A banda Trampa é uma das mais importantes da cena rock de Brasília, sempre envolvida em vários projetos, atualmente produz o terceiro álbum, a ser lançado em março de 2016. Confira o bate papo com André Noblat, vocalista do grupo:
1) Podemos notar duas fases distintas no Trampa, em “Te Presenteio com a Fúria”, primeiro álbum, o peso da banda se misturava com poesia e MPB, já em “Causa e Efeito”, segundo disco, era evidente a aproximação com uma sonoridade mais atual. Essas mudanças acontecem de forma natural?
Sim, do amadurecimento da banda e de um mix maior de influências. No Te presenteio com a Fúria fomos mais diretos, crus e pesados. No Causa e Efeito trouxemos novas influencias que deixaram as músicas mais melódicas. Mais rockeiras menos brutais, apesar das guitarras sujas, nosso cartão de visitas, estarem presentes em quase todo o trabalho.
2) O que podemos esperar do terceiro disco? Qual é processo de composição? Quem está produzindo?
O novo trabalho está sendo produzido por Diego Marx, que trabalhou nos dois últimos CD’s do Scalene. Além dos Velhos e Usados, Paradiso, Hover, Dillo, Gustavo Bertoni e algumas coisa do Móveis Coloniais de Acaju.
Resolvemos arriscar mais nesse terceiro trabalho que é muito mais coletivo do que os dois primeiros. Todos os membros da banda contribuíram muito no processo de composição. Todos trouxeram músicas para serem trabalhadas coletivamente. É um trabalho mais abrangente do ponto de vista musical. Mais pesado que o último CD e o mais alternativo de todos.
Já estamos em estúdio fechando as gravações! Também teremos participações bem legais no CD.
3) Já tem nome, data de lançamento e quantidade de faixas?
Provavelmente será lançado em março do ano que vem. Logo depois cairemos na Estrada em turnê pelo país junto com nossos amigos do Scalene. Estão previstas 11 faixas. Algumas serão lançadas ainda este ano.
4) Qual é a formação atual? Pode-se dizer que esta é a melhor?
Mantivemos a base da banda intacta. Rafael Maranhão, André Noblat e Pedro Bapi. E desde 2013 estamos com Vegetal nas guitarras e Arnoldo na bateria.
Sem dúvida é a melhor formação que já tivemos. Em 2013 com a saída do Gustavo Costa (baterista e um dos fundadores da banda) que é um musico maravilhoso, não tínhamos certeza do que viria pela frente. Trouxemos o Arnoldo Ravizzi e acabamos ganhando um musico extraordinário na batera, mas também no quesito composições. Contribuiu muito com o processo do novo CD, intuitivo, cria levadas maravilhosas e enriqueceu muito a banda.
Já o Vegetal, ele é um dos melhores guitarristas de Brasília e dispensa comentários. Além de ter entrado com muita seriedade no projeto contribuindo para que sejamos ainda mais profissionais.
5) A banda acaba de completar 10 anos de carreira. Dá para perceber nos shows que o processo de maturação e evolução ainda acontece. Vocês buscam essa maturidade de forma espontânea e gradual ou tenta acelerar o processo?
Se a evolução não for natural não funciona! Por isso acho que será o melhor CD que já fizemos.
6) Quais são os pontos altos na carreira do Trampa nesta primeira década? Já teve momentos frustrantes?
A turnê Trampa Sinfônica com certeza foi fundamental. Tocar com orquestras em várias capitais do Brasil com composições próprias foi realizado. Além de shows com casa cheia.
Cada um dos CD’s foi especial também. Todo o reconhecimento artístico que tivemos em Brasília e temos construído passo a passo fora daqui, com vários shows em outros estados.
Além do reconhecimento internacional, sendo um das seis bandas brasileiras convidadas pro SXSW deste ano em Austin, no Texas.
Tivemos um hiato que culminou na saída do Gustavo Costa da banda. Esse período foi bastante frustrante. Tínhamos um trabalho novo pronto e não conseguíamos caminhar por causa de problemas internos.
Estamos ansiosos pelo que vem aí…
7) O que podemos esperar do futuro da banda? Pode adiantar alguns projetos?
CD novo na praça, clipes, e turnê. Todo o processo começa esse ano com o lançamento dos primeiros singles e ano que vem rodando o país.
Além disso já fechada a gravação do nosso primeiro vinil. Uma edição limitada e especial que homenageia o todo o trabalho realizado no projeto Trampa Sinfônica.
8) Arriscaria dizer qual seu disco preferido da banda ou canções que mais gosta?
Meu disco preferido é sempre o próximo! As músicas: Te Presenteio com a Fúria e Causa e Efeito, que dão nome aos dois primeiros CD’s, são as minhas preferidas.
9) Como você vê a cena do rock em Brasília nos dias de hoje?
Em minha opinião nunca tivemos tantos artistas com o potencial que temos hoje. Acho que temos que melhorar sempre e trabalhar muito, porque o talento claramente existe.
Apesar da falta de locais adequados para shows, vejo coletivos e bandas criando seus próprios espaços e ralando. Isso é fundamental para crescermos.
10) Acha que o rock está em um bom momento? Existe esperança na volta do gênero para as rádios?
O rock está vivo. Mesmo que nas trincheiras. O crescimento do Scalene me traz bons presságios.
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