretanto não custa lembrar. Palavra que expressa a sensação de já ter vivenciado aquele momento antes, mas não nos lembramos plenamente deste. A letra fala algo em torno da reencarnação. Música rápida e vocal bem trabalhado. Boa para preencher o lado B dos antigos bolachões.
8. Alexander – the great: Como todo álbum do Maiden tem que ter um clássico épico, e esta recebeu o título. E que título! Tem um monólogo inicial atribuído ao pai de Alexandre, chefe-rei da Macedônia, que nomeou o titulo a Alexandre após este, aos 13 anos, conseguir domar um leão que outros guerreiros haviam tentado sem sucesso.
A frase é esta:
“Meu filho, consiga para você um outro reino
Pois este que deixo é pequeno demais para ti.”
Começa com a bateria em ritmo de funeral, continuando com a entrada das guitarras. Após 2 minutos de introdução segue-se a melhor participação de Bruce Dickinson no álbum. Com uma voz firme e coesa para a grandeza da canção, não desafina uma única nota. No meio da música criou-se um riff poderoso de guitarra. A bateria e o baixo tem um acompanhamento único, dando o ritmo necessário a história cantada por Dinckinson. Uma letra maravilhosa e a melhor composição harmônica do álbum transformam está em um clássico que, infelizmente, não pegou entre os fãs. Uma pena.
É um disco diferente. Acredito que os fãs não aceitaram tão bem porque incorporaram a opinião dos críticos. Todos nós sabemos que críticos foram criados para falar mal, falar que goste de algo que ninguém nunca ouviu falar, só pra falar que é cult.
Sobre o álbum. Dentro de sua proposta é eficaz e com uma qualidade técnica igual aos seus antecessores. Não agradou tanto porque a expectativa era tão grande pelos 3 trabalhos anteriores que dificilmente conseguiria repetir feito extraordinário alcançado por estes três. O importante é que diverte, e diverte bem.
No próximo post um excelente álbum que agradou a gregos e troianos: Seventh son of a seventh son.
Até mais, abraços.
Danilo Duff
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