A revista VIP de junho publicou uma matéria sobre as 60 melhores covers de todos os tempos. Aproveitei para convidar alguns artistas como Lobato, Bruno Gouveia, Roger Moreira, Canisso e Ritchie para darem sua opinião sobre seu relacionamento com as releituras e ficou bem legal.
Em relação a matéria da VIP (logo abaixo), ficou ótima e pertinente, gostei muito da maioria das escolhas dos repórteres. Sou um paradoxo no assunto, evito bandas covers, mas adoro canções covers e/ou releituras. É um gênero musical que tem seu reconhecimento como homenagem.
Qualquer dia aí prepararei a lista das minhas preferidas, enquanto isso, vamos as atrações do post.
Observações sobre a escolha dos convidados:
Ritchie, o lorde inglês radicado no país desde que era um pequeno mancebo, conquistou o Brasil com o álbum “Vôo de Coração”, repleto de singles de sucesso, conferiu ao britânico o título de hitmaker. Atualmente Ritchie trabalha na divulgação de sua última obra intitulada “60”. Uma compilação de releituras de canções da referida década. Emocionante e repleto de boas surpresas, “60” é uma obra incontestável que tem início com o petardo Summer in the City. Recomendo!
Bruno Gouveia está na estrada com o Biquini Cavadão na divulgação prévia de “Roda Gigante”, próximo álbum do grupo a ser lançado em breve. O Biquini Cavadão é um dos grupos mais importantes do Brock. Além dos inúmeros hits, o Biquini já se aventurou em dois discos de covers homenageando o rock nacional. O incansável vocalista Bruno, vira e mexe se aventura na produção de álbuns temáticos, com versões para músicas infantis, Roberto Carlos, Beatles e também de hits gringos.
Roger Moreira líder do Ultraje a Rigor, influenciou gerações inteiras com letras que fazem pensar apoiado em muito sarcasmo.
Canisso é baixista da banda mais influente do país na década de 90, Os Raimundos.
Roger e Canisso representam neste post o álbum “Ultraje a Rigor x Raimundos”, em que o Ultraje faz releitura de sete canções dos Raimundos e estes interpretam o mesmo número de canções do Ultraje. O disco recém-lançado é uma das obras mais legais nos últimos anos no país. É o roquenrol representado da melhor forma, papo reto e divertido. Recomendadíssimo!
Lobato representa O Rappa, incontestavelmente a maior banda do país na atualidade e e seu novo grupo o Afrika Gumbe. O Rappa sempre esteve envolvido em releituras, a última, Súplica Cearense de Luiz Gonzaga, é emocionante.
Vamos às impressões de nossos convidados:
Ritchie (cantor e compositor)
Mais que um simples álbum de covers, Ritchie “60” é o reencontro com a minha língua natal e com as primeiras canções que me inspiraram a ser músico.
Bruno Gouveia (vocal, letrista e compositor Biquini Cavadão)
Covers são bons laboratórios. Servem pra gente aprender novas técnicas e nos dá boas idéias para nossas próprias composições. No entanto, prefiro versões. Interpretar, dar sua cara para uma determinada música é algo bem legal. Claro que você corre o risco de “assassinar” a canção, mas o risco é a graça de tudo e, no final, isto também exercita sua autocrítica 😉
Roger Moreira (vocal, guitarra, letrista e compositor Ultraje a Rigor)
Eu adoro fazer covers. Na verdade, não bem covers, mas tocar músicas de que eu goste. No Agora é Tarde já tocamos trechos de mais de 800 músicas até agora. Começamos fazendo covers de Beatles, Stones, punk, rock dos anos 50 e 60, Jovem Guarda, etc. O álbum com os Raimundos surgiu de uma idéia do Rafael Ramos, da Deckdisc, inspirado no split da BYO de Rancid/NOFX. As músicas foram escolhidas por nós e pelo Rafael. Escolhemos quase as mesmas músicas. Eu fiz questão de Papeau Nuki Doe.
Canisso (baixista Raimundos)
Ok, vejamos… O cover é onde o músico entrega suas influências, onde ele reverencia seus ídolos, tirar um cover é tocar aquele som que adoraríamos ter composto, é uma boa forma de mostrar sua competência tocando igualzinho ou até ousar e mandar uma interpretação mais pessoal, mudando tudo, recentemente passamos por essa experiência ao gravarmos esse projeto com o Ultraje, acho que conseguimos encontrar um bom equilíbrio entre esses dois aspectos, é um “split” com as duas bandas tocando suas próprias interpretações de músicas escolhidas a dedo pelos músicos das duas bandas,sob a chancela do Rafael Ramos, da Deck…
Lobato (multi-instrumentista O Rappa e Afrika Gumbe)
A estória de fazer novas versões, a meu ver tem muitas variáveis. Por exemplo, Frank Zappa que compôs uma obra muito grande, fez várias versões de suas próprias músicas. Todas muito boas. Ele ainda fez registros hilários de Starway To Heaven, onde o solo de Jimmy Page é tocado pelos metais. Ou do Bolero de Ravel com partes remetendo a música estilo de música mexicana. O importante é a versão ou arranjo ou releitura, ter algo que chame a atenção. Acho que O Rappa conseguiu fazer músicas já gravadas parecerem da banda. Vapor Barato. Eu estava num restaurante, e a música sendo tocada por um músico local e uma menina que se servia num buffet, comentou: ” Essa música do Rappa chama-se como ?”. Eu preferi ficar quieto e não explicar nada. Deixar o mistério. Hei Joe, também ficou uma ótima versão. E ela nem pertence ao Hendrix. O mais engraçado é notar como certas músicas, são covers sem ser. Por exemplo, a música mais conhecida do Cláudio Zoli que o arranjo remete a uma música do Steely Dan,” Babylon Sister” ou outra da Rita Lee, música do Doobie Brothers, “When a Fool Believes” (acho que o nome é este) e por aí vai. Lembrando. Tem que ter algo a mostrar, senão não tem caldo.
Matéria da VIP:
Cultura
60 Covers melhores que os originais
A regravação é uma prática básica da música popular. Até mesmo artistas que se consagraram compondo seu próprio material não resistem à tentação de fazer a leitura de um antigo sucesso ou de remodelar uma pérola obscura. Na maioria das vezes, a versão cover não supera a qualidade do original. Mas há exceções. Para chegar a elas, reunimos um júri de especialistas. Cada jurado indicou covers que considera melhores que a primeira gravação (preservamos o direito sagrado do voto secreto). E chegamos a uma lista que inclui rock, pop, MPB e jazz – e que pode servir para você montar uma playlist de alto nível nestes tempos de MP3 e de venda de apenas uma música em lojas online
60 Umbabarauma (Ponta de Lança Africano)
Cover: Jorge Ben Jor & Mano Brown (2010)
Original: Jorge Ben (1976)
O que caracteriza como cover a regravação que o atual Jorge Ben Jor fez de sua própria música (feita nos tempos em que não tinha o supérfluo Jor no nome) para a Copa de 2010 é a participação especialíssima de Mano Brown, do Racionais MC’s. Com um rap esperto que enaltece o futebol e a paixão do torcedor, Brown deu nova encarnação ao classic de Jorge.
Onde está a cover: Umbabarauma [single]
59 Crazy In Love
Cover: Snow Patrol (2009)
Original: Beyoncé (2003)
Uma diva do século 21 tendo um sucesso regravado por uma banda de rock. O primeiro hit da carreira solo de Beyoncé ganhou guitarras nervosas. O Snow Patrol consegue a proeza de fazer esquecer do clipe em que a estrela rebolava.
Onde está a cover: Up to Now
58 You Know I’m No Good
Cover: Arctic Monkeys (2007)
Original: Amy Winehouse (2006)
A versão do Arctic Monkeys, apresentada na turnê de 2007 da banda, foge do clima de fim de noite de Amy Winehouse com maispeso de bateria e guitarra. O vocal também deixa tudo mais urgente.
Onde está a cover: Radio 1’s Live Lounge, Vol. 2
57 Since I’ve Been Loving You
Cover: Corinne Bailey Rae (2007)
Original: Led Zeppelin (1970)
O longo blues apaixonado do Led Zeppelin fica menos exagerado (os vocais são bem mais sutis que os originais do vocalista do Led, Robert Plant) e mais bonito com a cantora Corinne.
Onde está a cover: Live in London and New York
56 Harvest Moon
Cover: Cassandra Wilson (2007)
Original: Neil Young (1992)
Uma das mais belas canções acústicas de sabor country e folk feitas por Neil Young. Que ficou ainda melhor com Cassandra Wilson, uma das melhores jazzistas de nossos tempos. O arranjo dela para a trilha do filme Um Beijo Roubado é ainda mais típico do sul dos Estados Unidos do que o original sugeria.
Onde está a cover: My Blueberry Nights (trilha sonora de Um Beijo Roubado)
55 Out of Time
Cover: Manic Street Preachers (2003)
Original: Rolling Stones (1966)
Os galeses do Manic Street Preachers deram uma modernizada em uma música secundária do repertório dos Rolling Stones. Ficou bem melhor e com cara de pop do século 21.
Onde está a cover: Lipstick Traces
54 I Just Don’t Know What to Do with Myself
Cover: White Stripes (2003)
Original: Tommy Hunt (1962)
É incrível a transformação do White Stripes na música composta por Burt Bacharach – que também teve uma versão de sucesso com a cantora Dusty Springfield em 1964. O clima dramático dos anos 1960 do original foi trocado por um mais sexy (como bônus, a top model Kate Moss fez pole dance no clipe), com mais guitarras e bateria pesada.
Onde está a cover: Elephant
53 Hurt
Cover: Johnny Cash (2002)
Original: Nine Inch Nails (1994)
Aos 70 anos, a lenda Johnny Cash canta acompanhado apenas de um violão e um piano que fica cada vez mais tenso. Isso faz com que melodia e letra tornem-se ainda mais deprimentes e tocantes. Muito artisticamente, é claro.
Onde está a cover: The Man Comes Around
52 Back for Good
Cover: McAlmont & Butler (2002)
Original: Take That (1995)
Um hit da boy band Take That (que tinha o cantor Robbie Williams) virou canção de voz e violão com a dupla McAlmont & Butler. E passou a ser uma canção que transmite o sentimento de quem canta.
Onde está a cover: 1 Love [CD beneficente do semanário musical inglês NME]
51 Livin’ La Vida Loca
Cover: Toy Dolls (2000)
Original: Ricky Martin (1999)
Os Toy Dolls deixaram de lado a latinidade dançante do original e fizeram sua festa com algo bem mais punk, com um vocal mais arranhado e agressivo que o de Ricky Martin. O que, digamos, não é difícil. O resultado é bem divertido.
Onde está a cover: Anniversary Anthems
50 Whiskey in the Jar
Cover: Metallica (1998)
Original: Thin Lizzy (1976)
Uma música do folclore irlandês adaptada pela banda de hard rock Thin Lizzy ficou muito mais pesada nas mãos do Metallica. Uma pancada como uma dose de uísque sem gelo.
Onde está a cover: Garage Inc.
49 20th Century Boy
Cover: Placebo (1998)
Original: T.Rex (1973)
O arranjo que o Placebo fez para a trilha do filme Velvet Goldmine não difere muito do arranjo instrumental, mas ganha porque o vocalista Brian Molko não canta como se estivesse raspando a garganta continuamente, como Marc Bolan, do T.Rex.
Onde está a cover: Velvet Goldmine
48 Hallelujah
Cover: Jeff Buckley (1994)
Original: Leonard Cohen (1984)
A composição é do cantor-poeta canadense Cohen, mas a versão que inspirou Buckley foi uma gravada por John Cale, ex-parceiro de Lou Reed na banda Velvet Underground. Todas as versões são belas, mas Buckley canta Hallelujah direto de sua alma, costurando dedilhados e emoções de tirar o fôlego. Tão poderosaque virou sucesso 13 anos após o lançamento e dez depois da morte de Buckley.
Onde está a cover: Grace
47 The Man Who Sold the World
Cover: Nirvana (1994)
Original: David Bowie (1970)
Na apresentação do Acústico MTV que virou o testamento de Kurt Cobain (que morreu meses depois da gravação), o Nirvana supera em emoção e intensidade a criação meio fria de Bowie.
Onde está a cover: Nirvana Unplugged in New York
46 Wait Until Tomorrow
Cover: Gilberto Gil e Caetano Veloso (1993)
Original: Jimi Hendrix (1967)
A pessoa que sacramentou seu voto (que, repetimos, é secreto) nessa leitura acústica e abrasileirada do rock gingado de Hendrix deu sua justificativa: “Sei que parece sacrilégio, mas gosto mais do batuque que da guitarra nessa versão”.
Onde está a cover: Tropicália 2
45 To Sir With Love
Cover: 10 000 Maniacs e Michael Stipe (1993)
Original: Lulu (1967)
A união de Natalie Merchant, dos Maniacs, com Michael Stipe, o cantor do R.E.M., e a troca dos violinos originais por saxofones melhoraram o antigo sucesso da cantora escocesa Lulu tirado do filme Ao Mestre Com Carinho, um clássico de “Sessão da Tarde”. O dueto foi tocado no baile da MTV em comemoração à posse de Bill Clinton na Presidência dos Estados Unidos.
Onde está a cover: Campfire Songs
44 Do Ya Think I’m Sexy
Cover: Revolting Cocks (1993)
Original: Rod Stewart (1978)
A cover dos Revolting Cocks não só tem um ar mais sombrio como também tem uma letra sexualmente mais explícita, fazendo com que o original “disco music” de Rod Stewart (na verdade, um plágio de Taj Mahal, de Jorge Ben) seja esquecido em segundos.
Onde está a cover: Linger Ficken’ Good
43 Girl, You’ll Be a Woman Soon
Cover: Urge Overkill (1992)
Original: Neil Diamond (1967)
Para muitos, é “a música do Pulp Fiction”, o filme do diretor Quentin Tarantino que virou item cult dos anos 1990. Mas, com sua guitarra robusta e reverberada, foi o único sucesso do Urge Overkill. Um trio de rock independente que tinha potencial para muito mais – e não realizou.
Onde está a cover: Music from the Motion Picture Pulp Fiction
42 Orgasmatron
Cover: Sepultura (1991)
Original: Motörhead (1986)
A cover do Sepultura tem batidas mais fortes e guitarras mais pesadas, além de uma voz mais “suave” (apesar de ser o gutural Max Cavalera cantando). E assim os mestres do metal do Motörhead foram superados pelos brasileiros.
Onde está a cover: Arise
41 Live and Let Die
Cover: Guns N’ Roses (1991)
Original: Paul McCartney & Wings (1973)
40 Knockin’ on Heaven’s Door
Cover: Guns N’ Roses (1991)
Original: Bob Dylan (1973)
Coincidências: canções feitas por dois mitos para trilhas sonoras de filmes foram regravadas – e melhoradas – no mesmo ano pela banda de Axl Rose e, naquele tempo, do guitarrista de cartola Slash. A voz mais rouca de Axl é mais rock que a de Paul McCartney no tema de um filme de James Bond. E a guitarra substituindo o violão fúnebre da música que Bob Dylan fez para um faroeste deixa Knockin’ on Heaven’s Door com jeito de hino.
Onde estão as covers: Use Your Illusion I e Use Your Illusion II
39 Head On
Cover: Pixies (1991)
Original: Jesus & Mary Chain (1989)
A mesma composição com duas grandes bandas de rock alternativo dos anos 1980. Com o Jesus & Mary Chain, tinha uma batida eletrônica meio “reta”. Os Pixies aumentaram o volume de tudo e botaram pilha no ritmo, dando mais vida à música.
Onde está a cover: Trompe Le Monde
38 Nothing Compares 2 U
Cover: Sinéad O’Connor (1990)
Original: Prince (1985)
Fazer uma música do Prince soar melhor apenas com uma voz frágil e intensa ao mesmo tempo concede mil pontos para Sinéad O’Connor. O grande sucesso da época em que ela ostentava uma lindíssima cabeça raspada. Pouco depois, ela mergulhou no ostracismo.
Onde está a cover: I Do Not Want What I Haven’t Got
37 Easy
Cover: Faith No More (1990)
Original: The Commodores (1977)
A regravação dispensa o segundo verso sem perder o balanço da versão original do grupo
liderado pelo cantor Lionel Richie. Curiosamente, o Faith No More apenas colocou Easy como faixa-bônus no CD do álbum Angel Dust. Só que a cover começou a tocar em rádio e ganhou até clipe que tocou bastante na MTV.
Onde está a cover: Angel Dust
36 Higher Ground
Cover: Red Hot Chili Peppers (1989)
Original: Stevie Wonder (1973)
O tema de teclado característico da gravação original dá lugar à guitarra pesada de John Frusciante, no disco em que ele estreou no Red Hot Chili Peppers. A bateria e a parte final acelerada deixam o funk de Wonder mais próximo ao funk-metal.
Onde está a cover: Mother’s Milk
35 Almost Blue
Cover: Chet Baker (1988)
Original: Elvis Costello (1982)
Na trilha sonora do estiloso documentário em preto e branco lançado um ano antes de sua morte, o trompetista coloca alma e experiência de vida, com a voz gasta e desencanto romântico, em uma primeira tentativa de canção de jazz feita pelo roqueiro Elvis Costello anos antes.
Onde está a cover: Chet Baker Sings and Plays from the Film Let’s Get Lost
34 Time After Time
Cover: Miles Davis (1985)
Original: Cyndi Lauper (1983)
Na última fase de sua longa carreira, o deus do jazz Miles Davis regravou algumas canções pop como Human Nature, de Michael Jackson. Mas o melhor resultado foi com a balada da cantora Cyndi Lauper. O que era açucarado antes acaba elegante com seu trompete cool.
Onde está a cover: You’re Under Arrest
33 Suspicious Minds
Cover: Fine Young Cannibals (1985)
Original: Elvis Presley (1969)
Uma versão mais agitada e dançante do trio inglês que fez algum sucesso nos anos 1980. Com mais bateria e guitarra, o arranjo evita o começo parado da versão original de Elvis Presley.
Onde está a cover: Fine Young Cannibals
32 Jump
Cover: Aztec Camera (1985)
Original: Van Halen (1984)
O rock entupido de sintetizadores do Van Halen foi acalmado de forma satisfatória pelo grupo escocês Aztec Camera, que adorava colocar violão em tudo. Sem os efeitos eletrônicos e elétricos do original, a melodia ficou mais atraente.
Onde está a cover: Aztec Camera
31 Oh Pretty Woman
Cover: Van Halen (1982)
Original: Roy Orbison (1964)
Se, no item acima, Van Halen teve uma música sua “desrockificada”, aqui o grupo botou muito mais pilha no antigo sucesso de Roy Orbison. Anos depois, o original voltaria às paradas graças ao filme Uma Linda Mulher. Mas, com o Van Halen, não há nostalgia: apenas mais guitarra e diversão.
Onde está a cover: Diver Down
30 Morena de Angola
Cover: Clara Nunes (1980)
Original: Chico Buarque (1980)
Original e cover saíram praticamente ao mesmo tempo. Mas a versão de Clara Nunes (que morreria numa cirurgia três anos depois) marcou mais: ela tinha mais voz e tempero na interpretação que o autor Chico.
Onde está a cover: Brasil Mestiço
29 Don’t Look Back
Cover: Peter Tosh & Mick Jagger (1978)
Original: The Temptations (1964)
Um líder do reggae e o cantor dos Rolling Stones se juntaram para recriar com mais tutano uma bela balada soul gravada pelo grupo Temptations, colega de Stevie Wonder, Jackson 5 e Marvin Gaye na gravadora Motown.
Onde está a cover: Bush Doctor
28 Gloria
Cover: Patti Smith (1975)
Original: Them (1964)
A poetisa punk Patti Smith pega um clássico do rock de três acordes e o amplia para seis minutos com uma melodia mais leve e uma voz bem mais arrastada que suaviza a composição do temperamental Van Morrison, cantor da banda norte-irlandesa Them.
Onde está a cover: Horses
27 El Día Que Me Quieras
Cover: Roberto Carlos (1973)
Original: Carlos Gardel (1935)
Uma demonstração de sutileza contra o uso do vozeirão nas antigas gravações, quando as técnicas de reprodução sonora eram mais rudes. Roberto Carlos faz uma abordagem mais íntima e sedutora de um hino do tango argentino composto e gravado pelo mito Carlos Gardel.
Onde está a cover: Roberto Carlos [1973]
26 Brasil Pandeiro
Cover: Novos Baianos (1972)
Original: Anjos do Inferno (1940)
Impressiona como os Novos Baianos transformaram em música deles algo que o compositor Assis Valente fez em 1940 e Carmen Miranda dispensou, repassando para uns certos Anjos do Inferno gravarem. A combinação de músicos criados no rock tocando samba, típica dos Baianos,
fica espetacular.
Onde está a cover: Acabou Chorare
25 How Can You Mend a Broken Heart
Cover: Al Green (1972)
Original: Bee Gees (1971)
Al Green demonstra aos Bee Gees, autores dessa canção de dor de cotovelo, tudo que eles poderiam e deveriam ter feito. A interpretação apaixonada e sofrida do futuro pastor Green elimina qualquer resquício de açúcar do original e deixa a música muito humana. Só de ouvir, quase dá para sentir a temperatura corporal de Al subir.
Onde está a cover: Let’s Stay Together
24 I Heard It Through the Grapevine
Cover: Creedence Clearwater Revival (1970)
Original: Gladys Knight & The Pips (1967)
A primeira versão dessa canção soul era maravilhosa. A segunda, feita um ano depois por Marvin Gaye, era igualmente bela. Mas a leitura rock com uma “jam session” cheia de solos de guitarra feita pela banda Creedence Clearwater Revival coloca as outras no bolso.
Onde está a cover: Cosmo’s Factory
23 Walk on By
Cover: Isaac Hayes (1969)
Original: Dionne Warwick (1964)
Uma balada elegante do compositor Burt Bacharach que fez muito sucesso ao ser lançada pela cantora Dionne Warwick. Mas Isaac Hayes, autor da clássica trilha sonora funkeada do filme Shaft, a transformou em outra canção. Ele estendeu o arranjo e, com sua voz grave e profunda, realçou a tristeza dos versos.
Onde está a cover: Hot Buttered Soul
22 I Don’t Wanna Hear It Anymore
Cover: Dusty Springfield (1969)
Original: Jerry Butler (1964)
Dusty Springfield era uma daquelas intérpretes rasgadas, como se as letras das músicas estivessem marcadas a faca em sua carne. Por isso, sua versão para essa canção supera as duas anteriores: os bons cantores Jerry Butler e Scott Walker não alcançaram a paixão que Dusty expressou.
Onde está a cover: Dusty in Memphis
21 Se Você Pensa
Cover: Gal Costa (1969)
Original: Roberto Carlos (1968)
20 As Curvas da Estrada de Santos
Cover: Elis Regina (1970)
Original: Roberto Carlos (1969)
19 Todos Estão Surdos
Cover: Chico Science & Nação Zumbi (1994)
Original: Roberto Carlos (1971)
Duas das maiores cantoras brasileiras dão mais molho a criações do Rei Roberto Carlos. Gal deixa ainda mais vingativa a áspera música de “discussão de relacionamento” do Robertão. E Elis faz uma interpretação impecável da jornada serra abaixo depois do fim de um amor. E, num CD de tributo a Roberto Carlos, com vários artistas refazendo sucessos do Rei, os pernambucanos do mangue beat deram ainda mais balanço funk (e peso nas guitarras no refrão)
à gravação original.
Onde estão as covers: Gal Costa, Em Pleno Verão e REI
18 Cadê Teresa
Cover: Os Originais do Samba (1969)
Original: Jorge Ben (1969)
Outro caso em que as duas versões foram lançadas quase simultaneamente. Mas os Originais do Samba, com destaque para a voz do futuro Trapalhão Mussum, esbanjam ritmo (apesar de essa ser uma especialidade de Jorge Ben) com sua batucada.
Onde está a cover: Os Originais do Samba
17 Le Premier Bonheur Du Jour
Cover: Mutantes (1968)
Original: Françoise Hardy (1963)
Com o humor brasileiro que aplicavam ao rock, os Mutantes adicionaram à delicada canção francesa da cantora Françoise Hardy um inusitado instrumento de percussão: uma bomba de inseticida que imita pratos de bateria. As harmonias vocais do grupo também enriquecem a regravação.
Onde está a cover: Os Mutantes
16 Crossroads
Cover: Cream (1968)
Original: Robert Johnson (1936)
Um blues primitivo virou um rock elétrico com o arranjo feito por Eric Clapton, o guitarrista do trio Cream. Ele faz dois solos e canta, numa transformação completa do original.
Onde está a cover: Wheels of Fire
15 Try a Little Tenderness
Cover: Otis Redding (1966)
Original: Ray Noble and His Orchestra (1933)
Uma canção melosa dos anos 1930 foi usada com ironia na abertura da sátira de guerra Dr. Fantástico, filme de Stanley Kubrick em 1964.
Isso deve ter feito o cantor Otis Redding se lembrar da existência da música. E ele a recriou com intensidade e sentimento, num arranjo que vai crescendo a cada verso até uma explosão de energia no final.
Onde está a cover: Otis Redding: The Platinum Collection
14 Twist and Shout
Cover: Beatles (1963)
Original: The Top Notes (1961)
13 You Really Got a Hold on Me
Cover: The Beatles (1963)
Original: Smokey Robinson & The Miracles (1962)
12 Rock and Roll Music
Cover: The Beatles (1964)
Original: Chuck Berry (1957)
Três provas de que, quando os Beatles botavam a mão em algo, conseguiam ir além de outros mestres da música. A primeira foi lançada em 1961 pelo grupo de R&B The Top Notes, e ninguém tomou conhecimento. No ano seguinte, os Isley Brothers, seus colegas de estilo, regravaram e beliscaram um 17º lugar na parada americana. Amantes de música negra, em 1963 os Beatles pegaram a música para ser a última faixa de seu álbum de estreia. O arranjo é explosivo e John Lennon, resfriado e com a garganta afetada depois de gravar 11 músicas num só dia, esgota as últimas reservas de suas cordas vocais. Resultado: quando a Beatlemania chegou aos Estados Unidos, Twist and Shout ficou em 1º lugar na parada e tornou-se uma das músicas mais duradouras e lembradas dos Beatles – embora nem seja feita por eles. Na segunda, as vozes em harmonia deixam ainda mais bonita a balada soul de Smokey Robinson, da lendária gravadora Motown. Na terceira, o quarteto transforma em épico um rock gingado de Chuck Berry. E John Lennon externa aos gritos sua paixão pelo rock.
Onde estão as covers: Please Please Me, With the Beatles e Beatles For Sale
11 (Get Your Kicks On) Route 66
Cover: Rolling Stones (1964)
Original: Nat King Cole (1946)
Logo na abertura de seu primeiro LP, os Rolling Stones mostravam a que vinham. O original de Nat King Cole era um standard de jazz. Em 1961, Chuck Berry a regravou com um andamento rock’n’roll. Mas os atrevidos Stones fizeram ainda melhor, com mais selvageria e a confiança de veteranos.
Onde está a cover: The Rolling Stones
10 Whole Lotta Shakin’ Goin’ On
Cover: Jerry Lee Lewis (1957)
Original: Big Maybelle (1955)
O pianista Lewis transformou em rock’n’roll ensandecido uma composição que, na gravação original, tinha uma mansa levada de big band com a cantora Big Maybelle. A amansada de ritmo de Jerry Lee no meio da música é sensualmente sugestiva e ganha ainda mais impacto com a explosão que entra para o encerramento.
Onde está a cover: Jerry Lee Lewis
9 Blue Suede Shoes
Cover: Elvis Presley (1956)
Original: Carl Perkins (1955)
8 Hound Dog
Cover: Elvis Presley (1956)
Original: Willie Mae “Big Mama”
Thornton (1952)
Elvis Presley estava impossível em 1956, o ano em que virou astro. Seu primeiro LP começava com uma versão estrondosa de um hino roqueiro gravado pelo autor Carl Perkins poucos meses antes. Com Elvis, Blue Suede Shoes ficou muito mais dançante e veloz. Logo depois, ele revirou um blues cadenciado da cantora Big Mama Thornton. A violência dos repiques de bateria e os solos ferozes de guitarra reforçam o vocal invocado do Rei do Rock.
Onde estão as covers: Elvis Presley e Elv1s: 30 #1 Hits
7 I Love Rock & Roll
Cover: Joan Jett & the Blackhearts (1981)
Original: Arrows (1975)
Joan Jett, que esteve recentemente no Brasil tocando no festival Lollapalooza, ainda procurava rumo depois de sua saída da banda de garotas adolescentes Runaways quando refez uma música obscura da banda pop inglesa Arrows. Com a batida pesada e vocal de bad girl, Jett conseguiu o maior hit de sua vida. E atingiu o status de um dos maiores símbolos – e, talvez, até o maior – do rock feito por mulheres.
Onde está a cover: I Love Rock & Roll
6 Police on My Back
Cover: The Clash (1980)
Original: The Equals (1967)
5 I Fought the Law
Cover: The Clash (1979)
Original: The Crickets (1960)
A versão original de Police on My Back era de uma banda de jamaicanos radicados na Inglaterra (o cantor era Eddy Grant, que faria sucesso nos anos 1980 com I Don’t Wanna Dance) e tinha uma batida meio quadrada, marcial, arrastada. A regravação dos pioneiros punks do The Clash já começa incendiária com uma guitarra que imita sirene de polícia e sai em disparada. Em apenas três segundos, qualquer um percebe que The Equals errou no arranjo. Uma “intervenção” semelhante acontece em I Fought the Law. Com suas guitarras, um pequeno solo de bateria e o vocal raivoso de Joe Strummer, The Clash deixou muito mais pesada a música gravada por The Crickets e, também nos anos 1960, por The Bobby Fuller Four.
Onde estão as covers: Sandinista! e The Essential Clash
4 All Along the Watchtower
Cover: Jimi Hendrix (1968)
Original: Bob Dylan (1967)
O próprio autor da música reconheceu que a versão de Jimi Hendrix ficou muito melhor que a dele, baseada em um violão rudimentar, lançada poucos meses antes. Em seus shows, Dylan até passou a adotar um arranjo elétrico mais parecido com o de Hendrix ao cantarAll Along the Watchtower. Na colagem de guitarras que fez, Jimi Hendrix usa seus solos com vários métodos de tocar as cordas aliados aos pedais de efeito para enaltecer a mensagem quase apocalíptica da letra.
Onde está a cover: Electric Ladyland
3 Respect
Cover: Aretha Franklin (1967)
Original: Otis Redding (1965)
O que um mestre da soul music compôs, a rainha do gênero aperfeiçoou. O próprio Otis Redding disse, como elogio, que Aretha tinha roubado a canção dele. De tão boa sua cover, a música passou a ser mais dela que dele. Com Aretha Franklin e seu vozeirão carregado de alma, Respect é mais dançante e virou um hino feminista. Ela também criou a marca registrada da música: o trecho em que soletra “R-E-S-P-E-C-T” não existia no original. Outro acréscimo é o solo de saxofone do histórico músico King Curtis.
Onde está a cover: I Never Loved a Man the Way I Love You
A mais votadas
Abaixo estão as duas músicas mais citadas pelos jurados convidados pela VIP. Dessa forma, podemos dizer que são as campeãs da enquete
2 Surfin’ Bird
Cover: The Ramones (1977)
Original: The Trashmen (1964)
Um rock de garagem tosco, com vocais trogloditas e letra quase retardada, é deixado mais acelerado e redondinho (embora muito longe de ficar domesticado e inofensivo) por uma das bandas pioneiras do punk rock dos anos 1970. Nos vocais, Joey Ramone tem o desempenho mais alucinado de sua existência.
Onde está a cover: Rocket to Russia
1 With A Little Help From My Friends
Cover: Joe Cocker (1969)
Original: The Beatles (1967)
É possível fazer alguma música dos Beatles melhor que os próprios? O inglês Joe Cocker provou que sim com sua versão da canção que foi cantada por Ringo Starr no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. O resultado é definido por uma frase que, por coincidência, foi dita por dois de nossos jurados: “Sorry, Ringo”. Cocker canta com total entrega num arranjo meio soul, meio gospel. Na gravação de estúdio, é acompanhado por Jimmy Page, do Led Zeppelin, na guitarra. A versão ficou ainda mais famosa por ter entrado no documentário Woodstock, sobre o épico festival de 1969, em que Cocker faz air guitar enquanto canta cambaleante e aparentemente chapado. Outro fator nostálgico de peso: essa cover foi o tema de abertura do seriado Anos Incríveis, bastante popular nos anos 1990.
Onde está a cover: Em With a Little Help From My Friends ou na trilha sonora de Woodstock
Matéria publicada na Revista VIP de junho de 2012.
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