“Pede pra sair”, “Não vai subir ninguém” e “Você é um fanfarrão” são expressões que ficaram populares para todos que assistiram o filme “Tropa de Elite”. Já Elite da Tropa, de André Batista, Rodrigo Pimentel e Luís Eduardo Soares é o livro que guiou a produção do longa-metragem mania de 2007.
Antes de tecer mais comentários, há de se explicar que o filme, já comentado aqui, tem apenas algumas semelhanças com o livro. O filme é apenas baseado nos relatos do livro. É diferente, por exemplo, de outros livros que eu já li, onde suas histórias serviram diretamente para uma adaptação na telona, entre eles “O advogado do Diabo”, “Carandiru”, “Cidade de Deus” (a melhor adaptação), “Forrest Gump” (o melhor livro) e “O código da Vinci”, este último, o único que eu li antes de assistir a adaptação.
As 312 páginas descem macio e reanima. Perdão, bordão errado. A leitura é agradável e rápida. Li em, praticamente, 4 dias. Então, o mais importante da leitura de Elite da Tropa é saber que você não vai conhecer mais histórias de Capitão Nascimento, o aclamado personagem de Wágner Moura no longa-metragem de José Padilha. Na verdade, você pode até reconhecer alguns trechos do filme, mas no livro não se fala em Capitão Nascimento, aspiras Mathias e Neto e, nem mesmo, na operação do Papa.
Entretanto, esse fato não atrapalha em nada a qualidade do livro. Na verdade, aos poucos, a expectativa de ler o nome Capitão Nascimento vai sendo substituída pela expectativa de novas revelações dos atos dos PM convencionais e das ações do BOPE. O livro, que é dividido em duas partes, envolve e, se o leitor tiver o mínimo de consciência social, incomoda com o relato da realidade.
A primeira parte são diversos relatos do ex-capitão do BOPE Pimentel. A linguagem é crua e direta. Tão crua e direta que o autor exagera nos pedidos de desculpas para com os leitores que podem se ofender com a linguagem. Nesta parte consegue-se observar várias “inspirações” do filme, como a citação do saco plástico, do cabo de vassoura, de algumas partes do treinamento do BOPE e do ódio dos policiais do BOPE aos convencionais corruptos e a playboys usuários financiadores do tráfico de entorpecentes (Nossa, falei bonito demais!!!). Nota-se então que o trabalho do roteirista do filme foi concatenar de maneira lógica cada situação relatada nesta 1ª fase do livro.
A segunda parte é uma história, narrada de maneira cronológica, é até difícil de descrever. Trata-se de um emaranhado de fatos interligados relacionando policiais civis, policiais civis corruptos, PM´s, PM´s corruptos, o BOPE, o secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, o governador do estado e vários líderes de facções criminosas. É sensacional a narrativa que mostra, sem eufemismos, o quanto o jogo de poder e política atua de maneira organizada buscando apenas benefícios individuais e desvirtuando os princípios dos órgãos de controle do estado. E, se você for o mínimo inteligente, vai ver também o livro como uma série de tiradas hilárias, como a história do assessor homossexual que se entrega no grampo ou quando um líder de uma facção criminosa é anunciado numa reunião de líderes pelo seu assessor cagando no banheiro.
“Se você ainda não leu é porque é muleque!!! É um fanfarrão!!” Cap. Nascimento
Não marque toca e leia urgentemente. Não quero nem ficar falando o tanto que é importante apoiar a literatura nacional. N.R.D.R. aprova.
Daniel Farinha, que é tem medo da polícia, queria ser oficial do BOPE, mas sem ter que passar pelo treinamento.
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