O diretor Justin Kurzel foi convidado para encabeçar a adaptação de uma obra famosa, e preocupado em dar ponto sem nó, convocou os atores Michael Fassbender e Marion Cotillard para estrelarem a produção, maximizando a chance de sucesso em “Macbeth: Ambição e Guerra”. Achou que eu estava falando de “Assassin’s Creed”? Ops! Foi mal. Vamos em frente… :p
Graças ao sucesso em “Macbeth”, Kurzel foi convidado para liderar uma nova adaptação, desta vez, o desafio seria uma versão live action do game Assassin’s Creed, lançado pela Ubisoft, que ao longo de dez anos, já conta com dezessete versões para as mais diversas plataformas e consoles.
Os games exploram períodos históricos como a Terceira Cruzada, o Renascimento, a Era Colonial e a Revolução Francesa, dentre outros, onde um assassino (jogador), conectado a um ancestral via Animus – interface que cruza passado e futuro –, tem o desafio de se infiltrar, assassinar e resgatar importantes artefatos perdidos.
Para dar vida a “Assassin’s Creed”, o diretor retomou a parceria com Michael Fassbender e Marion Cotillard – do trabalho anterior –, para os papeis principais, além de escalar Jeremy Irons.
Fassbender, que assinou também a produção de “Assassin’s Creed”, vive Callum Lynch, um desgarrado social que deverá se conectar a Aguilar – via Animus –, seu ancestral espanhol do século XV, assassino do credo, a fim de enfrentar a poderosa Ordem dos Templários, em busca de um poderoso artefato.
A escolha de Michael Fassbender é um ponto positivo, afinal, o cara tem talento ímpar. Já Cotillard e Irons, são talentosos, mas infelizmente foram mal aproveitados nos papeis de Sophia e Alan Rikkin, respectivamente filha e pai, doutores à frente do projeto Animus. Só queria saber de uma coisa, quem foi o responsável por dar o penteado do saudoso Zacarias à lindeza da Cotillard? Fica aqui o registro da minha indignação.
Ao traçar um paralelo entre filme e franquia, assumo que nunca joguei nenhuma das versões do game, mas a tão criticada falta de fidelidade em relação às origens, em minha opinião, é o que deixa a adaptação mais simpática. O roteiro escrito por Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage, tem suas vantagens e desvantagens, afinal, a convergência prega que diferentes mídias possam caminhar de forma independente. Bingo!
Posso dizer que o filme se divide em três partes, os dois terços iniciais são interessantíssimos, e pena que na última delas, justamente a do clímax, decepcione um pouco.
No tocante ao visual, a adaptação cinematográfica é majestosa. Daí você pode questionar: como pode comparar se assumiu que nunca jogou? Respondo: Antenado a todos os lançamentos, assisto trailers, tenho filho e sobrinhos gamers, sendo assim, tive várias oportunidades de observar os games criados pela Ubisoft. Sacou? #soudesses
A adaptação de “Assassin’s Creed” já abre com a ‘visão da águia’ – jogadores entenderão –, apresentando uma paisagem arrebatadora, aliás, todas as vezes que o pássaro aparecer prepare-se para a imersão em belíssimas cenas, utilizadas para as conexões no roteiro. Neste aspecto, o uso dos óculos 3D colabora, mas não espere efeitos pop-up (‘coisas’ saindo da tela), o grande barato está na simulação da profundidade, com elementos focados em primeiro plano e fundo desfocados.
Em relação às cenas de ação, poucas vezes testemunhamos um resultado tão bem acabado e empolgante, graças aos efeitos especiais sem exageros no C.G.I. (imagens geradas por computador), aliás, a construção do mundo virtual é outro ponto a se destacar. As lutas são de tirar o fôlego e o tal do ‘salto da fé’ de 38 metros – jogadores entenderão² – é incrível e crível. Ah, não posso deixar de elogiar a direção de arte e a edição. 😉
Como vocês perceberam, acho injusta a avalanche de críticas ruins direcionadas a “Assassin’s Creed”, primeiro, porque o histórico de adaptações do videogame para as telonas tem uma infinidade de exemplos ruins, onde apenas deixamos de execrar “Mortal Kombat” (1995), “Resident Evil – O Hóspede Maldito” (2002), “Terror em Silent Hill” (2006) e “Príncipe da Persia e as Areias do Tempo” (2010), dentre mais de 30 filmes produzidos, que envergonham profundamente fãs dos games e do cinema; segundo, por que esperamos demais do gênero da ação, quando são apenas realizados para entreter. Quer arte? Busque um dos milhares filmes iranianos que tem por aí e seja feliz.
“Assassin’s Creed” vai à rota acelerando, quase capota em alguns momentos, mas chega ao fim cumprindo o proposto ao seu destino, confiro-lhe uma nota 6.8.
Trailer
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