“Dunkirk” (2017), o novo filme de Christopher Nolan retrata o perrengue de tropas inglesas e francesas, acuadas por alemães em uma praia no nordeste da França, durante a 2ª Guerra Mundial, na conhecida batalha de Dunquerque.
Tirando algumas cenas com aviões nazistas, em momento algum se vê tropas alemãs aperreando a galera acuada que busca escapar da praia. Acredito que todas as altíssimas notas que estão sendo atribuídas a “Dunkirk”, tem um motivo, uma nova forma de apresentar um filme do gênero ‘guerra’.
“Dunkirk” trabalha sua narrativa focando na perspectiva da fuga de alguns personagens, o campo de visão, contemplando as tropas raramente é expandido. O filme é sensível, mas na minha concepção, falha em proporcionar ao espectador a sensação de compartilhar dor, frustração e vitória com os protagonistas. Bem, talvez eu seja o errado nesta história, talvez eu esteja acostumado com boas doses de sangue na tela, e em “Dunkirk”, Nolan não oferece uma gota sequer.
Talvez a decisão de Nolan em trabalhar a empatia de outra forma, nos poupando do sofrimento imposto por outras produções, como “Platoon” (1986), “Resgate do Soldado Ryan” (1998), além de muitos outros exemplos, seja algo tão novo, que chegue a ser genial, o problema é que essa genialidade me deixou entediado em vários momentos.
Um ponto positivo para a obra de Nolan, é que a produção tem menos de duas horas de duração, embora esta felicidade não possa ser aproveitada em sua totalidade durante a projeção já que o filme – repito – é chato.
A narrativa em algumas ocasiões é confusa, o roteiro escrito pelo próprio Nolan se perde quando interrompe o fluxo narrativo para situar a trama em outro momento, demorando um pouco a estabelecer a timeline ao espectador. A tentativa dos protagonistas ao tentarem escapar da praia, poderia render um subtítulo “A Volta Dos Que Não Foram”. Relaxe, isso não é um spoiler.
Em relação aos atores, o maravilhoso cast formado por nomes como Aneurin Barnard, Cillian Murphy, Fionn Whitehead, Harry Styles, Jack Lowden, James D’Arcy, Kenneth Branagh, Mark Rylance e Tom Hardy foi subutilizado. Qualquer outro poderia estar escalado para o papel deles.
Mas “Dunkirk” não vive só de críticas, a produção tem aspectos técnicos apaixonantes, como a trilha sonora, lindamente ‘pesada’ e ‘incômoda’ composta pelo mestre Hans Zimmer; a fotografia de Hoyte van Hoytema – que já havia trabalhado com Nolan em “Interstellar” –, apresentando uma paleta de cores envolvente aos olhos que se torna lúgubre nos momentos certos e uma elegante granulação (que infelizmente está sendo extinta dos filmes); e, os efeitos sonoros, penso que já temos definido o primeiro vencedor em uma categoria para o Oscar de 2018.
Desculpe se lhe desencorajei a assistir “Dunkirk”, em minha opinião é uma viagem em uma rota cansativa e esburacada, mas vale a pena para quem curte filmes de guerra. Confiro-lhe nota 7.2.
TRILHA SONORA VIA SPOTIFY
TRAILER
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