O ano: 1989. A banda: Biquini Cavadão. O disco: ZÉ.
A opinião:
Aguardava ansioso o sucessor dos LP’s Cidades em Torrente (1986) e A Era da Incerteza (1987), álbuns que já faziam parte do inconsciente de qualquer fã de Brock ou do próprio Biquini, a responsabilidade em suceder discos que tinham as clássicas No Mundo da Lua, Tédio, Timidez, ¼, Ida e Volta e Catedral, só para citar as mais óbvias era uma tarefa nada fácil, mas na minha humilde opinião, a banda tirou de letra. O disco era um debut às experimentações, talvez o grande público não tenha comprado a idéia, mas com certeza, os fãs adoraram ouví-lo e o Biquini gravá-lo. Nós, biquinistas de carteirinha, ganhamos canções sensacionais como Bem Vindo ao Mundo Adulto, Brincando com Fogo e Corredor X e os radiofônicos Teoria e Meu Reino. Acho que entre vendas e encalhes todo mundo saiu ganhando, eu pelo menos adotei o Zé como um dos meus discos preferidos até hoje.
O Disco:
1. Bem Vindo Ao Mundo Adulto:
O disco começa com um tapa, acorde, o mundo não é do jeito que você acha que é “Eu digo Bem vindo ao mundo adulto, não creia em ingenuidades. Amigos sempre fomos, negócios sempre a parte. Você que descobriu tudo isso um pouco tarde!” Uma canção aditivada com metais, coral e uma boa pitada de sarcasmo. Sensacional!
2. Brincando Com Fogo:
Essa meio que locupleta Bem Vindo Ao Mundo Adulto, na primeira você é forçado a descobrir que precisa crescer, nesta você tem que agir e parar de tratar como se o mundo fosse só seu, mexa-se e o faça girar. “O sol nasceu quadrado hoje, você parece nem ligar. O teu descaso é tão grande já começa a me contagiar”. É a tradução do famoso acorda pra cuspir!
3. Corredor X:
Liberdade!!! Com uma boa linha de teclados, final enlouquecido e versos “Como seria bom se o destino nos desse a opção de escolher, por que causa nós vamos sofrer”, descobrimos o sabor de podermos ser livres e definitivamente usarmos o livre arbítrio a nosso favor.
4. Teoria :
A Radio Hit do álbum, tocou incansavelmente mesmo com tema polêmico, era engraçado ouvir os comentários na época, do tipo: “o biquini é uma banda de ateus?”, “interessante as questões filosóficas da música nova do biquini!”. Todo mundo queria ser antenado as questões que a música levantava, e entendidos da vez pipocavam para decifrar o que havia por trás de versos como “Se Deus me explicasse, ao menos me conformaria, mas como acreditar se Deus também é teoria”. Arranjos simples fazem bem o seu papel aliados a uma boa letra e o belo vocal do Bruno.
5. Samba De Branco:
Literalmente um Sambão! De branco, mas não deixa de ser um samba, uma música gostosa e safada afinal, “Eu quero amantes bem safadas e um carrão envenenado. Aquele emprego no governo, eu sou uma ovelha desgarrada” Let’s party!!!
6. Meu Reino:
Um bela balada que nos reflete a introspecção, é o momento de celebrar nosso canto e nossas conquistas, brindar tudo o que possuímos. “Para formar minhas idéias e meus sentimentos. Eu sou a soma de tudo que vejo e minha casa é um espelho”.
7. Na Memória:
O arranjo tem como base os teclados numa canção que se desenvolve nos desencontros do amor. “Você passa rápida na esquina, o mundo parece tão distante e eu torno a acelerar”.
8. Certas Pessoas:
É a valorização do EU! As vezes nós somos a nossa melhor companhia. Keyboard Miguel! “Eu não quero ninguém andando comigo, só certas pessoas. Uma pessoa só já basta”.
9. Meus Dois Amores:
Um folk sarcástico, o violão é base dessa canção que retrata a vida de duas paixões, sua mulher feia e rica e sua égua campeã. “E assim que eu acordo, quero logo te agradar, espero que você nunca me largue e nem me dê um coice pelas costas”.
10. Direto Pro Inferno:
A música com mais elementos do disco, nuances e vinhetas, arranjo perfeito que nos diz que ninguém é bom 100%, enfim, curta também seus dias negros. “As vezes a vida fica tão triste que nem uma mulher peituda é capaz de me alegrar…”.
ZÉ, Polygram Polydor, 1989.
Gravado nos Estúdios Polygram, Fevereiro/Abril de 1989
Capa (fotografias): Maurício Valladares.
Capa (design e colagem): Ricardo “McCartney” Leite.
Biquini Cavadão é uma entidade musical incorporada por:
Alvaro Birita Lopes (bateria)
Andre Sheik Fernandes (baixo)
Bruno Gouveia (vocal)
Carlos Coelho (guitarra e violões)
Miguel Flores da Cunha (teclados)
TODAS AS FAIXAS COMPOSTAS PELO Biquini Cavadão
Arranjos de base – Carlos Beni / Biquini Cavadão
Arranjos Adicionais e regência – Miguel Flores da Cunha
Direção Artística: Mariozinho Rocha para MR Produções Artísticas
Produzido por Carlos Beni para Criação Produções
Gravado por Marcus Adriano
Mixado por Marcus Adriano, Carlos Beni e Sheik
Assistência de Produção – Ronaldo C Lima e Paulo André Mossman
Assistência de Gravação – Marquinhos Vicente e Sheik
Participações especiais:
Ronaldo Cunha Lima Filho: Jew’s Harp em “Meus Dois Amores”, Pandeiro em “Brincando Com Fogo”, Conga e Chocalho em “Brincando com Fogo”, Bongôs e Congas em “Direto Pro Inferno”, Surdo Ganzá Cuica e Tamborim em “Samba de Branco”
Cecília e Betina – Coral em “Bem Vindo Ao Mundo Adulto” e “Corredor X”
Raul de Barros – Trombone em “Samba de Branco”
Beni, Birita e Marcus Vicente – Tamborins em “Samba de Branco”
Metaleiros Radicais – Metais em “Direto Pro Inferno ” e “Bem Vindo Ao Mundo Adulto”
Júlia Borja – Narração Adulta em “Bem Vindo Ao Mundo Adulto”
Sheik – Cano em “Certas Pessoas”
Nilton Rodrigues – Flugelhorn em “Meu Reino”
Cordas em “Meu Reino” : Pareschi/ Vidal / Perrota / Zé Alves – Violinos
Jesuina / Penteado / Stephany – Violas
Marcio / Alceu – Cellos
Metaleiros Radicais : Barreto / Nilton Rodrigues – Trumpetes
Roberto Marques – Trombone
Aurino Ferreira – Sax Barítono
Macaé – Sax Tenor
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