O Festival de Inverno de Brasília inaugurou neste dia 03/07 além de sua terceira edição, uma nova era. O evento está sendo incorporado – definitivamente e merecidamente – ao calendário de eventos fixos da cidade. Na teoria, significa comprometimento de todas as esferas envolvidas no processo, privado ou governamental, para garantir sua realização anualmente. Na prática, vamos torcer para que funcione.
As edições 2007 e 2008 do FIB foram realizadas na Hípica de Brasília, perdeu-se no quesito “aconchego”, em contrapartida melhorou consideravelmente nos aspectos de estrutura e localização.
Os estudantes Márcio Brito, 18 e Cláudia Lima, 17 gostaram do evento e resumiram os shows desta sexta-feira em uma palavra “mará”. Gíria que significa maravilhoso. O turismólogo Cláudio Vianna, 28, também aprovou o evento, mas acha que houve descaso em relação à limpeza e manutenção dos banheiros químicos, classificando-os como “mal cheirosos e insuficientes, considerando a quantidade de público”.
O público de Brasília tem um histórico de estar pontualmente atrasado, isso acarretou em um atraso em média de 40 minutos, que é consideravelmente aceito. Os palcos possuem um layout bonito e os telões de LED’s (micro lâmpadas) valorizavam o espetáculo. Posso citar pequenos problemas, como no som durante alguns shows e a praça de alimentação “fail” – utilizando uma freqüente linguagem de internet que significa falhou –, tinha boas opções de barracas, mas estas não comercializavam produtos à altura ou os valores eram desiguais ao que era oferecido. Como eu disse: “pequenos problemas”, nada que ofuscasse o brilho do FIB por serem facilmente sanáveis.
OS SHOWS
Inomináveis:
Os Inomináveis abriram o evento, ok, a banda é boa e ensaiada, mas cometeram um erro abominável. Um grupo que tem a oportunidade de mostrar seu trabalho para a mídia e público jamais pode se acovardar e executar um set recheado de covers. Os Inomináveis tinham em suas mãos uma oportunidade que outros não tiveram e deixaram escapar com um show sem futuro, que poderia ter sido apresentado por qualquer banda de baile (não estou tirando o crédito de bandas de baile, porque elas existem com esse intuito e o fazem muito bem). Uma pena! Meninos repensem a estratégia de vocês, toquem a sua música, o mundo é assim, dêem a cara a tapa e a chance das pessoas gostarem ou não.
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Biquini Cavadão:
O vocalista Bruno Gouveia e Cia apresentaram pela primeira vez na cidade o show de lançamento do CD/DVD 80 \\ Volume 2 (2008). Resultado: banda e público saíram com um sorriso de orelha a orelha. O grupo abriu o show com Exagerado (Cazuza), emendou com Índios (Legião Urbana) e Zé Ninguém de sua própria autoria dando uma pequena amostra da boa energia que estava por vir. Bruno falou sobre a felicidade de estar abrindo o FIB, repercussão do Volume dois e do orgulho de executar canções que não são do Biquini. Em 2010 a banda completa 25 anos de carreira.
O set com mais 20 canções levou o público ao delírio que cantou, vibrou e acompanhou as estripulias do vocalista Bruno, incluindo um “mosh” (salto sobre a platéia). Um dos momentos mais celebrados foi à canção “Até Quando Esperar” da Plebe Rude (veja o vídeo), com participação do plebeu Philippe Seabra, comentando que a canção foi escrita a 25 anos atrás e continua atual, o que é uma pena.
Na coletiva de imprensa o grupo destacou que ainda se emociona no palco e a importância desse show em Brasília em razão da aproximação e história que a cidade que tem com o rock nacional. Em relação ao CD/DVD 80 \\ Volume 2, Bruno disse que a resposta tem sido positiva, mais uma vez eles lançaram um disco que em meio a uma crise mundial “a marolinha”, mas as vendas tem aumentado gradativamente. Em relação ao Funk, Axé e etc, Bruno disse que não é contra e ilustrou com uma frase irônica da cantora Adriana Calcanhoto que dizia: “eu sou contra o mau gosto” e completou “os artistas usam do mau gosto para se promover, essa é nossa crítica e não temos ressentimento contra a mídia, porque o público precisa se conscientizar e dizer a mídia o que quer ouvir, dar a oportunidade para os poetas se expressarem e para as músicas boas serem executadas”. Em relação ao Rock Nacional acha “que ele está até hoje na mídia porque tem qualidade e não cansa de homenagear Renato Russo por tudo que ele representou para essa geração”, lembrando que a primeira música que o Renato gravou fora da Legião foi Múmias do primeiro disco do Biquini. Imperdível!
Ao final da coletiva, Bruno aceitou nosso convite e atencioso como sempre, recebeu um número de fãs para distribuir autógrafos e posar para fotografias.
Setlist: 01. Exagerado (Cazuza) / 02. Índios (Legião Urbana) / 03. Zé Ninguém / 04 Dani + Uma Brasileira (Paralamas do Sucesso) / 05. Envelheço na Cidade (IRA!) / 06. Vou Te Levar Comigo / 07. Quando eu te Encontrar / 08. Vento Ventania + You Are My Sunshine (Jimmy Cliff) / 09. Aonde Você Mora (Cidade Negra) / 10. Janaína / 11. Múmias / 12. Carta aos Missionários (Uns e Outros) + Maluco Beleza (Raul Seixas) / 13. Até Quando Esperar (Plebe Rude – veja o vídeo) / 14. Astronauta de Mármore (Nenhum de Nós) / 15. Timidez / 16. Por Você (Barão Vermelho) / 17. No Mundo da Lua + Sobradinho (Sá e Guarabyra) / 18. Tédio / BIS: 19. Quanto Tempo Demora um Mês / 20. Chove Chuva (Jorge Ben Jor).
Saiba mais: Site oficial (aqui) / Twitter (aqui).
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Aerocirco:
Oriunda de Florianópolis/SC em 2001, com quatro álbuns lançados e influência indie, apresentou um ótimo show, mantendo entretida uma platéia que estava aguardando Lulu Santos. Repertório bem escolhido, bons músicos e boa presença de palco atestam o porque do crescente destaque no cenário underground.
Saiba mais: Site oficial (aqui) / Myspace (aqui).
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Lulu Santos:
O velho Lulu Santos é um dos responsáveis pela forma, conteúdo e divulgação do Rock Nacional por se tratar de um precursor do movimento. Ao subir ao palco, assume uma faceta perfeccionista (reclamou de problemas no som) e carismática em prol da diversão.
Lulu Santos divertiu e emocionou a platéia, dançando e interagindo, sempre com um sorriso enorme estampado no rosto, fazendo o que sabe de melhor, hipnotizar a todos. Com um repertório irrepreensível apoiado nos arranjos do CD/DVD ao vivo MTV (2004) e dando continuidade à turnê do CD Longplay (2007) o cantor literalmente fez a festa exemplarmente. O setlist atesta a qualidade de “monstro” do pop rock nacional com canções como Aviso aos Navegantes, Um Certo Alguém, Como uma Onda, Casa, Sábado à Noite, Tudo Bem, Contatos e Seu Aniversário. Ao dar polimento em seus arranjos, Lulu passeou em várias vertentes da música, tais como o samba, funk, rock, disco e bossa em uma profusão de estilos que cumpre o seu papel: divertir. Cantor e banda interagem em perfeita simbiose para dar vazão ao espetáculo, acompanhados de um telão que reproduzia interessantes e belas imagens da Lapa no Rio de Janeiro, uma imensa bola disco, planeta terra, céu, estrelas, desenhos, uma representação psicodélica de Lulu como a deusa Shiva, bem como fotos que relembram a carreira do cantor. Divertido!
Saiba mais: Site oficial (aqui).
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Satisfaction:
Conhecido e divertido grupo de Brasília que anima shows e festas tocando o melhor do rock nacional e internacional. Cumpre muito bem o papel que lhe é designado.
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Ultraje a Rigor:
O grupo paulista encerrou de forma divina o primeiro dia do FIB que entrou madrugada adentro. A irreverência de Roger Moreira, líder do Ultraje, concatenada a uma jovialidade roqueira, letras inteligentes e uma banda afinada, ajudaram a aquecer uma platéia combalida pelo frio e próximo da aurora, não a aurora sua prima do interior e sim a do sol perto de nascer.
A coleção de hits herdada pelos 27 anos de carreira como Nós Vamos Invadir Sua Praia, Ciúme, Nada a Declarar, Sexo, Pelado, O Chiclete é a base para um espetáculo sólido e envolvente aliado a covers potentes como Sheena Is a Punk Rocker (Ramones), Long Tall Sally (Little Richard) e Paranoid (Black Sabbath).
A apresentação ainda contou com convidados como o grupo da cidade Gonorant’s, aonde tocaram com Roger a música “Gaivota Manca” (veja o vídeo) do CD Gonorant’s que tem participação do próprio senhor Moreira. E do “arroz de festa”, brincadeira do líder do Ultraje para se referir ao vocal da Plebe Rude, Philippe Seabra. Juntos tocaram o hit plebeu “Até Quando Esperar”.
Roger gentilmente atendeu dois pedidos nossos, a canção clássica Volta Comigo (anunciada durante o show \o) e a divertida música nova Nossa Que Cabelo Bonito (você pode ouví-la aqui), que fará parte do novo disco, que eles não costumam tocar. Podemos destacar também as brincadeiras no palco e o recado para os políticos. Sensacional!
Setlist: 01. Zoraide / 02. Ah, Se Eu Fosse Homem… / 03. Inútil / 04. Filha da Puta (veja o vídeo) / 05. Independente Futebol Clube / 06. Sheena Is a Punk Rocker (Ramones) / 07. Rebelde Sem Causa / 08. Mim Quer Tocar / 09. Maximillian Sheldon / 10. Sexo / 11. Pelado / 12. Gaivota Manca (Gonorant’s – veja o vídeo) / 13. Paranoid (Black Sabbath) / 14. Nada a Declarar / 15. Long Tall Sally (Little Richard) / 16. Volta comigo / 17. Nós Vamos Invadir Sua Praia / 18. Marylou / 19. Ciúme / 20. Eu Gosto é de Mulher / BIS: 21. Beat It (Michael Jackson) / 22. Should I Stay Or Should I Go? (The Clash) / 23. Até Quando Esperar (Plebe Rude) / 24. O Chiclete / 25. Nossa, Que Cabelo Bonito / 26. Johnny B. Good (Chuck Berry).
Saiba mais: Site oficial (aqui) / Download de canções (aqui) / Twitter (aqui).
Publicação no N.R.D.R.: Artigo Ultraje a Rigor: (aqui).
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O crédito de todas as fotos exbidas neste post é de Cristiano Porfírio.
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