Fiquei apreensivo por escrever sobre o Dream Theater. Tenho meus motivos. Sempre se fala que são os “Senhores da técnica”. Outros fãs irão dizer que não se trata apenas do maior show de uma banda progressiva, mas sim do maior espetáculo da Terra. Como foi meu primeiro show dos caras, fui muito interessado em ouvir a opinião dos fãs de longa data.
Sempre admirei e achava interessante o Jonh Myang tocar um contrabaixo de seis cordas em uma banda de rock (o que é incomum). Mas voltando a apreensão de falar sobre uma banda que é defendida com a faca nos dentes de alguns fãs, não é de se estranhar a devoção destes para com a banda. O show deles (show não, concerto) é de uma produção simplesmente magnífica. A iluminação foi que chamou a atenção, com grandes variações entre as canções e com destaque para a estrutura de três hexagonos içados acima do kit de bateria. Nestes eram projetadas imagens muito legais e embasavam cada música. O destaque foi para a abertura com os cinco integrantes representados por personagens distintos (me lembro do Myang de samurai – criativo não! – e do tecladista Jordan Rudess vestido de mago).
Mas continuando minha apreensão para com os fãs. Sempre me incomodou estes fãs com certa frequência, que idolatram a banda pela excelência técnica (concordo), e devido a esta qualidade, as músicas serem inteeeeeeermináaaaaaaaaaveis (discordo de certa forma). A musica para ser interessante não necessariamente precisa ser gigantesca e sim tocar a alma de seu ouvinte.
O gênero que eles sempre se propuseram a realizar, um metal progressivo (mais melódico que o Rush de 1980 e com nenhum psicodelismo pinkfloydiano da década de 60-70) é interessante. Músicas de 23-24 minutos como algumas que já gravaram são atraentes para os músicos mostrarem virtuosidade, já para quem escuta fica um tanto cansativa. Sou fã declarado do Rush, principalmente da sua fase mais progressiva, entretanto há momentos que as canções deles com 15 minutos só instrumental e inacreditáveis 21’ min do álbum 2112 são longas demais.
Acho que o show de 3 horas foi longo, como é notório nas turnês do DT, mas para quem não é dream theateriano é para ir uma vez ao ano. Mas mudando de pato para ganso falaremos das canções do concerto. Tocaram sete músicas do novo álbum (A Dramatic turn of events), com abertura de “Bridges on the sky”, passando por “6:00” do álbum Awake. Após a canção o vocalista James LaBrie fala ao publico brasiliense que “é um prazer estar na capital do Brasil, que ali se encerra a turnê brasileira e mundial e esperam que gostemos”.
Gostei bastante da “The Dark eternal night” (do Systematic Chaos), com uma atmosfera tenebrosa e imagens de Nosferatu de 1922. Segue com mais uma do Dramatic “This is the life” e não chegando a empolgar a platéia com “The root of all evil” (do Octavarium). Mais do Dramatic “Lost not forggoten” e um momento de que se tornou lugar comum nos shows de grande apelo. O solo do novo baterista, de mesmo nome que o anterior Mike, mas que deveria mostrar a que veio. Mike Portnoy era quem me desfrutava mais curiosidade no DT. Virtuoso, de técnica refinada, se fosse um animal poderia ser comparado a um polvo. Seus braços estavam em todos os lugares da bateria, sem perder a versatilidade e apenas fazer barulho como alguns bateras que temos por ai. Mas esse outro Mike é sensacional. Um solo poderoso, com força é ritmo que uma banda de progressive metal precisa.
Em seguida “A fortune de lies” em formato acústico. Posterior vem um dos pontos altos do show “Silent man” (do álbum Awake). O publico delira, canta junto e até levanta as mãozinhas pro céu. Mais duas acústicas, ambos do Dramatic “Beneath the surfasse” e “Outcry”. Momento isqueiros pro alto (ou seriam iPhones?).
Recomeça o espetáculo e temos “Surrounded” (Images and Words) e “On the backs of angels” (Dramatic…). As duas próximas são do álbum six degrees of inner turbulance “War inside my head” e “The test that Stumped Them All”.
Confesso que já estava muito cansado neste momento do show e aproveitei para sentar um pouco. A seqüência iria me exigir fôlego. “The spirits carries on” (do Metropolis 2) faz um cara próximo de mim chorar copiosamente. Por isso é perigoso falar sobre DT. Pode-se sair direto pro hospital.
Segue-se com a ultima do Dramatic “Breaking all illusions”. Não gostei muito. Barco que segue para atracar em porto seguro. A banda se despede, mas volta logo para o gran finale. O bis é especial com “Metropolis pt 1: The miracle and the sleeper”. Êxtase total da platéia. Vi muito marmanjo se abraçando como se fosse gol em final de campeonato. O negocio foi belíssimo.
Eu não sou grande fã do DT, mas é muito legal ver as pessoas demonstrando carinho e respeito por algo que as toca tanto. Adoro uma melodia que entra na sua alma e faz vc pensar que bom que a vida reserva estes momentos, mesmo que durante segundos, mas que existem. Resumo da opera: uma nota oito pelo geral. Ta bão num ta? Veremos-nos por estas estradas da vida.
Resenha do show: Danilo Carvalho (heavy man partner)
Fotos no post de Camilla Yang. Clique aqui e visite o ótimo flickr da fotógrafa.
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